A minha amiga Sara se mudou para Belo Horizonte e veio me visitar no último feriado contando suas histórias. Pelo que ela disse, é perceptível a total ignorância de alguns, ou talvez da maioria, senão todos, a respeito de outras culturas, modos de vida e sotaques. Os novos colegas dela têm uma visão muito estereotipada sobre a minha cidade.
Somos mineiros, mas nossa cidade fica perto da Bahia, por isso eu diria que nosso sotaque tem elementos dos dois estados. Sara, feliz que é, sempre usa regionalismos para fazer exclamações, algo bem comum. Em algum momento eis que sai um Ó p'cê vê!. Todas as cabeças se viraram para ela e de repente só se podia ouvir o silêncio cricrilante.
-- Minha filha, você é uma mineira querendo ser baiana, ou uma baiana querendo ser mineira?
Naturalmente curiosa, uma nova amiga pergunta:
-- Sara, o que seu pai faz?
-- Ele é pecuarista.
No dia seguinte a nova amiga chega:
-- Sara, sonhei com seu pai! Ele estava com um chapelão de couro, uma camisa xadrez, uma calça jeans velha suja de bosta, uma fivela super-gigante...
-- Uai, eu disse que era pecuarista, e não peão de rodeio.
Mas é assim mesmo. Uma outra curiosa perguntou:
-- De onde você é?
-- Almenara.
-- Onde fica?
-- No vale do Jequitinhonha.
-- Oh, meu Deus! Senta aqui, você quer um pão?
Geralmente as pessoas pensam que passamos fome só porque vivemos numa região um pouco árida. Mas talvez esse tipo de visão não seja culpa deles. Quando a mídia fala do nordeste mineiro (isso quando fala, ou seja, raramente) só aparecem sertanejos sofrendo. É como mencionar a África do Sul e só falar do Apartheid. Nosso sotaque é único, nossa cultura é única e nosso modo de vida também. Mas há diversidades, como em qualquer outro lugar. A questão é saber dosar de forma que sua visão não fique deturpada com essas coisas que podemos chamar de preconceitos.
E Sara continua feliz com sua vida de belo-horizontina, um povinho civilizado, os primeiros brasileiros a proibirem os supermercados de distrubuírem sacolas plásticas convencionais, mas chamar o colega de sô, eu deixo pra eles.
Somos mineiros, mas nossa cidade fica perto da Bahia, por isso eu diria que nosso sotaque tem elementos dos dois estados. Sara, feliz que é, sempre usa regionalismos para fazer exclamações, algo bem comum. Em algum momento eis que sai um Ó p'cê vê!. Todas as cabeças se viraram para ela e de repente só se podia ouvir o silêncio cricrilante.
-- Minha filha, você é uma mineira querendo ser baiana, ou uma baiana querendo ser mineira?
Naturalmente curiosa, uma nova amiga pergunta:
-- Sara, o que seu pai faz?
-- Ele é pecuarista.
No dia seguinte a nova amiga chega:
-- Sara, sonhei com seu pai! Ele estava com um chapelão de couro, uma camisa xadrez, uma calça jeans velha suja de bosta, uma fivela super-gigante...
-- Uai, eu disse que era pecuarista, e não peão de rodeio.
Mas é assim mesmo. Uma outra curiosa perguntou:
-- De onde você é?
-- Almenara.
-- Onde fica?
-- No vale do Jequitinhonha.
-- Oh, meu Deus! Senta aqui, você quer um pão?
Geralmente as pessoas pensam que passamos fome só porque vivemos numa região um pouco árida. Mas talvez esse tipo de visão não seja culpa deles. Quando a mídia fala do nordeste mineiro (isso quando fala, ou seja, raramente) só aparecem sertanejos sofrendo. É como mencionar a África do Sul e só falar do Apartheid. Nosso sotaque é único, nossa cultura é única e nosso modo de vida também. Mas há diversidades, como em qualquer outro lugar. A questão é saber dosar de forma que sua visão não fique deturpada com essas coisas que podemos chamar de preconceitos.
E Sara continua feliz com sua vida de belo-horizontina, um povinho civilizado, os primeiros brasileiros a proibirem os supermercados de distrubuírem sacolas plásticas convencionais, mas chamar o colega de sô, eu deixo pra eles.