30.8.11

A mais-valia

Karl Marx define a mais-valia como a diferença entre o que o trabalhador produz e o quanto ele trabalha. Por exemplo, um operário passa o dia inteiro fabricando um carro, porém apenas um período dessa jornada é revertido a ele em forma de salário, ou seja, ele trabalha não só para produzir o carro, mas também para sustentar o lucro de seu patrão, que vende esse carro a um preço mais alto do que ele vale e assim consegue obter margens altas de lucro.
A mais-valia ao longo dos séculos da história capitalista tem evoluído para manter-se a mesma em sua essência, com melhorias evidentes para os trabalhadores, mas com uma diferença: a mais-valia, provavelmente, muito maior do que antes. As empresas criam artifícios de se tornarem cada vez mais absolutas e poderosas.
O que se pretende discutir é: a forma de remunerar os trabalhadores pelo tempo trabalhado é a mais correta?
Recentemente algumas empresas têm implantado um sistema inovador na relação trabalhador/trabalho/patrão. Nesse sistema, ganha-se não pelo tempo trabalhado, mas sim pelo que é produzido. E o que se tem observado são resultados positivos. Melhora-se a autoestima da pessoa e, consequentemente, sua produtividade. Isso iria acabar com a clássica divisão do dia em fatias de 8 horas feitas para o trabalho, lazer e descanso.
Esse sistema não propõe a extinção da mais-valia, até porque nas mãos dos grandes oligopólios, encontraria-se uma maneira de explorá-lo da mesma forma. Mas um sistema como esse e possíveis evoluções dele levantam uma questão de fundamental importância para toda a humanidade: nossa relação com nossa principal atividade, o trabalho, e a forma como essa relação é mediada, seja por interesses financeiros, de obrigação, prazer, enfim. De qualquer forma, reflexões como essa deixam uma mensagem: existe gente atrás das máquinas, e os interesses de cada um valem para a construção de um coletivo saudável.

26.8.11

O sexo pelo que ele é

Lucas Diniz é um estudante de Comunicação Social e fotógrafo que recentemente fez um ensaio explorando a temática do nu de uma forma mais sensual ou sexual, como ele prefere dizer. Ele acredita fortemente na relação que o nu na arte tem com os instintos mais selvagens e primordiais do homem. No bate papo que segue abaixo, ele mostra a sua visão sobre o tema e fala do seu trabalho com ele.

O Hodierno: Por que a maioria das fotos está em P&B e somente duas são coloridas? Eu notei que elas traduzem certa individualidade.
Lucas Diniz: Pois então... Eu tirei todas as fotos coloridas e depois fiz a edição para o P&B. A questão é que por se tratar de algo mais artístico (e em que mesmo nas fotos mais picantes eu tentei explorar essa questão da beleza estética, não sensual) eu quis enfatizar as formas dos corpos e os toques e a melhor forma que encontrei de enfatizar formas é colocando-as em P&B. Já que se fosse colorida, outros elementos chamariam mais atenção na foto que não as curvas e etc, porém, na hora de passar para o P&B, percebi que duas em particular expressavam mais do que simplesmente os formatos e que elas expressavam algo a mais... um sentimento, talvez. Nessas duas eu mantive a cor, só deixando mais acinzentado mesmo. Percebi que quando passei as duas fotos pra P&B, a qualidade ficou enfraquecida foi quando notei que as duas tinham algo a mais, além do nu e além do corpo em si.
OH: Por que esconder os olhos?
LD: Por 3 motivos: 1) eu queria mais impessoalidade nos modelos; 2) eles são (acredite!) muito bonitos e não quis que o rosto tirasse o foco do corpo; e o mais importante: 3) eles não queriam ser identificados, na verdade juntamos o útil ao agradável.
OH: (risos) Adoro sinceridade artística. O que você quis comunicar usando o nu no seu trabalho? Choque, transgressão, erotismo, quis ser apelativo de alguma forma?
LD: Na verdade, essa é uma questão meio polêmica. Algumas pessoas vieram me falar algo como "não achou que seu trabalho ficou muito apelativo pra algo artístico?" A minha intenção nunca foi fazer algo estritamente erótico e coisas sutis não estavam nos meus planos, o que eu queria mesmo era provocar ou adoração ou ódio, não queria que ficasse sendo "só mais um trabalho" e não é questão do erótico... Independente do tema pelo qual eu optasse, a minha intenção seria provocar algo mais forte no observador. Minha proposta era criar algo viril, o que pode ser explicitado pelas posições sexuais mais intensas e sem muito cuidado amoroso, eu queria fazer algo como "o sexo pelo que ele é", mas nesse intuito tive que acabar colocando umas fotos mais brandas como as duas coloridas e algumas da menina sozinha apesar de que acredito que mesmo algumas da menina sozinha façam alguma apelação nem que seja pela provocação do desejo.
OH: Na intenção de criar algo viril, você chegou a cogitar usar dois modelos masculinos?
LD: A minha intenção inicial era usar dois homens e duas mulheres e fazer fotos em grupo, em dupla e até algumas gays. Consegui os 4 modelos pra isso, porém por problemas técnicos de horário não pude reunir todos eles, aí fiz dois dias de ensaios, o primeiro dia com um casal e o segundo com outro. No segundo dia, os modelos me satisfizeram mais quanto ao que me propunha; no primeiro dia, nem tanto, e apenas uma foto dentre todas é deles.
OH: Seu trabalho é inspirado em alguém? Você admira ou conhece algum outro artista que explore a nudez?
LD: Na verdade, me inspirei muito em algumas fotos de alguns tumblrs que abordam muito a temática, e no fotógrafo Robert Mapplethorpe, ele tem alguns ensaios eróticos. E outros que exploram muito a beleza do corpo: http://fuckthesex.tumblr.com/; http://lovemewithoutpants.tumblr.com/ e http://fucckitup.tumblr.com/
OH: Você acha a nudez um bom recurso pra fotografia e arte em geral?
LD: Eu acho, porque a nudez acaba apostando em alguns pontos que todas as pessoas se interessam: 1) elas fazem sexo; 2) muitas passam grande parte do tempo pensando em sexo; 3)muitas passam grande parte do tempo pensando em como evitar o sexo; 4) muitas passam grande parte do tempo pregando sobre o pecado do sexo; 5) e muitas pessoas veem sexo como tabu. São muitos temas que causam muito interesse seja pra falar mal, ou pra falar bem, sem falar que sexo e nudez são temas tão vastos, ao mesmo tempo em que existe pornografia, existe arte clássica com homens gregos nus. E enquanto houver vida no mundo e a evolução da espécie, o sexo sempre será muito importante.
OH: Você não acha que a pornografia, aquela mais pornô mesmo, não perde o senso artístico? Pornografia é arte?
LD: Não acredito que pornografia seja arte porque não tem abstração nem possibilidade, de fato, pra se fazer leituras por trás da leitura principal. Mas não é porque não é arte que não é bonito.
OH: Lucas, valeu mesmo pela entrevista. Quer fazer alguma consideração final?
LD: Na verdade, não...

20.8.11

A semana

A semana? A semana foi boa, e má também. Porque tudo tem seus dois lados, ou mais. Eu tô doente, comandante. E senti na pele o quão difícil é conseguir um atendimento de urgência pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, meu plano de saúde. Eis o espírito da coisa pública.
Nessa semana eu tenho conversado bastante com o Conrado Miguel também, um grande amigo meu, às vezes eu até posto uns textos dele aqui. É um cara legal, muito inteligente e um pouco melancólico, ele diz que gosta de aproveitar as coisas tristes e belas. Ele tem muita razão, existe bastante beleza na tristeza; a tristeza inspira mais que a alegria.
Mas a semana também foi alegre. Alegre pra família, acho que estou me sucedendo bem em reatar e fortalecer alguns laços, que são mais importantes do que parecem. Eu sempre achei que a convivência com a família é forçada, já que ninguém escolhe aquelas pessoas pra se relacionar, elas simplesmente estão ali. Mas mesmo assim elas podem ser bastante agradáveis, afinal você é muito mais parecido com sua família do que pensa.
A semana foi derradeira pra quem gosta de TV. Gilberto Braga e Ricardo Linhares nos presentearam com um final no mínimo polêmico. Não posso falar disso com propriedade, já que não sou nenhum noveleiro, mas é sempre bom acompanhar o que é sucesso popular e talvez analisar isso. Me surpreendi hoje relendo um comentário que eu fiz ontem: "A cena da morte do Leo foi um exemplo de extremo mal gosto, misturando uma espécie de sadismo bizarro com um drama mal elaborado e estranho e uma trilha sonora macabra e quase diabólica. Não se sabe se a intenção foi chocar, fazer rir ou chorar. Não importa qual seja, nenhuma foi alcançada. A cena se aproximou muito de algo cru, indefinido e mal construído, além de ser quase inverossímil."
Quando eu crescer eu quero ser igual ao Delfim! Beijo, me tuítem, fui.


16.8.11

Conversas telefônicas alheias

-- João tá acordado até agora, você acredita? Ai, menino! Beijando aqui meu braço. Oi, que negócio é esse de depois de casar? Eu ri tanto dentro do ônibus, mas eu ri tanto! Cê é bobo demais. É que eu fui no shopping trocar um vestido e o Ricardo deu uma bicicleta pro João. Por isso que eu demorei, entendeu? Não, eu não vou dormir lá fim de semana, não. Ninguém merece! Ai, João! Deitando aqui em cima da gente. Vem cá, que história é essa de cutucar a onça com vara curta? Rá rá rá, ai ai, você é bobo demais. Ele tá aqui querendo que eu beije a bochecha dele. Para, moço, eu não quero beijar você, não. Hã? Ai, você tá cutucando a onça com vara curta? Eu acho que tá, você não vai resistir, não. Será que você vai resistir quando chegar aqui? Você vai querer segurar as pontas? Não, eu quero saber, ué. Dúvidas sobre? Hã? Mas você quer resistir? Por quê? Por que você quer isso de casamento? Não vou estragar isso. Entendeu? Já que você quer tanto casar virgem, não sou eu que vou estragar isso. Você tem namorada, mas pra ela é mais fácil que pra você. Ai, João! Ai! Nossa! Pode falar, eu dou uns tapas e ele sossega. O meu problema é mais fácil de resolver do que o seu. Por que não? O meu? Por quê? Como vamos dizer, eu não gosto tanto como você gosta dela. Eu não tenho planos de casar, já você tem. Tem esse monte de... é. Sei lá, mas pode chegar uma hora que ela vai chorar e tal, você pode ficar com a consciência pesada. Tá sentindo falta dela? Arrã. Arrã. Aquela amiga sua? Entendi. Onde você encontrou sua amiga? Onde você enc... João, pode parar! Hum, entendi. Só fui no shopping trocar meu vestido, mais nada. E o namorado dela? Ela é irmã da sua namorada? Ah, tá, entendi. Entendi. Eu gostei de saber. Que hora? Que mensagem? Se o quê? Tava aqui em casa. Você falou com ela que a gente conversa? Hm. Ai, João, ai! Para! João tá chato demais. Como é que é? Quem? Você e ela? Qual praia? Suzi não vai não? Ah, é, vai pro... pro... E você ia pra praia com ela? Hmm. Só perguntou o porquê? Rá rá rá. Você ia pra praia com ela? Com sua amiga. Você ia de moto? Não gostei não, tá? Ainda bem que o namorado dela chegou, bem feito! Rum, uai, uai, uai digo eu. Manda ela ir pra praia com o namorado dela. Mas por que vocês não vão pra praia com o namorado dela? Ah... tá vendo, né? Arrã. Arrã. Hã? Vai, mas é diferente. Por que a gente vai ser só amigo? Hã? Por que a gente não vai pra praia ano que vem? Então, só tô comparando, como você dois são amigos, nós também somos. Amigos, não é isso que você falou? Eu. Ai, ai. Fiquei! Não quero mais ficar não. Não importa. Independente. Então quer dizer que no ano que vem a gente vai pra praia como... amigos? Caiu o ódio de você agora. Tô com ciúme também. Hã? Que... O que foi, João?! O que você pôs na boca? Peraí, rapidinho. Abre a boca! O que você colocou aí? Deita pra cá e vai dormir, anda logo! Abre, a boca, João, o que você engoliu? Tá machucando, você quer água, quer? Quer coca? João! Ele tá é com sono. Tô com medo dele ter engolido alguma coisa. Eu te ligo em dois minutos, vou só pegar uma água ali pra ele.

15.8.11

Ideias e imagens que perpassam no espírito de quem dorme

Depois da festa eu dormi. Enquanto dormia eu sonhei. Foi um sonho estranho como a maioria deles são. Eu sonhei com a festa, eu beijava a minha colega. Ela pulou em mim, envolveu minha cintura com suas pernas e meu pescoço com seus braços enquanto eu a segurava pelas coxas. Era um beijo violento, masculino e ardente, e tinha outra coisa, a língua dela, era áspera como a de um gato, e no sonho isso me causava estranheza, mas mesmo assim eu gostava. Era bom. Depois de um tempo ela já não era mais a minha colega e sim outra pessoa que talvez eu não faça a mínima ideia de quem seja. Já isso não me causava estranheza nenhuma, como nos sonhos sempre acontecem as coisas mais extraordinárias e tudo é tão normal, pra gente aquilo é o que existe, e ai de quem disser que aquela realidade é um sonho, soco-lhe a cara. O que aconteceu depois, ou não tem a mínima importância ou eu não me lembro bem, mas que se exploda. Eu já desisti de tentar entender esses sonhos malucos. Minha cabeça perturbada sempre me dá esses presentinhos especiais. Bolinho frito, normalmente recheado e polvilhado com açúcar. Esse é o único que vale a pena.

Conrado Miguel

9.8.11

Jorge - Um mito

Sim, eu estou tentando voltar aos poucos. Longe da escrita, eu tento ressignificá-la pra mim. Não só a escrita, mas hoje venho apenas mostrar o site que foi o meu trabalho final de design e os programas de rádio que foram meu trabalho final de som na faculdade. Meus não, do meu grupo. Para entrar no site, basta clicar aqui. Divirtam-se. (Melhor visualizado no Google Chrome, de verdade)

Bastidores Jorge - Um mito
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