30.3.11

Longe de casa, arma de caça

Como vão vocês, meus caros? Eu vou bem, obrigado, e sinto por ter estado distante nas últimas duas semanas (nossa, foi tanta mudança que parece que passou muito mais). É que eu mudei de cidade, tô fazendo Comunicação Social na UFMG e tive que vir pra BH. É muito difícil se despedir da família e da sua vida pacata pra cair só e desamparado noutro canto. Mentira, é drama meu, Belo Horizonte é uma roça bem grande, a única diferença é que você não vê vacas, mas tem muitos outros bichos, peruas, veados, gatos e gatas, e nem precisa ir muito longe para encontrá-los. Aqui na Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, onde funciona o meu curso) você vê todos esses e mais. Minha vida nem tá bagunçada, pra vocês terem uma ideia, até ontem eu não tinha guarda roupa, abri hoje minha conta no banco e (putz) ainda não tenho internet em casa. Por isso estou usando a WFafich, internet wireless de 500kb/s de graça, no meu note. Caralho, as bibliotecas daqui são orgásmicas, são 26, todas demais, se tiverem interesse, pesquisem o acervo online. Esse foi um dos motivos de eu ter preferido aqui à UFJF e seus pontos turísticos como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, sabe, essas coisinhas que são o orgulho de Juiz de Fora.
O curso de Comunicação tem a mesma base pra quem vai se habilitar em Publicidade, Jornalismo e Relações Públicas, então eu tô tendo aula de design e coisas mais voltadas pro lado da publicidade, enquanto eles estão vendo coisas mais voltadas pro jornalismo, enfim, é bem legal, qualquer dia desses eu posto as merdas que faço nessa aula, que é essencialmente prática. Mas no fundo é tudo muito interligado, esse negócio de mídia e meios de comunicação, um profissional não existe sem o outro.
Pretendo também falar alguma coisa sobre a a preparação de BH pra copa, e a recente notícia de que ela seria a sede mais adiantada (então nem quero imaginar como estão as outras). Esse tipo de coisa serve pra ilustrar o papel manipulável da mídia e o investimento de governos em propaganda. O corte da UFMG foi de R$ 9 milhões segundo fontes leigas, preciso averiguar melhor essa informação, mas quanto será que foi cortado na verba de propaganda?
Enfim, são muitas coisas. Estarei de volta a todo vapor em breve. Visitarei os amigos nas minhas próximas tardes vagas faficheiras. E, Jane Carmen, minha filha, vamo almoçar logo lá no bandejão antes que o preço suba.

P.S.: Um último apelo. A Fafich devia abrir o curso de bacharelado em tabacaria. Aqui eu fumo até maconha passivamente.

11.3.11

Carnaval de Metal

Bum bum paticumbum. A moda esse ano é top-less. ÊÊÊÊÊÊ, todo o mundo de peitinho de fora! Mas ninguém estava, só os homens travestidos, aliás. Que falta de classe! Quando me travesti (uma vez apenas) numa brincadeira na escola, tive todo o cuidado de me produzir like a diva. E esses homens ficam aí, todos descabelados, borrados, mais parecendo putas ou palhaços do que mulheres. Se não fosse o espírito da brincadeira seria uma falta de respeito. Mas homens travestidos ficam muito mais engraçados que mulheres, lembro uma vez que pra sair do lugar-comum, uma amiga pôs uma beringela na cueca, e outra se vestiu de executivo. Criatividade e empenho são os fatores que mais contam numa fantasia. Pra se destacar é o que vale.
Eu passei o carnaval conversando com um metaleiro depois de uma partida de sinuca, cujo convite foi "Bora jogar, porra". Achei melhor ir por motivos de segurança
-- Você também é trash?
Tive um belo devaneio nesse momento. Voltei ao passado, quando tinha 13 anos de idade e estava numa fase típica. Me achando mega revoltadinho, a coisa mais revoltante que eu fiz foi passar a odiar a minha professora de português. Que merda era isso. Ouvia Slipknot, Stone Sour, Korn e System of a Down. Quem diria que hoje eu fosse gostar de indie rock e samba.
-- Slipknot não é heavy metal.
-- E Marilyn Manson?
-- Marilyn Manson é veado.
-- Tá bom. Você tá aí com essa camiseta do Slayer, eu tenho uma camiseta do Fresno, que comprei pra uma brincadeira da escola, mas eu tenho vergonha de usar.
-- O que é Fresno, é bom?
Beleza, curtir um estilo só não é alienante.
-- É emo.
-- Ah...
Depois eu até ouvi algumas canções com ele, estava ajudando nas traduções. Os títulos eram coisas do tipo: Enemy of God, Pleasure to Kill, Hell Ways, e por aí vai. Esse é um assunto muito delicado, o de que os metaleiros são satanistas. Em janeiro, quando eu estava em Belo Horizonte fazendo as provas da segunda etapa da UFMG, conheci outro metaleiro que era ateu e dizia que o que há mesmo é muito preconceito contra eles, se ele era ateu, evidentemente não acreditava nem em Deus nem no diabo, e qualquer teísta era muito mais satânico que ele. Pode ser.
-- Você é ateu?
-- Po, velho, eu sou, sabe. Esse povo religioso fica perseguindo ilusão. A gente tem que fazer o que der na telha, porque a vida é só isso. Os muçulmanos acham a gente tudo doido e pecador mesmo.
É, o metaleiro de hoje tinha uma justificativa um pouco simplista pro assunto, diferente do outro, que era apaixonado por filosofia e tinha um pensamento mais embasado. Mas enfim, eles deixam de adorar Deus para venerar sua música. Porque metaleiro é fiel, rapaz.
-- A festa aí tá muito sem graça, eu não peguei ninguém. Eu fico sem querer chegar porque não gosto de tomar fora. Uma vez eu tava numa festa e pedi pra ficar com uma menina e ela disse "eu não fico com qualquer branquelo", porque ela era escura, mas era muito gata, aí eu gritei no ouvido dela "ENTÃO, FODA-SE!" e saí da festa com raiva.
Que delicadeza, tá explicado. Quase sugeri: bem, da próxima vez, vai com a sua camisa escrita Enemy Of God, e já chega na voadora. Depois puxa pelo cabelo, leva pra sua casa e mostra sua coleção de facas (sim, ele tem uma), e depois dá um tiro nela com a sua pistola de chumbinho, porque não mata, né, é só pra fazer cosquinha mesmo e deixar ela mais à vontade. Aí pronto, tá formado o clima.
Moral da história: os brutos também amam.

Não, as máscaras do Slipknot não são de carnaval

E Marilyn Manson não está fantasiado de Pierrô.

3.3.11

Lições de cinema, teatro e de vida

Sugiro que vejam o filme primeiro antes de ler o comentário, se não quiserem ter suas visões infectadas pela minha opinião. Seria bom também se pudessem ver em alta definição. Porque Paulo se orgulha ao máximo de ter "a câmera em que foi gravada o último episódio de House", e pra ver também que uma câmera fotógrafica profissional, quando bem usada, pode servir para algo além de apenas tirar fotos. E que cíume que ele tem disso. Quando estávamos filmando um videoclipe prum trabalho de Produção de Texto, era só nublar o tempo que ele já ficava todo sensibilizado. Sem mais delongas, bom curta. Se preferirem podem ler antes também, ou não ver o filme, ou nem ver nem ler, enfim, como quiserem. O meu leiaute está muito desatualizado e por falta de disposição e disponibilidade eu ainda não o renovei, enfim, a incorporação do vídeo não coube, então cliquem aqui pra vê-lo no YouTube



Eu posso ser muito suspeito por ser amigo do diretor, e por já ter trabalhado com ele e participado do seu crescimento. Mas esse filme é uma obra de arte. Ele pode parecer meio estranho e incomum, e realmente é. Ele é baseado livremente num poema, e seria possível ser mais fiel? O curta é exatamente isso, uma poesia, altamente subjetivo, com cenas em verso. E não são versos decassílabos ou qualquer outra coisa clássica, e sim contemporâneos, desprezando por exemplo o tempo cronológico e outros pormenores. Ele precisa ser interpretado e sentido. Um roteiro muito bom, fotografia quase impecável e trilha sonora adequada. Só notei um problema de verossimilhança, na cena em que a menina sai do banho e está seca demais. Quanto ao resto, pra mim, brilha. E outra, acho um efeito visual incrível mulheres bonitas fumando e sou fã de detalhismos, preciso falar mais?

E em 2011 A Cartomante completa 3 anos. Se já viu, veja de novo, se ainda não, eis a oportunidade de ver os primórdios de Paulo Henrique Paulino. Primórdios com ressalvas, porque já foi mais primórdio que isso. Obviamente quando eu vejo ele hoje, noto muitos problemas no meu roteiro adaptado, principalmente em relação à naturalidade dos diálogos. Mas como isso foi um trabalho de escola quando tínhamos 15 anos e Paulo, 17, não sei, acho que dá pra dar um desconto. O legal é que se você der uma pesquisada no You Tube, vai ver que o nosso filme é vídeo em destaque e vai encontrar alguns outros que foram claramente influenciados por ele, às vezes a coisa beira o plágio, mas dá um certo orgulho saber que somos referência no assunto. Na época a nossa professora de Literatura Brasileira e de Produção de Texto sempre nos deu muita liberdade e autonomia pra fazer os trabalhos e isso era muito bom. No ano seguinte eu tive minha primeira grande experiência no teatro amador, quando adaptei e dirigi uma peça baseada em outro conto de Machado de Assis. Eu escolhia os textos dele porque eram muito fáceis de adaptar, além de serem bons. E nossa autonomia era realmente literal, fizemos tudo sozinhos, como driblar a precariedade do anfiteatro da nossa escola por exemplo. Tivemos muita sorte. Agora que o ensino médio acabou e não vai ter mais trabalho de peça e filminho vou sentir muita saudade, porque nos divertíamos muito e aprendíamos além de tudo. A escola pra mim foi isso, a cultivação de experiência, conhecimento, e sobretudo carinho e muita amizade.

A CARTOMANTE from Paulo Henrique Paulino on Vimeo.

3º ano apresenta: A Igreja do Diabo, a redenção virá para todos

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