29.12.11

Lana Del Rey - Nascida para vender. E algo mais

Quando um artista novo e desconhecido desponta como uma erupção vulcânica, avassalando histerismos até onde sua música alcança, há que se desconfiar. Na maioria das vezes eles apenas reproduzem padrões e não inovam, partindo inclusive para o apelo. Mas a indústria não é uma grande bolha fechada com todos os seus estereótipos, pelo contrário, ela necessita de dinamismo até para sua própria sobrevivência.
Ano passado a cantora americana Lana Del Rey lançou seu primeiro álbum Born to die (é interessante pesquisar sobre ela para ver como advogados e empresários sempre influenciaram em sua carreira, até mesmo em seu nome). O sucesso foi instantâneo. Recentemente ela lançou o clipe da faixa-título do álbum, algo realmente surpreendente na linguagem audiovisual de artistas lançados. O videoclipe possui relações de significado intrincadas e não está pautado apenas por clichês do gênero (para ver clique aqui) . Nele, vê-se ela vestida de branco, com uma coroa de flores, guardada por dois tigres num trono dentro de uma igreja. Uma vez que o título da música é Nascidos para morrer, e o seu fim no vídeo é derradeiro, pode-se entender essa parte como um estado póstumo de graça e glória. Posteriormente no vídeo ela aparece andando por um corredor até chegar a uma porta, onde entra; uma alusão clara ao caminho para o paraíso. A simbologia da morte também é muito presente no clipe. O causador da morte da personagem que a cantora interpreta, seu namorado, foge do estereótipo do galã saradinho e é substituído por um drogado magro e tatuado, certamente não em vão. Nada melhor do que uma figura cadavérica e underground para representar a morte. Enquanto está em seu carro, a luz e o desfoco da câmera criam uma ilusão de sangue na roupa da garota. E inteligentes jogos de luz colocam o namorado em cena como um fantasma, sempre em posições ameaçadoras para a personagem, que na maioria das vezes parece não perceber. E as luzes, também presentes na igreja, simulam o movimento de um carro, afinal ela foi morta num acidente de trânsito.
Em seu vídeo, Lana Del Rey revive o videoclipe como o gênero audiovisual mais livre e onde mais cabem experimentações e prova que mesmo sendo uma celebridade construída é possível fazer arte por trás do glamour.

2 comentários:

  1. Bom texto, Caio.

    Posso dizer que, realmente, muitas bandas surgem apenas para vender. No exemplo que você selecionou, demonstra que isso não as impede de fazer boa música, com canções inteligentes e clipes significativos.

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  2. Interessante visão, mas lembro que ser "fabricado" não faz de ninguém melhor ou pior que outros, até mesmo porque tudo é inexoravelmente fabricado, em maior ou menor instância, seja isso possível de discernir mais nitidamente ou não. Muito boa a análise do clipe, que é delícia igualzinho à própria Lana. Hehehe. Abraços!

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