Como é bom ter alguém pra nos desmascarar, né? Porque se dependesse de nós, era autoenganação pura. Mesmo que já não tivesse mais nada ali, mais nada pelo que valesse a pena lutar, mais nada pra preservar; ainda tinha uma vontade de continuar com algo, guardar um resto, não perder tudo. A que serviria? Seria pra fazer o quê depois?
Mas ainda bem que tem alguém que nos ajuda a perceber essas artimanhas, essas peças que pregamos em nós mesmos. Quanta angústia ainda seria necessária pra eu olhar pra dentro, pra eu sacar, senão o meu desejo, pelo menos o que eu queria? Quantos sintomas mais eu ia sentir no corpo, e ainda continuar sentindo mesmo depois, até perceber, até tomar e sustentar uma decisão, até dar a isto um nome?
Pôr um fim à repetição. Fazer algo novo. Errar diferente. Talvez fazer isso seja uma das coisas mais difíceis do mundo. Não calar, não sofrer em silêncio. Perceber as tentativas de fazer de algo o que não é. Sabe por que é o mais difícil? Porque não fica nada no lugar. Não é que o buraco seja mais embaixo, ele está também acima, ao lado, está em toda parte. Ele toma conta.
O mais difícil é olhar pra ele e ir atrás de outra coisa. Não de tampa.
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