14.8.10

Kick Ass não é emo

Um garoto quer ser um super-herói. Compra uma roupa e se torna um. Ou pelo menos tenta.

O garoto: um nerd sem expectativas, que apanha na escola e não tem tato com meninas
O super-herói: nada muito diferente do garoto, só com uma roupa brega e uma coragem insana

Sabe, esse filme tinha tudo pra ser bom. Ele começa bom, com uma mensagem até bonitinha de que todos podem ser super-heróis e tal, mas aí estraga ao se render a temas apelativos e bobos. A única cena que realmente presta no filme é a que o personagem principal defende um cidadão de uma briga de gangues apenas com dois cacetetes nas mãos, alíás, essa é uma cena muito boa. E seria muito melhor para o filme se ele tivesse continuado nessa linha inocente na qual havia começado, mas no fim golpes exagerados, ação excessiva e cositas más estragam completamente a mensagem inicial do filme e o transaformam em outro. Muito bonito pra ele, que começa dizendo que eu ou você podemos ser super-heróis (mesmo que jamais cometamos essa babaquice), mas depois entra em contradição e tropeça nas prórpias palavras ao mostrar que isso não é possível. Enfim, cria a expectativa de que vai ser um filme diferente, mas se prova apenas mais um.
Outra coisa: ele é um filme muito macabro disfarçado de história em quadrinhos. Uma garota que mal aprendeu a ler comete chacinas ao som de musiquinhas ao estilo Scissor Sisters e com a frieza de uma profissional. Muita tortura e violência grátis e mais bum! e mais bam! e chega. Me cansei de filmes indefinidos.
Mais uma coisa: os nomes dos super-heróis têm significados demais pra não terem sido traduzidos. Engana-se quem aprendeu em qualquer escolinha de inglês barata que nome próprio não se traduz. Nomes próprios refletem culturas, logo é preciso ter cuidado ao traduzi-los, mas quando o seu significado é importante no contexto da obra sua tradução é necessária. Lembro que uma vez discuti feiamente com um cara que já esqueci o nome. Ele é dono de um site que aponta as falhas nossas de filmes. E ele tinha apontado como um erro a tradução do nome James para Tiago. Pobre tolinho, e um dos seus argumentos pra tentar dizer que estava certo foi: "já fui no Programa do Jô". Ah, francamente, em vez de ficar indo em programas decadentes ele devia se informar mais. Pelo amor de Deus, se você traduzir James no Google vai aparecer Tiago. Mas enfim, os nomes dos super-heróis mereciam traduções, mesmo que o filme tenha uma temática mais adulta que infantil. Agora vamos mudar de assunto.

Na foto: Eu não estava brincando quando disse no Twitter que ia virar emo. Foi mal pela montagem tosca, mas estou com muita vergonha de mim mesmo pra mostrar minha face nessa situação comprometedora. É a vida.

1.8.10

Ah, vida real. Como é que eu troco de canal?

Pode ser meio contraditório pra mim falar de TV, uma vez que ultimamente eu a tenho visto cada vez menos. Na verdade nas férias eu vejo bem mais, mas em média 5h semanais se muito. Mais na verdade ainda eu tenho ocupado tempo demais com nada. Alguns chamam de vagabundagem, bem, eu prefiro ócio criativo ou vida contemplativa. Mas a questão é, a TV é uma arma poderosíssima, que por um lado pode formar cidadãos informados e conscientes, mas por outro, pessoas alienadas e anestesiadas. Eu estava há pouco vendo uma entrevista com a candidata Dilma na TV Brasil e ela trata do tema dizendo que é completamente contra qualquer forma de controle de conteúdo pelo governo (palmas!), e faz até uma brincadeira: o único controle em relação a isso é o controle remoto. Pois sim! Usemos nossas pistolas de infravermelho para escolher o que é melhor, ou menos pior, para nosso tempo livre. Abaixo, uma análise das grandes e das favoritas.

A Grandes

Globo: Os únicos programas bons da Globo são o Profissão Repórter, aliás, o melhor do gênero, e Altas Horas. Essa postura voltada pra si própria tira muito prestígio da emissora, e a tradição de fazer programas sempre para um público generalizado, mais ainda. Mas uma coisa é certa, se o cinema brasileiro tivesse a qualidade nas novelas da Globo, ele seria mais badalado que Hollywood. Há muito tempo mesmo não acompanho uma novela, mas sempre que passo e vejo assim de relance, me admiro com a fotografia e com tudo de uma forma geral. A Globo se tornou a maior especialista do mundo no gênero. Tudo bem que novela não faz o meu gênero, mas esse sucesso é culturalmente importante pro Brasil e, enfim, pro mundo. Porém peca em alguns núcleos, principalmente os cômicos que se tornam até toscos e idiotas. Gosto dos temas mais humanos e sensíveis, e pra mim Mulheres Apaixonadas foi a última a conseguir isso de uma forma mais plena.

Record: Uma tosqueira sem fim a postura da Record em tentar imitar a Globo. É claramente perceptível a vontade da liderança, e pra isso, os métodos utilizados. Se quiser superar, faça igual mas faça melhor? Prefiro seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo, como já dizia o pensador. A Record se tornou uma mini-Globo piorada. Dos bons programas os internacionais Ídolos e O Aprendiz se destacam, a teledramaturgia pode melhorar, e uma dica: ninguém aguenta mais Pica-pau.

SBT: O pior do SBT é a instabilidade dos horários. Um mesmo programa muda de horário praticamente toda semana! Perde pontos também na qualidade deles. Em vez de sustentar o slogan "a TV mais feliz do Brasil", o SBT deveria trabalhar pra se tornar um canal mais sério. Chega do monopólio de Sílvio Santos, caras novas fazem bem.

Band: Os melhores programas da Band são os importados CQC, E24 e A Liga. Ou seja, se não fosse a Cuatro Cabezas a Band não mereceria grande destaque. Lembro dos bons tempos de Floribela e acho que a emissora deve continuar com programas ousados e inovadores, e sem medo de mudar.


As Favoritas

Futura: Há algum preconceito em relação ao Futura, por ser um canal educativo. Pois ele é um dos poucos que conseguem aliar entretenimento e informação. Programas como No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais (reflexões temáticas, informações e depoimentos de especialistas acerca do audiovisual, sempre com bom humor), Afinando a Língua (música, língua portuguesa e literatura com Tony Belloto), Passagem Para... (viagens pelo mundo, tratando sempre de um aspecto do país visitado em especial) e Tempos de Escola (entrevistas com celebridades sobre a época de estudante) são um claro exemplo disso.

MTV Brasil: Gosto da forma como a MTV trata os jovens, não como retardados babões, como a maioria faz, mas como uma parte importante da população que deve ser ouvida. Gosto da interatividade, como os comentários ao vivo pelo Twitter e SMS, e a possibilidade de, por vezes, decidir o que vai ao ar. Mas falta democracia no canal e há muita hipocrisia, principalmente no VMB, o tão falado prêmio que não merece muito prestígio. Democracia pois, por que não passa sertanejo, reggae e axé na MTV? Porque tão pouco samba, tão pouca MPB? Hipocrisia pois, no ano passado o Natiruts pediu que sua indicação na categoria Reggae fosse retirada, “Todo ano você faz a maior correria, grava CDs, DVDs, ensaia shows, turnês, a MTV não se interessa em cobrir nenhum e aí no fim do ano aparece como grande referência e incentivadora do reggae nacional criando uma categoria no VMB. ‘Ohhhhh!!!! Regueiros agora sim vocês são importantes. Ohhhh!!!’. E a gente está longe de precisar disso”. Faço minhas as suas palavras. Outra dica: menos reprise e mais shows.

P.S.: Para os camaradas que pediram, eu estou mais presente no Twitter. Um abraço de @caioparanhos. E não fiquem só na internet, amigos, pratiquem esporte, sim?
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