Acordamos um pouco antes das 7h no dia seguinte, arrumamos nossas coisas, pulamos do caminhão, tomamos café da manhã (patacones com ovo e leite com chocolate) e caminhamos até a zona urbana de Caucasia. Dois quilômetros no total. O calor era uma coisa inexplicável. Era úmido e nos fazia suar mesmo estando parados. Caminhar por meia hora foi um sacrilégio. Por sorte encontrei a melhor água de coco do mundo no caminho.
Tentamos em vão conseguir uma carona para seguir. Percebi que culturalmente a Colômbia não é muito diferente do Brasil nesse aspecto. Toda a gente muito desconfiada, com medo da violência. Algo perfeitamente compreensível, uma vez que estávamos na Zona Roja, ou seja, uma área onde a atuação da guerrilha é grande. A Colômbia sofre um conflito armado paramilitar há mais de cinquenta anos, o que realmente é uma mancha na história recente do país.
Ao final negociamos com os motoristas de ônibus para nos levar a um valor (bem) reduzido. Foi difícil, mas conseguimos. Fomos de ônibus até Montería, capital de Córdoba. De lá pegamos outro ônibus, outra vez na base da pechincha, até Lorica, nossa última parada antes de San Bernardo del Viento, na costa. Chegamos lá pelas 16h e gastamos como 13 mil pesos (16 reais) desde de Causasia. Percorremos mais da metade do caminho total, então foi bastante barato. Aproveitamos Lorica para sacar dinheiro, usar a internet para avisar nossas famílias que aquele era o último pedaço de civilização em que pisávamos (num sentindo muito superficial da palavra, óbvio).
Em Lorica conhecemos um amigo de Pipe. Agora não sou capaz de lembrar seu nome. Mas era um costeiro alegre, simpático. Tirou até fotos conosco. Os meninos compraram ñeque, uma bebida feita com cana-de-açúcar que lembra cachaça e ao mesmo tempo pisco peruano. Tinha um sabor suave na boca, mas era bem forte.
Fomos pra beira da estrada outra vez. Muitos carros paravam, mas cobravam. Demorou mais de uma hora até que um carro parou e deu carona a quatro de nós. Depois os meninos nos contaram que quem dirigia era o prefeito da cidade, e que lhes ofereceu uma cabana, mas nunca voltou pra dizer nem oi. Esperamos por mais uma hora, Isabel, Pipe e eu. Fui com o amigo de Felipe comprar choripapas (linguiça com batata). No caminho ele veio me perguntar da Copa. Praticamente todas as pessoas que me conhecem aqui me perguntam sobre os seguintes assuntos:
- Copa do mundo
- Futebol em geral
- Protestos
- Mulheres (prefere colombianas ou brasileiras?)
Morro de preguiça. E também estávamos cansados. Resolvemos então pagar um motocarro até a praia. Carona que cobrava era o que não faltava.
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Era mais ou menos assim |
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