19.3.12

Volta o cão arrependido

Au-a... Porra. Já ia latir. Às vezes eu lembro que não sou um cão, mas é que minha viralatice está na minha humanidade de tal forma que não faz diferença alguma. Vagueio pela noite uivando. Estou no cio, mesmo que meu cio dure o tempo todo. Cadelas me cercam, invertendo totalmente a ordem dos gêneros. Visitamos canis onde todos os nossos semelhantes estão juntos, mas mesmo assim uivam para a lua, a representação mais clássica da solidão e da melancolia na nossa espécie. Ah, que droga, esqueci de novo que a minha espécie é outra, mas já disse que não importa. Todo mundo tem rabo e todo mundo balança ele do mesmo jeitinho. Hoje conheci um homônimo meu. Xará, né, pra parecer menos pedante, mas já caio em contradição dizendo essa palavra. Na verdade eu já o conhecia, mas hoje eu conheci de novo. É legal quando isso acontece, a gente lembra de coisas que estuda sobre as interações entre pessoas e vê como a teoria acontece na vida mesmo, na maioria das vezes uma vida de cão, mas vá lá. Nem sempre queremos uivar ou latir, às vezes tudo o que a gente mais quer fazer é cheirar o cu do cachorro que tá do lado. Acredite, dá pra conhecer muito melhor desse jeito.
Qualquer dia desses eu enterro um osso.

Conrado Miguel

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