21.4.25

honey baby

Há muito tempo li um poema da Hilda Hilst que me fascinou muito. E ele terminava assim:

A palavra é necessária diante do absurdo

E agora após terminar o meu último relacionamento, percebi que este foi o meu maior aprendizado. E percebi os quantos absurdos diante dos quais me calei. E senti no corpo a manifestação deste silêncio, desta palavra tão necessária que encontrou seu caminho de se manifestar.

E percebi também as tantas maneiras que encontrei de expressar as minhas palavras ao longo da vida. E por isto voltei ao blog. Porque este diário foi, durante alguns anos, e anos muito importantes, minha principal maneira de expressar o disforme em mim, o absurdo. Talvez a minha primeira experiência de associação livre.

Hoje eu tenho um espaço formal e organizado para associar livremente, rs, mas logo vi que a vida pede mais: ela pede expressão, produção, criação. Hoje estou aqui me exercitando, mas também reconhecendo que a escrita perdeu esta função pra mim nos últimos dez há treze anos mais ou menos. Ou até antes. E acho que a substituí principalmente por relações e interações muito diversas.

O blog também foi uma relação, uma interação com alguns leitores, rendeu até algumas polêmicas na escola. Hoje ele está fechado. Provavelmente vai demorar muito tempo para alguém ler isto. Mas estou escrevendo por é preciso dizer algo, porque a palavra é necessária.

Eu não sei se vou recuperar a minha relação com a escrita. Não sei se vou criar algo novo e o que será. Mas volto aqui simbolicamente. Releio algumas coisas e me divirto, e contemplo. Era coisa séria, e era coisa muito legal e importante. O que eu fazia era muito legal e importante. Tomara que eu faça mais coisas legais e importantes, que eu siga produzindo e criando. Que eu siga me expressando diante do absurdo e do banal, do bonito, do corriqueiro, da dor, do amor, do luto. 

Como não disse Hilda Hilst, e agora eu digo

A palavra é necessária diante de tudo

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