Karl Marx define a mais-valia como a diferença entre o que o trabalhador produz e o quanto ele trabalha. Por exemplo, um operário passa o dia inteiro fabricando um carro, porém apenas um período dessa jornada é revertido a ele em forma de salário, ou seja, ele trabalha não só para produzir o carro, mas também para sustentar o lucro de seu patrão, que vende esse carro a um preço mais alto do que ele vale e assim consegue obter margens altas de lucro.
A mais-valia ao longo dos séculos da história capitalista tem evoluído para manter-se a mesma em sua essência, com melhorias evidentes para os trabalhadores, mas com uma diferença: a mais-valia, provavelmente, muito maior do que antes. As empresas criam artifícios de se tornarem cada vez mais absolutas e poderosas.
O que se pretende discutir é: a forma de remunerar os trabalhadores pelo tempo trabalhado é a mais correta?
Recentemente algumas empresas têm implantado um sistema inovador na relação trabalhador/trabalho/patrão. Nesse sistema, ganha-se não pelo tempo trabalhado, mas sim pelo que é produzido. E o que se tem observado são resultados positivos. Melhora-se a autoestima da pessoa e, consequentemente, sua produtividade. Isso iria acabar com a clássica divisão do dia em fatias de 8 horas feitas para o trabalho, lazer e descanso.
Esse sistema não propõe a extinção da mais-valia, até porque nas mãos dos grandes oligopólios, encontraria-se uma maneira de explorá-lo da mesma forma. Mas um sistema como esse e possíveis evoluções dele levantam uma questão de fundamental importância para toda a humanidade: nossa relação com nossa principal atividade, o trabalho, e a forma como essa relação é mediada, seja por interesses financeiros, de obrigação, prazer, enfim. De qualquer forma, reflexões como essa deixam uma mensagem: existe gente atrás das máquinas, e os interesses de cada um valem para a construção de um coletivo saudável.