18.11.12

Itaobim

Aquele lugar em que tudo deu errado, aquele lugar onde foi bem e mal tratado, aquele lugar onde tudo era bagunçado. Onde conheceu muita gente, onde fez o que queria fazer, e o que queria não ter feito. Onde foi cão, onde foi gato, onde andava a pé e sem sapato. Aquele lugar que tinha dois sóis, que tinha manga (mas não viu manga), que tinha seis opções de carne no cardápio. Aquele lugar onde brincou, cantou, dançou, se embebedou, conversou, filosofou, disse o nome de alguém três vezes, fez fogueira, andou no frio e no escuro, se estressou, esperou, amou, sorriu, dormiu no aconchego do melhor dos abraços. O lugar que tinha nome indígena (como tudo, como tudo...), que tinha sons. Aquele lugar que era dividido ao meio por um caminho onde passavam monstros com grandes corcundas que corriam muito rápido e tinham olhos de luz. O lugar onde tudo aconteceu, o lugar das expectativas no lugar das realizações. Aquele lugar que no fim choveu, chorando de saudade, do adeus que ninguém deu, sabendo que talvez, mais cedo ou quiçá mais tarde, esteja um dia de novo no horizonte, de sonho ou de verdade.
Aquele lugar que me fez escrever poesia em forma de prosa.
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