Coming Home

Hoje aconteceu algo interessante comigo. Não sei se interessante seria a palavra certa, mas foi algo que me fez pensar. Eu estava na minha casa, precisando estudar pra Química, mas sem a menor vontade. Então fui para uma praça aqui perto da minha casa, e no caminho comecei a pensar na música Coming Home do Alter Bridge, e não consegui tirá-la da cabeça. Sentei numa mesinha e continuei sem a mínima vontade de estudar. Mas tive uma idéia e comecei a escrever no meu "diário". Foi quando uma garotinha se aproximou de mim. Ela era bem humilde, mas isso não significava nada para ela. Ela se aproximou sem a menor cerimônia e começou a me olhar escrever. Ela balbuciou alguma coisa como "escrevendo" e se sentou na mesma mesinha. Olhei para ela e sorri. Ela retribuiu, e eu perguntei se queria um papel. Ela parecia não saber falar direito, e dei a folha e um lápis-de-cor azul. Ela começou a rabiscar algumas coisas e um garotinho que devia ser seu irmão se aproximou também. Dei-lhe um papel e ele escreveu vários ás. Eu via o fascínio nos olhos daquelas crianças, diante de algo novo. Depois de alguns riscos chegaram dois garotos da mesma idade num velocípede. Rapidamente eles ignoraram os papéis e se juntaram aos meninos de velocípede. Depois de um tempo estavam todos brincando como se já se conhecessem há anos. Eu fiquei observando aquilo. Quatro crianças, dois favelados e dois ricos, brincando como se não houvesse nada melhor no mundo, como se não houvessem diferenças entre eles. Mas para eles não há mesmo. Um dia esses garotos vão crescer e vão fazer parte do mundo real, onde há pobres e ricos, e onde se divertir assim sem se preocupar com nada é algo que só cabe às criaturas mais inocentes do mundo.

"Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino"

Fernando Sabino

P.S.: Por que a flor? Quando eu estava voltando pra casa achei uma parecida. E resolvi usar como ilustração da postagem. Só isso.