Eu não sei o que eu quero, eu não sei o que eu não quero. Eu flutuo no vácuo num estado de subconsciência. Um dos meus problemas sempre foi ser reflexivo demais, pensar demais, absorver demais tudo o que está à minha volta. Meu outro problema é superestimar demais aquilo que eu não conheço e que eu penso que conheço, imaginar como seria sem saber como é. Quando junta tudo, aí fode legal. Eu tenho que estudar pra ter uma profissão, pra ser alguém na vida, que merda de mundo. A pior parte da vida é ter que viver o tempo todo. Tudo o que você é, sua personalidade, o que você pensa e como age é reflexo do acúmulo de experiências que teve ao longo da vida. Eu sempre busquei a paz de espírito, nunca a encontrei. A paz de espírito é aquilo que você sente quando goza? Quando beija quem você ama? Quando tira 10 na prova? São momentos tão fugazes. A paz de espírito deve ser algo que dure mais, um estado contínuo de satisfação, como quando a gente é criança e só não está em paz de espírito quando chora, ou quando fica nervoso no primeiro dia de aula, ou quando cai e machuca. Depois disso, não sei pra todos, mas a coisa se inverte e você só está em paz de espírito quando faz o que gosta. Mas e se eu não sei do que eu gosto? Ontem uma amiga me disse pra resgatar sempre esse espírito de criança, despreocupado, de bem. Mas eu já cresci, já sou mais alto que meu pai e já tenho barba, será que ainda consigo ser criança? Não dá mais pra acordar, fazer um deverzinho, ver desenho, ir pra escola, voltar e brincar na pracinha. Mas que grande velho que eu sou, tenho 19 anos, nem tenho conta pra pagar, gasto o dinheiro que eu ganho com álcool e festas. Altas curtições, altas badalações, mas isso é Malhação demais pra mim. De que adianta a embriaguez se depois vem a ressaca? De que adianta pegar geral se depois você acaba voltando pra casa sozinho? Mas eu preciso de superficialidades. O sofrimento é sempre maior, por isso a humanidade se apega tanto a deuses, porque é difícil crescer e ficar sem pai e mãe, porque nós somos fracos.
A minha vida toda eu quis saber o que era a vida e descobri que ela não é nada. Ninguém pensa na morte no supermercado.
Eu já disse que adoro seus textos?
ResponderExcluirE inspiração master nessa frase que encerra ele.
Muito bom, Sr. Cai, muito bom!
(eu tinha uma professora de português que sempre fala isso quando ela gostava de alguma coisa)
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