11.10.12

José,

E agora, José?
A festa acabou,
mas quero você pra curar minha ressaca.
A luz apagou,
mas não quero te ver com medo do escuro.
O povo sumiu,
mas você não está sozinho.
A noite esfriou,
mas meu cobertor, desde o início, é seu também.
E agora, José?
e agora, eu?
eu que tenho dois nomes,
que zombo dos outros,
que erro.
Eu que faço versos,
que amo, protesto
e agora, José?

Estou sem alegria,
estou sem discurso,
sem palavra
estou sem carinho,
não quero beber,
não quero fumar,
queria cuspir o que eu fiz,
queria ter escarrado minha incerteza,
antes
mas a noite esfriou,
então vem me esquentar.
O dia seguinte veio,
você veio junto,
mas seu riso não veio,
não veio a utopia
mas não precisa acabar
não precisa fugir
ainda não mofou,
e agora, José?


E agora, José?
Sua doce palavra,
seu abraço forte
seu instante de febre,
nosso jejum
minha incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
a porta já está aberta;
quer nadar no rio,
que está ali do nosso lado;
quer ir para Minas,
Minas é aqui.
José, e agora?

Se você gritasse,
mas você é maior que isso.
Se você gemesse,
pra mim apenas.
Se você tocasse
a valsa vienense,
rubinense, almenarense,
a nossa valsa.
Se você dormisse,
se você cansasse,
dorme comigo, descansa comigo.
Você é forte,
você é lindo, José!

Com você no escuro
com vergonha de tudo,
sem saber a hora certa
pra pedir desculpa de novo.
Sem uma pele nua
para me enroscar,
sem cavalo preto
que nos leve pra longe,
nós marchamos, José
José, para onde?


Zé, se você não acredita no Caio, acredita em mim. Minha certeza é você. Desculpa pra sempre. Um beijo apertado.

Conrado

3 comentários:

  1. E o Conrado volta!

    Gostei do poema. Está devidamente alterado.

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  2. Que lindo um poema por aqui! Um poema muito bonito, por sinal. Intenso. Gostei muito =)

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