6.3.10

O vencedor está só


Bobo, essa é a melhor palavra para caracterizar o último livro de Paulo Coelho. São 400 páginas da mais pura tolice, cuja conclusão da leitura é uma grande vitória. Não por sua dificuldade, que aliás não existe. É uma leitura bem fluente e muito fácil, fácil demais.
São 24 longas horas durante o festival de cinema de Cannes. Um retrato distorcido, que beira a teoria da conspiração, da vida das pessoas famosas e poderosas (ou da Superclasse, como diz o autor), e também dos que dão tudo para fazer parte desse mundo. Uma crítica ao culto à imagem, à idolatria e a tudo o que há de vazio na vidinha de aparências daqueles que atingiram a fama. O que seria uma crítica levemente interessante (apesar de ser clichê), se não fosse pelo fato de ser perceptível em cada um dos capítulos, de uma forma absurdamente repetitiva.
Paulo Coelho se esquece de que ele também faz parte da "Superclasse", mas talvez ele se julgue imune a todo esse mal que acomete esse tipo de gente. Ele passou sua juventude inteira almejando o status de best-seller, como personagens de seu livro que são capazes de vender um rim para se tornarem modelos. Ele usou pessoas, fez promessas, se envolveu com deuses e diabos, tudo para ser um dia um escritor bem sucedido. Hoje Paulo Coelho é endeusado, principalmente no exterior, mas talvez ele seja o escritor brasileiro mais odiado pela crítica nacional.
Nesse livro um assassino estúpido mata por razões mais estúpidas ainda, pra no final acabar sendo tudo em vão. Atitudes falsas e artificiais movem os personagens. Mudanças de foco desconexas, numa sequência cronológica confusa e difícil de engolir. Enfim, um romance risível.
Há tanta literatura nesse livro de Paulo Coelho quanto num pôster do Simple Plan que eu tenho na minha parede. Mas talvez o pôster seja mais literário. Na camiseta do guitarrista Sébastien Lefebvre há a frase I'm someone else ( Eu não sou eu). Um esboço de um bom poema paradoxal.
Entre o aforismo dos roqueiros e romance massificado de Coelho não é difícil optar por um. Não mesmo.

3 comentários:

  1. Você poderia ser crítico literário...
    Simple Plan \o/

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  2. Gostei muito (muito mesmo!) da sua resenha.

    Eu li alguns livros do Paulo Coelho ainda na adolescência, mas confesso que depois de uns 3 ou 4 cansei dele e nunca mais tive vontade de revisitar sua obra. Mas também não sou daqueles xiitas que o apedrejam só por ser quem é.

    Quem sabe um dia ele lança algo que me desperte a vontade de ler...

    Grande abraço.

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  3. Meu caro, o James indicou o seu blog. Fiquei feliz com a qualidade dos textos que li. Vou passear bastante por seu blog. Veja algum texto meu em www.primeiroesboco.blogspot.com. Forte abraço. Rudinei Borges (São Paulo)

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