20.4.11

A massificação e a desmistificação da mídia

A espetacularização da mídia é algo que me preocupa muito, mas não quero ser radical nesse aspecto. Querendo ou não, é uma realidade inevitável numa sociedade de consumo. É assim desde o surgimento da imprensa (é claro que não como hoje) lá nos confins do início da Europa moderna. Quem escreve quer ser lido, e quem lê quer ler algo que lhe interesse, formando um ciclo e uma indústria enorme por trás disso. Eu estudo comunicação e isso me deixa num impasse terrível. Por um lado a grande mídia está totalmente imersa na sociedade do espetáculo, descrita por Guy Debord e pela escola frankfurtinana, e cria um novo gênero que é a notícia-mercadoria. Esse é um dos fatores pelo qual eu jamais me interessei pelo telejornalismo, onde o sensacionalismo manifesta-se na sua potência plena.
Agora por outro lado, a mídia alternativa é alternativa demais, e uma vez que seus meios vangloriam-se por isso, tornam-se pedantes. As reportagens da revista Piauí por exemplo (créditos: Paulo B.) são verdadeiras aulas de história; enormes e às vezes me dão a sensação de que não chegam a lugar nenhum. Não digo que são ruins, pelo contrário, são extremamente ricas, mas ao falar sobre a inflação ela prefere fazer um panorama do contexto da criação do Banco Central do que discutir o volume de importações. Esse é o verdadeiro X da questão do jornalismo. O jornalista escreve sobre o que aconteceu hoje, ao contrário de um historiador, que tem à sua disposição anos de maturação de fatos e fatores.
Eu sei que é precipitação da minha parte julgar toda uma esfera midiática a partir de apenas uma publicação (e há coisas mais alternativas que a Piauí sem dúvida), mas aí chegamos a outro X de outra questão: a mídia alternativa é pouco conhecida (e não é por isso que é alternativa?) e o pior de tudo, não exerce impacto nenhum na sociedade. Tente inverter os papéis, se o jornalismo de contracultura (que ganharia outro nome evidentemente) fosse a grande onda da vez, seria cult ser massificado?
A dominação e a manipulação da mídia não é algo exatamente claro. A revista Veja que tem tendências fortemente direitistas, já foi censurada durante a ditadura e já foi pega por mim criticando a política ocidental de petróleo no oriente. E eu ainda tenho esperanças de ficar sabendo que o Jornal Nacional terminou com uma notícia triste ou qualquer coisa mais perturbadora do que as bobagens que eles passam para amaciar os noveleiros.
É esse o meu impasse; eu não sou azul nem vermelho, sou roxo. Eu nasci para as mídias, mas as mídias não nasceram para mim. O feriado me chama. Beijo, me tuíta, fui.

P.S.: A imprensa alternativa ainda é mais interessante que a convencional, principalmente quando o assunto é cultura.

9.4.11

O papa é meu bro.

-- Você gosta da Turma da Mônica?
-- Hã? Dominar o mundo? Adoro.
Pink e o Cérebro feelings manifestando surdez matutina orgulhosamente apresenta:

Six Degrees, a teoria mais útil da sua vida

Um certo amigo meu narigudo aí, num belo dia de equinócio, presenteou os meus sofridos ouvidos com uma estranha teoria chamada Six Degrees, em inglês, seis graus numa escala fictícia que mede a nossa proximidade com a de qualquer pessoa na Terra. Ela diz o seguinte: Você está no máximo a seis pessoas de distância de qualquer outra pessoa no mundo. Você conhece alguém, que conhece outro, que por sua vez conhece outro e a sua conexão está feita. Você está a seis pessoas do papa, ou de Barack Obama, por exemplo. Na hora me pareceu curioso e tal, mas nem me passou pela cabeça estabelecer essas conexões, não conheço ninguém famoso mesmo. Depois de um tempaço uma colega minha disse despretensiosamente que sua mãe já tinha namorado o ex-governador Aécio Neves.
-- Puxa, você deve ser uma filha bastarda.
Depois de ainda mais tempo a minha lâmpada fluorescente de ideias acendeu. Bem, eu conheço a mãe da minha colega, ela conhece Aécio Neves, Aécio conhece Lula e Lula conhece o papa. Pimba! Conta aí, 1, 2, 3, estou a 3 pessoas do papa, nem gastei toda a minha cota de gente! Eu consigo chegar ao papa também por outro caminho. Aécio Neves já almoçou na casa da minha avó, infelizmente eu não estava lá, mas enfim, vovó, Aécio, Dilma e papa. A mesma coisa acontece com Obama e consequentemente com qualquer pessoa que ele conhecer. Também consigo me conectar com qualquer astro do Projac através da tia de uma outra colega que diz ser a manicure das estrelas. Óia que coisa. Depois de ver os caminhos de outros amigos descobri que Aecinho é nossa conexão com o mundo.
Agora bem, se essa teoria for realmente verdadeira ela deve funcionar pra qualquer pessoa do mundo. Eu necessariamente também devo estar a seis pessoas de uma professora primária do Camboja, por exemplo. O que, evidentemente, é mais difícil de constatar. Mas é isso aí, vocês desocupados da vida, aproveitem essa teoria útil pra cacete e descubram suas conexões, elas podem te servir de pistolão um dia. E se vocês já me conhecem, não se esqueçam, estão a 4 pessoas do papa!
Ele diz amém.

3.4.11

Diogo Mainardi diz

que não é jornalista. Evidentemente que não, percebe-se por seu senso crítico distorcido. Mas escreve humilhantemente bem e tem um dos estilos mais ímpares que eu conheço. Ponto positivo, publicações como jornais e revistas devem ser feitas com a colaboração de profissionais e especialistas diversos, algo que precisa ser resgatado na grande mídia.

Decepciono-me com ele ao vivo. Tem a voz fina.

P.S.: Criei um tumblr, nem sei direito o que é na verdade, mas estou tentando me inteirar mais nessas merdinhas sociais da internet. O nome? Rá, nem perguntem, parei de jogar Cityville. Clica aí.
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