19.4.09

Sara e os sotaques

A minha amiga Sara se mudou para Belo Horizonte e veio me visitar no último feriado contando suas histórias. Pelo que ela disse, é perceptível a total ignorância de alguns, ou talvez da maioria, senão todos, a respeito de outras culturas, modos de vida e sotaques. Os novos colegas dela têm uma visão muito estereotipada sobre a minha cidade.
Somos mineiros, mas nossa cidade fica perto da Bahia, por isso eu diria que nosso sotaque tem elementos dos dois estados. Sara, feliz que é, sempre usa regionalismos para fazer exclamações, algo bem comum. Em algum momento eis que sai um Ó p'cê vê!. Todas as cabeças se viraram para ela e de repente só se podia ouvir o silêncio cricrilante.
-- Minha filha, você é uma mineira querendo ser baiana, ou uma baiana querendo ser mineira?
Naturalmente curiosa, uma nova amiga pergunta:
-- Sara, o que seu pai faz?
-- Ele é pecuarista.
No dia seguinte a nova amiga chega:
-- Sara, sonhei com seu pai! Ele estava com um chapelão de couro, uma camisa xadrez, uma calça jeans velha suja de bosta, uma fivela super-gigante...
-- Uai, eu disse que era pecuarista, e não peão de rodeio.
Mas é assim mesmo. Uma outra curiosa perguntou:
-- De onde você é?
-- Almenara.
-- Onde fica?
-- No vale do Jequitinhonha.
-- Oh, meu Deus! Senta aqui, você quer um pão?
Geralmente as pessoas pensam que passamos fome só porque vivemos numa região um pouco árida. Mas talvez esse tipo de visão não seja culpa deles. Quando a mídia fala do nordeste mineiro (isso quando fala, ou seja, raramente) só aparecem sertanejos sofrendo. É como mencionar a África do Sul e só falar do Apartheid. Nosso sotaque é único, nossa cultura é única e nosso modo de vida também. Mas há diversidades, como em qualquer outro lugar. A questão é saber dosar de forma que sua visão não fique deturpada com essas coisas que podemos chamar de preconceitos.
E Sara continua feliz com sua vida de belo-horizontina, um povinho civilizado, os primeiros brasileiros a proibirem os supermercados de distrubuírem sacolas plásticas convencionais, mas chamar o colega de sô, eu deixo pra eles.

12.4.09

A política mais bonita do mundo

O jornal espanhol 20 minutos está fazendo em seu site a eleição da política mais bonita do mundo. Entre as concorrentes está a brasileira Manuela D'Ávila, deputada pelo Rio Grande do Sul, que ocupa o quinto lugar. Além dela e de muitas políticas bonitas e anônimas, figuras conhecidas disputam como Hillary Clinton, Cristina Kirchner e Sarah Palin. A brasileira está caindo. Do terceiro lugar que ocupava há pouco foi para o quinto, então entrem e votem clicando aqui.
Na foto, Yuri Fujikawa, a japonesa que está vencendo.

9.4.09

Jovens Cabeçudos

Recebi dois selinhos da querida Emilie. Esse primeiro, bem básico e que eu vou guardar só pra mim.




E esse segundo que achei bem bacana



Proposta do manifesto: Mostrar que aquela história de que a juventude está perdida é uma generalização tola e sem sentido. Como a autora da proposta explicou: "Existem SIM muitos jovens que pensam e tem seus ideais, que debatem, e que querem mudar o mundo. Mas querer não é o suficiente. Com o blog, conheci jovens brilhantes que estão perdidos por esse grande Brasil. Vamos nos unir e mostrar que nem tudo está perdido! Nós podemos fazer a diferença sim!"

Agradeço muito à querida Emilie por me considerar um jovem pensante. Agora eu preciso repassar o selo para mais jovens que pensam. Meu critério de escolha foi a idade, é claro. Eu não queria escolher nenhum jovem com mais de 18, afinal com essa idade você já é um adulto legalmente e já pode fazer muitas coisas, que nós, os menores, ansiamos por fazer. Além de você já ter um cérebro mais desenvolvido e ter mais capacidade pra pensar. Então, considerando tudo isso, só me resta indicar meu velho amigo Humberto, do Balbúrdia na Internet, que não é muito assíduo em suas postagens, mas é extremamente pensante em cada uma delas.
E façamos a diferença!

8.4.09

Pranto seco

Chorar pode ser banal para alguns, mas para mim não é. Chorar de emoção, eu digo, pois quando estou com crise alérgica meus olhos lacrimejam muito. Já deve ter uns quatro anos que eu não choro de verdade. Não, eu não sou durão, é que eu não consigo mesmo, por mais triste que eu esteja. Como minhas lágrimas não vêm, mas eu fico triste, costumo dizer que tenho um pranto seco. É bem ruim não poder chorar, mas sinto que estou contornando esse problema. Chop Suey do System of a Down, Vermillion part 2 do Slipknot e o clipe Save you do Simple Plan, me comoveram e eu senti algumas lágrimas se formarem, só não rolaram, mas foi quase!
Logo eu que não choro, estou parecendo meu amigo emo RickynhuU, que deságua ouvindo música. Mas o meu sistema anti-choro não me incomoda tanto. Tem seus pontos positivos, como nunca borrar a maquiagem ;D. Brincadeira, mas é assim, com bom humor, que encaro isso. Ah, sim, e tento criar também uma das minhas frases profundas para a situação. Acho que inconscientemente aprendi a sofrer em silêncio, e é em silêncio que continuarei a sofrer, até que possa fazer barulho.
Abraços para todos vocês e chorem, chorem muito. Se puderem.

4.4.09

Vagas abertas para o preconceito

Nas últimas duas semanas estive ocupado com a temporada de provas, com alguns trabalhos da escola e com a preguiça também. Aproveitar a agenda cheia pra deixar de fazer certas coisas é clássico, mas senti saudade disso aqui.
Eu soube de uma coisa que me deixou puto. Tramita por aí uma lei que obriga as universidades federais a destinar 50% de suas vagas para alunos de escolas públicas. Depois das cotas raciais vêm agora as cotas sociais. O que querem com isso? Criar a ilusão de que tudo corre bem? Se estudantes de escolas públicas não entram na universidade hoje, o que tem que mudar não é o vestibular, mas sim o ensino básico, as escolas do Brasil. Se os alunos só conseguirem passar com a ajuda das cotas, profissionais incapacitados serão formados, e o que já era ruim vai piorar. Essa lei é, e muito, preconceituosa também. Preconceito contra os alunos das escolas privadas, afinal são todos uns milionários mesmo e podem facinho pagar uma ótima universidade particular se não conseguirem competir com as cotas, não é? São leis como essa, que desvalorizam o talento e a capacidade, independentemente da classe social, que nos desanimam a acreditar que a educação no Brasil pode e vai, algum dia, melhorar.
Page copy protected against web site content infringement by Copyscape