Desde então eu ainda não tinha ido ao “banheiro” para satisfazer minhas necessidades fisiológicas sólidas, sendo direto e já com o perdão da palavra. Acordamos e eu decidi que era hora, pois segundo o meu corpo já estava passando. Pois bem, cacei uma moitinha e fiz meu serviço, amém. Me senti com aquela sensação de leveza que com certeza você conhece. Para tudo na vida tem uma primeira vez, amigos, até cagar no mato, meu banheiro entre aspas durante toda a viagem.
A fome apertou e fomos atrás do nosso desayuno. Pedimos a uma moça, moradora de lá, e ela nos fez patacones com queijo. Um patacón é uma banana (banana-da-terra) frita, amassada, e frita outra vez; que além de ser uma delícia, sustenta bastante e fica bem com qualquer acompanhamento. Era o que mais tinha pra comer ali. Porém os patacones demoraram muito e a fome já cavava um buraco no meu estômago. Mas nessa viagem, por nunca ter um supermercado por perto, estar sempre num grupo grande, e estar sempre por aí, me fez aprender a controlar melhor a minha fome e não me sentir mal por comer um pouco menos. Além de agradecer e achar ótimo qualquer prato que comia. Mas o importante é que estava bom demais o café.
Fomos à praia procurar os meninos, e também porque queríamos tomar banho de mar. Ao menos eu e Valeria, porque Kaori queria um banho de chuveiro e já começava a encher o saco de tanto reclamar. Era só o início da performance da mais chata de qualquer viagem que alguém um dia já fez ou fará. Generalizando muito, quase todos os mexicanos do norte, que eu conheço, são frescos ou só querem o bom e o melhor. Caminhamos um bocado e não achamos os diabos. Passamos numa barraca/restaurante/hotel e nos disseram que nenhum grupo com dois morenos e duas loiras tinha passado por ali. Kaori aproveitou e perguntou logo por um banheiro enquanto eu e Valeria corremos pro mar. O Caribe quente que me salvou. Nadamos pelados de novo. Bem, isso foi a coisa que eu mais fiz no Caribe. Ficamos umas horinhas lá e já voltamos.
Já chegando na nossa praia apareceram os meninos. Senti alegria ao vê-los, não sei por quê. Eles tinham voltado à cabana por outro caminho, por isso nos desencontramos. Mas no final todos estávamos juntos e contentes. Pipe tinha colhido cogumelos para fazer um chá alucinógeno.
Passamos a tarde com dona Ana, uma matriarca que vivia ali e já conhecia os meninos. Ela nos emprestou o fogão para que cozinhássemos nosso peixe com patacones. E antes eu tomei um banho no poço porque Valeria disse que eu fedia. Não duvidei.
Foi meu único banho em toda a viagem, que durou uma semana.
só o Caribe salva |