Ele não é doce mas queria ser. Ele tem sono mas não quer dormir. O buraco é mais embaixo, Totó. Hoje ele contou pro seu amigo que descobriu coisas terríveis. Coitado do cachorro, se preocupou à toa. O que ele descobriu não é terrível, só é desconfortável, como ele mesmo diz. É desconfortável se aventurar, ousar, descobrir, sair do sofá. E ele não tá falando daquele povo tosco que manda você desligar a tevê e despregar o cu do sofá. Não. Mudar de canal já é desconfortável. É desconfortável entrar também, dentro de si mesmo, buscando aquilo que nem você sabe onde tá, só sabe que tá em você.
A língua dele tá queimada "do próprio veneno", disse outro cão que queria ser cadela. Ele é ácido mas não queria ser. "O controle dos esfíncteres está ligado ao medo", disse a maior cadela de todas. Por isso mijar de medo faz sentido. "Descobri outro ponto: imitar o outro para ser amado", continuou latindo. E o outro cão aqui só ouvindo, e rosnando baixinho. A formação reativa do outro cachorro não despiora o caralho que for que você use pra se defender. Para de racionalizar, porque o buraco é mais embaixo, Rex. Muito mais. Aquela moça, daquele programa, disse que se você não se ama, dificilmente vai ser amado por muito tempo pelos outros. Com licença, Luciana, mas eu acho que é fácil falar. Qual foi a outra coisa mesmo que a cadela disse? Enfim, algo a ver com essa coisa dos medos da chuva. Por que nunca aprendi a dançar forró?
Nós não nascemos pra morrer, comandante, nascemos pra viver. A morte só tá no fim, mas qualquer outra coisa podia estar lá. Ela queria estar no fim, e está mesmo.
Pelo menos tem alguém conformado nessa porra toda.
Conrado, Caio, Pri e em breve Cris
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