A vida anda bem, apesar de tudo. Às vezes quando acordo fico sem saber como vai ser o dia, se vou ficar só ou fazer algo legal, mas é bom porque sinto cada dia de uma forma única e especial e me sinto me aventurando como não me sentia já há algum tempo, me sinto vivo de novo, me sinto um viajante dentro de mim mesmo, porque estou conversando mais comigo e buscando mais tranquilidade. Durante toda a minha vida eu tentei ocultar meus problemas e afastá-los, até de mim mesmo. Agora estou começando a reconhecer e a ir atrás das respostas. Sinto uma coragem e força que já não sentia há algum tempo. Estou me sentindo muito especial, apesar que às vezes tem dias difíceis que fico incomodado ou deprimido, mas com uma vontade muito grande de seguir e descobrir o mundo. Ou os mundos. E me sinto aberto, como nunca antes, disposto e disponível, como nunca antes. Querendo aproveitar as coisas que aparecem, me respeitando e respeitando os outros. Perdendo o medo de me aproximar das pessoas e de ser sincero com elas. Conformando com as coisas que são assim mesmo, mudando as que dão, construindo novas coisas. Da melhor maneira que der. De fato, bem autoajuda, estilo Augusto Cury. Mas é de mim mesmo que tenho tirado esse otimismo pra seguir. Porque nem sempre é fácil seguir adiante, Ana, você sabe. Esse mundo, essa cidade, essas pessoas, tudo é muito cruel e às vezes as coisas parecem falsas e ilusórias. Mas vamos fazendo nosso caminho. E você?
12.9.14
8.9.14
Achados #1
Encontrei esse escrito num caderno que não abria há três anos. Já não lembrava que tinha escrito, e nem sei definir bem a situação e o momento da minha vida em que escrevi. Eu devia ter 18 ou 19 anos. Não tem tanto tempo assim, mas nessa fase da vida a gente vive tanta coisa e amadurece tanto que parece que passou no mínimo uma década. Foi bom pra me reencontrar com a escrita, há tempos tenho deixado esse lado meu de lado. É bom retornar.
...
Logo que viu quis, desejou, buscou, teve. Depois de usar não cansou. Abusou, lambuzou, continuou tendo. Dizer ter não é certo porque não tinha. Pensava que tinha. Alegria era ter. Mesmo que fosse ilusão, ou apenas sensação. Tempo tem realmente, mas queria mais. Assim queria o que pensava que tinha, não queria o que tinha e essas coisas não eram segredos. Linha pra costurar o ter com o ter. Mas não tinha linha, usava cola, que derretia no sol e descolava sem perceber. Era triste, mas não sabia. Um dia soube. Teve medo. Medo de perder, mas nunca teve. Ainda assim perdeu. A palavra medo dizia pouco, mas, sim, sabia que isso já sentia. Afinal o que está descolado pode estar junto, mas junto não fica. Pedra em cima de pedra. Passagem, que passa, passou. Sem casa, sem asa, sem cada cara de alegria que estampou. Sem rima, sem vida, com dor, sem amor. Nunca teve, pensou que teve, pensou, sorriu, chorou. Ver nada confortava, ouvir nada apaziguava, nem o silêncio calmava. Cansou de quietar, se inquietou. Não era nada no fim das contas. Demorou, mas abalou. Não foi fácil, mas nada é. O tempo tinha, lembrou. A ostra é digerida viva. Não deixou seus nutrientes serem absorvidos pela tristeza. Quase se afogou, mas a praia estava perto. Adormeceu o corpo de tanto quedar, então levantou. Uma dança pra circular o sangue, uma dança pra circular a alma, formigar o corpo de vida, não atrofiar o coração. As mãos podiam de novo tocar, sentir, manipular, aquilo que gostava tanto de fazer: manipular os objetos, as pessoas, o mundo. Você gosta de Turma da Mônica? Dominar o mundo? Eu gosto. Nunca tivera tão boa audição. Era esse o seu hambúrguer numa vara de pescar sobre sua cabeça na hora da comida. Manipular a matéria e a antimatéria, o que vem e o que vai, o tempo e o vento. Outra vez no reino do ter, ou pensar que tem. Além de tudo isso, agora logo que viram quiseram, desejaram, buscaram, tiveram. Ou pensavam que tinham. Agora sim, em outro lugar, realmente tinha.
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