11.12.10

Bem-vindo ao mundo dos corpos

Estou sentado na varanda lendo o meu livro. Gosto de lá porque é mais fresco, a brisa é sempre agradável para uma leitura. Refresca a mente. Desvio o olhar do livro e vejo o meu irmão do outro lado da varanda. Malhando. Certamente ele também gosta da brisa, pra refrescar o corpo.
Assim que ele pousa os halteres no chão nossos olhares se cruzam. Era impossível isso acontecer antes; a força que ele fazia não permitia que os seus olhos focassem em nada. Ele olha pro meu livro, eu olho pros pesos, que coisa estranha que me deu, essa vontade de experimentar. Acho que ele também sentiu isso, porque quando me dei por conta, estava com os halteres aos meus pés e ele estava com o livro aberto na primeira página.
-- Bem-vindo ao mundo dos corpos, ele disse.
-- Bem-vindo ao mundo das ideias.
Mas quando tentei levantar os pesos, meus músculos hipotrofiados não permitiram. E percebi pela cara confusa dele, que a sua mente desacostumada não conseguia entender o que lia.
Um pouco envergonhados, voltamos cada qual pras suas atividades, os nossos habitats.
Sabemos que não precisa ser assim, não tem que haver essa separação, como se corpo e mente fossem coisas independentes. E nesse caso as coisas são gradativas, mas de que adianta, se eu faço e não gosto, se ele tenta e não consegue? Talvez isso nem importe. Entre músculos e cérebros eu fico comigo mesmo.

Conrado Miguel

28.11.10

O drama de Nohanna

Um cão é realmente a melhor companhia que se pode ter. Talvez se falassem não poderiam ser melhores. É bom estar perto deles, silenciosos, serenos e sempre companheiros. É bom brincar com eles e correr com eles; ensiná-los truques e dar um petisco quando te olham com aquela cara de pidão, ou dar um afago quando te olham com a mesma cara de pidão. Ter um cão é como ter um filho, você precisa cuidar, amar, alimentar, vacinar; a diferença é que quando você chama seu cão ele vem, e quando você chama seu filho ele diz "Já tô indo" ou "Peraí".
Recentemente a minha cadela teve bebês e eu pude multiplicar a sensação de ter um cão por nove. Nove bolinhas de pelos cegas se arrastando e miando (porque eles miam quando nascem) em busca da teta da mãe. Mãe de primeira viagem; ela pariu no quintal e levou os filhotes pro meio de umas galhas da goiabeira que tinha sido podada. E deu bastante trabalho pra mudá-los de lugar, já que ela sempre os trazia de volta; até que ela própria percebeu que a caminha que eu fiz era melhor que um monte de galhas secas ao sol.
E eu também era um dono de primeira viagem. Quando cheguei da escola 1h da tarde, havia três; e eu achei que fosse parar por aí, mas de repente vi ela se agachando e uma bolsa negra saindo de dentro dela, aí ela comeu isso e pegou pela boca uma criaturinha esperneante. Esse foi o único parto que eu presenciei; e quando saí para o segundo turno das aulas às 3h30 já havia nascido mais um. Quando cheguei a família já estava completa. O trabalho de parto durou ao todo mais de sete horas.
Eu fiquei muito bobo, acho que é essa a sensação quando se tem um filho, sei lá. Tinha um que nasceu muito pequeno e magro, ele cabia na palma da minha mão, e eu cuidava sempre pra que ele mamasse direitinho. Ele ficou forte e saudável e eu acabei me apegando a ele. Na verdade me apeguei a todos. Nove monstrinhos correndo atrás de você e fazendo do seu quintal um campo-minado. Hoje só tem quatro aqui comigo, eles já estão com mais de 40 dias e precisam ir pros seus novos lares. Não teria coragem de vender nenhum, sempre achei isso um absurdo, vender uma vida, ainda mais uma vida tão importante como a de um cão. Dei todos para pessoas que sei que cuidarão bem. Dá saudade, mas simplesmente não dá pra sustentar 10 cães de grande porte aqui em casa, ninguém ia aguentar. Fiquei com um. Por mim teria ficado com o pequeno, que eu chamava de Besouro por causa dos olhos dele; mas meus dois irmãos escolheram o maior e mais bonito, e como eles são mais novos, não quis caçar briga.
Enfim, pra mim ter um cão é muito bom, ter dois pode ser melhor. Mas eles são bichos que precisam de atenção e cuidado, por isso não é qualquer um que está apto a tê-los, e não é à toa que inúmeros vira-latas são marginalizados nas ruas. Um cão não é um brinquedo, que você larga num canto depois que cansa de brincar. Ele é acima de tudo, alguém como eu e você, ou talvez até melhor.

P.S.: O título da postagem se deve a uma garota da minha escola que tem esse nome bonito. Um dia estávamos na biblioteca e a colega dela chamou "Nohanna, vamo logo que o professor já tá na sala!" e elas saíram num desespero. Talvez eu esteja fazendo um drama exagerado, tendo que limpar as belas obras que esses bichos fazem, alimentá-los, vermifugá-los, enfim. Acho que já dá pra fazer uma novela mexicana. Vou chamar Jane Carmen para o papel principal.

16.11.10

Viva a vagabundagem

Ah, o trabalho. Aquele que nos enobrece, que ocupa nossa mente e nosso tempo, que garante o nosso sustento, que faz de nós quem somos. Ah, a ilusão. Aquela que nos engana, que nos faz pensar que pensamos.
(epígrafe só pra ficar chique, eu mesmo que fiz :P)

O papel do trabalho nas nossas vidas hoje parece ser inquestionável. Trabalhamos porque precisamos trabalhar. Será mesmo? Em partes sim. Na nossa atual forma de organização social seria impossível viver sem ter alguma ocupação. Mas o trabalho não é absoluto. Ele não pode ser. O que há é uma supervalorização do trabalho e uma marginalização do ócio. Quero crescer, quero entrar numa boa universidade, quero me formar, quero trabalhar. Mas e aí? O que vai ser depois? Nossa vida parece ter um objetivo e só. O ócio não faz mal pra ninguém, ele ajuda você a se conhecer melhor, ajuda na tranquilidade, ajuda na reflexão, na opinião, enfim.
Mas as relações do trabalho com as pessoas é mais complexa do que simplesmente dedicar mais tempo a si próprio. Há pessoas que realmente não podem fazer isso, infelizmente. Pessoas que têm dois empregos ou mais, que trabalham nas horas vagas pra ajudar no sustento da família, que se cansam tanto que só querem chegar em casa e descansar.
Então estamos aqui de novo nos perguntando se os pobres são pobres porque têm muitos filhos ou se têm muitos filhos porque são pobres.
O trabalho só dignifica o homem se ele tiver dignidade o bastante pra trabalhar sem ser trabalhado. E para aqueles que não podem, nos pesa a responsabilidade. A sociedade exige demais de nós. Vamos exigir mais dela.

12.11.10

Utilizemos a cultura inútil

Tem muito velho chato por aí e alguns jovens idosos também, dizendo que ver novela, Big Brother, A Fazenda e afins é coisa inútil e que nunca deve ser feito. Pois eu digo que não existe cultura inútil. Por menos preenchido que alguma coisa seja, nesse caso, nada é completamente vazio. Quem é curioso mesmo vai saber tirar proveito de qualquer merda. O Big Brother por exemplo, é um prato cheio pra filósofos, que podem observar e analisar a socialização humana em grupos isolados. Na nossa vida cotidiana, nós não temos essa oportunidade, já que não estamos presos e nosso comportamento sofre sutis alterações quando passamos a estar. Ver novela pode ser bom, porque se descobre as características da nossa teledramaturgia, melhor ainda pra quem é da área. Enfim, tem gente aí se achando inteligente demais pra programas assim e dizendo que o brasileiro não merece isso. Pois eu acho que merecíamos coisa pior e estamos ganhando até demais. A inutilidade está nas pessoas e não nas coisas. Mas isso não quer dizer que as pessoas devam assistir. Eu mesmo já perdi o interesse por novela e pela maioria dos reality shows, mas não desconsidero quem gosta. Não ia achar legal se me tratassem com preconceito só porque eu assisto meus programas de doido no Futura. Mas eu vejo Ídolos e acho que esse devia ser o palco para a revelação de novos talentos, porque lá vozes incríveis cantam boas músicas do cenário nacional. Mas é assim mesmo, o mundo está cheio de coisas fantásticas que ninguém conhece, e o não estar na moda está na moda.
A gente merecia mesmo coisa muito pior.


7.11.10

E(nem)

Amigos, estou exausto. Sinto que minha cabeça vai explodir. Isso depois de 10h de provas divididos em dois dias. Tudo pra descobrir que uma coisa grande demais tende a ser desastrosa demais.
Quem ouve o governo fazer sua propaganda de integração, mais oportunidades e fim da decoreba com o novo enem, basta fazer a prova pra ver que não é bem assim. No primeiro dia faltava uma questão na prova amarela, não foi o meu caso, mas causou confusão; e no cartão de respostas as questões de Ciências da natureza e Ciências Humanas estavam invertidas, além da prova ser grande demais. No segundo dia não houve problemas técnicos, mas de novo uma prova grande, cansativa, com cálculos longos e pouco tempo. Hoje entreguei a prova no último minuto e adoraria dispor de algumas questões a menos. Esse discurso de integração é falho, veja o exemplo da minha colega. Ela fez o enem no ano passado (quando a confusão foi muito maior) e foi aprovada em três universidades: Pelotas, Mato Grosso e outra que não me lembro. Ela não tem o mínimo interesse de ir pra esses lugares, que são longe da família dela, além de haver problemas óbvios pra ela se manter nessas cidades.
A grandiosidade do novo enem faz com que ele tenha problemas inevitáveis. Primeiro, a questão do fuso-horário. Se os acrianos existissem eles iriam fazer a prova às 11h da manhã, que iria se estender até a hora do almoço, o que seria muito desconfortável pra eles que teriam que alterar sua rotina. Segundo, as questões de segurança. Os aplicadores são extremamente despreparados e não há nenhuma forma de revista ou detecção de metais caso você vá ao banheiro, o que torna a cola uma questão válida. E sobre o tão falado fim da decoreba: pura balela. Há questões que sem fórmula não dá pra resolver. Dizem que essa prova explora o raciocínio dos alunos, vejam como explorou o meu:
a) 1,7 kg
b) 1,9 kg
c) 2,9 kg
d) 3,3 kg
e) 3,6 kg
Antes da vírgula os números que mais se repetem são o 1 e o 3, depois da vírgula o número que mais se repete é o 9, combinando os dois, só dá pra ser letra b.
Demais.
E a aplicadora ainda comeu meu chocolate, mas isso não foi problema da prova, mesmo eles tendo contratado aplicadores gulosos. Ela me pediu um pedaço, e como o tema da redação era O Trabalho na Construção da Dignidade Humana e eu defendi relações mais altruístas e com pensamento coletivo, não pude negar.

29.10.10

Cara feia pra mim é manipulação

Depois de três postagens falando sobre o mesmo assunto, podemos considerar que estou numa onda política (e roxa). Então tá, vou continuar nela. Pra mim política é por demais importante. E como ela diz respeito ao povo e trata dele como seu ponto central, é lamentável que o povo não se interesse muito por ela. Mas isso não é culpa deles, pelo menos não só deles; a culpa é nossa. Eu tenho uma opinião política muito sonhadora, admito. Sou um esquerdista que está desiludido com a esquerda. Talvez quando eu disse "esquerdista" você tenha feito uma careta, ou se não entende o que a palavra quer dizer, isso significa que eu sou socialista. Agora sua careta talvez tenha sido mais feia ainda. Mas tudo bem, fazer a careta não é o problema; o problema é fazê-la sem saber o porquê. Por que eu fiz careta, meu Deus? São questões como essa que fazem muita falta na nossa vida, questionar-se assim faria toda a diferença.
Nós, desde que temos capacidades cognitivas suficientes para compreender o mundo, temos a visão de que o socialismo é uma pobreza generalizada, onde jamais poderemos ter aquilo que queremos, onde nossos sonhos não têm vez. O mundo tem donos, e os donos do mundo nem sabem disso, porque herdaram o mundo de seus pais, que o herdaram de seus avós e a consciência se perdeu. Assim como a consciência do povo, que também herdou algo: o fato de serem subalternos, de estarem abaixo, na base da pirâmide. Mas se é uma pirâmide, sem base não há topo. Então o povo assume um papel crucial na hierarquia de posses: sustenta o mundo.
Nossa natureza é egoísta, a posse nos fascina, queremos ter dinheiro, queremos ser ricos, queremos explorar e exploramos sem saber. Exploramos nossos semelhantes. Quando vejo um mendigo, isso me abate. Imagina que enquanto ele está ali, tem um bilionário dando alguns milhões num carro velho num leilão. Aí esse mendigo, por alguma razão melhora de vida, passa a ganhar um salário mísero e uma ajuda do governo e sai agradecendo aos céus, dizendo que seu país o ama. Ama nada, besta. Seu país não tem sentimentos, mas os donos dele têm, e eles não te amam. Em comparação ao que era, isso pode até ser bom, mas em comparação ao que poderia ser, não é. O mundo é rico, dinheiro há. Ele só não é bem distribuído.
Eu sou esquerdista, porque acredito que podemos ser mais felizes se soubermos controlar nossa natureza mais primitiva e individualista e sermos mais solidários, vivendo num mundo onde não há diferença, onde todos são iguais e ninguém explora ninguém. Mas um país socialista hoje não tem a mínima condição de se manter com sua potência plena, porque os donos do mundo não deixam. A mudança não é da noite pro dia, ela é gradativa, um processo da evolução intelectual humana. Não há porque haver donos pro mundo, ele já estava aqui quando chegamos e ainda estará aqui quando partirmos. Isso pode parecer teoria da conspiração (e os donos do mundo querem que isso pareça), mas conspiração é 50% da riqueza mundial estar nas mão de 2% da população, é haver milhões de crianças morrendo de desnutrição ao nascer e outras milhões que não chegam à idade adulta. É triste, mas pior do que isso é saber que tem solução, mas nada se soluciona.

P.S.: Estou desiludido com a esquerda porque todos os governos esquerdistas até hoje tiveram um viés autoritário. Acho plenamente possível haver esquerda democrática, onde as posições são respeitadas e há absoluta liberdade. Talvez um dia isso aconteça. Por enquanto, vivo na esperança.

12.10.10

Entre a cruz e a candidata

Um lembrete: essa eleição é pra presidente, não pra papa. Misturar política com religião não dá certo, mas isso é uma coisa tão comum no posicionamento do povo brasileiro que a eleição se torna uma discussão de quem vai abortar menos ou casar mais gays. Infelizmente vivemos numa época em que as massas não são críticas, e sim neutras, logo ainda não pensam por si só e são facilmente influenciáveis. Percebe-se por quem levam para o segundo turno. Na sociedade atual do espetáculo, vale mais quem realmente vale mais. Em valores. Monetários. E assim temos uma ordem dificilmente quebrada. De um lado uma pseudo-socialista neoliberal, que no início da campanha se posicionava a favor da descriminalização do aborto e repentinamente mudou de opinião ao ser atacada de forma cruel por seu adversário, um neoliberal declarado, que não sabe o quão baixo chegar para ter interesses satisfeitos. Para mim o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública que ele realmente é. E o presidente nem poderes suficientes tem pra mudar leis dessa forma. Quem faz isso é o Congresso, e pra eleger deputados como Tiririca o povo não pensa em questões como essa. Talvez muitos digam Senhor, perdoa todos eles, que pecam sem saber. E eu digo Senhor, perdoai todos nós, que pecamos e sabemos. Porque sabeis e nós, devíamos saber também que todos somos culpados por tudo e não há razão pra pelejar se Vós nos ensinastes que tudo o que temos de fazer é amar. Perdoai-nos porque somos ignorantes, intolerantes, irracionais e preconceituosos, e esquecemos que não podemos amar o pecado mas devemos amar o pecador. Fazei-nos mais independentes para que não nos percamos em desejos póstumos e esqueçamos da nossa vida. Porque a vida não é aquela que já passou, nem a que virá. A vida é aquela que está se passando hoje, agora. E fazei-nos mais fortes para saber que o mundo é difícil, mas é aqui que estamos e não podemos sair de dentro de nós mesmos, então esforcemo-nos ao máximo para que nossa condição seja a melhor possível. Pelo bem maior. Que saibamos da nossa pequeneza perante Vossa grandeza, e se Vós não existíssieis seria necessário criar-vos, porque sem Vós não temos mais nada, nem somos ninguém. Amém.

P.S.: Não votei em nenhum dos dois candidatos no primeiro turno e no segundo turno exercerei meu direito de não votar que ainda me resta durante minha menoridade. E eu não sigo nenhuma religião, pois não gosto da forma simplista como tratam tudo. Só isso.

3.10.10

Onda Roxa

Chega de tanta onda, estou criando agora a onda roxa, para espíritos neutros, ou completamente misturados, enfim tire a conclusão que quiser.
Hoje votei de roxo, quando me vesti nem me dei conta, mas depois pude pensar. Estou roxo de tanto apanhar. Nos últimos meses apanhei de marqueteiros, candidatos e partidos diariamente. Eles me batem com santinhos, vídeos, carros de som, pesquisas... eles me batem até com amigos, é impressionante. Estou roxo de raiva. Raiva de membros da minha comunidade badaladinha do Orkut que insistem com o spam eleitoral. Estou roxo porque não consigo respirar, eles me sufocam por todos os lados. Estou roxo porque jogaram tanta tinta vermelha em mim, e depois azul, e mais vermelha por cima, e um pouco de verde também que nem fez tanta diferença, e aí acabei ficando roxo, já sabe o que dá misturar cores. Estou roxo porque quando criança adorava o Tinky Winky e o Barney, e as bruxas também, e os vampiros... Hoje eles me dão medo, principalmente esses dois últimos.
Enfim, estou roxo por estar roxo. A roxidão é o que nos resta. E quem quiser que entre na minha onda roxa. Só não vale criar TT no Twitter, lá já tem onda demais.


17.9.10

Dever de casa

Hoje na aula de Produção de Texto me pediram para produzir um texto. Absolutamente surpreso com o pedido, não produzi o texto, porque acho que nas aulas de hoje, com essa nova educação interdisciplinar, as disciplinas estão perdendo muito da sua própria essência, não é? Daqui a pouco vão estar me pedindo pra calcular nas aulas de Matemática e pra filosofar nas aulas de Filosofia. Não me acostumo mesmo com essas novidades, eu tenho uma cabeça muito arraigada aos princípios, sabe. A minha avó está aqui em casa e ficamos ambos perplexos quando vimos hoje na TV uma mulher jogando sinuca. Mas voltando à aula, eu realmente não produzi o texto, que devia ser sobre os jovens de hoje, porque preferi discutir com meus colegas sobre o assunto, discutir é eufemismo, já que monopolizei a conversa; mas enfim, tenta-se. Essa proposta é muito metalinguística pois é o jovem falando do próprio jovem, pensando nessa linha bastava que eu escrevesse sobre minha própria vida. Mas eu não sou o único jovem no mundo, ou seja, preciso pensar em linhas gerais. Só que não tão gerais, diminua mundo para Brasil, vamos tratar apenas do jovem nacional. Bem, quem são os jovens? Qual a idade mínima e a máxima pra se ser considerado um jovem? Naqueles textinhos inspiradores que eles sempre dão, aliás muito ilusórios esses em questão, considera-se o jovem com uma idade média entre 15 e 24 anos, tudo bem. Deixe-me agora expor minha análise. Os jovens hoje tentam (ou os jovens sempre tentaram) se encontrar dentro de si próprios, mas eles são seres em transformação fervilhante e se encontrar nesse caso torna-se mais difícil que o normal. Aproveitando-se desse momento frágil a indústria capitalista entra com uma coisa chamada moda, que puxa uma linha longa com a mídia e reflete tendências. Já que não se viram dentro de si, os jovens veem aí uma boa oportunidade para acharem-se e seguem essa indústria como ratos hipnotizados seguem o flautista mágico. Um outro grupo de jovens, analisando mal esse sistema, começa uma contracultura da moda que serve apenas para alimentá-la ainda mais. Eles odeiam a banda R e o livro C apenas porque eles são a banda R e o livro C, e não percebem que estão se tornando aquilo que criticam e não se diferem em nada dos seus criticados. Mas ainda há aqueles jovens que sabem que não estão invulneráveis a nada, nem à moda, muito menos à contramoda-moda, mas eles fazem o que é de mais sensato, que é serem indiferentes a isso. Surge aí outra indústria também capitalista, mas com um viés mais artístico, já que na moda e na contramoda-moda perde-se um pouco de qualidade. Essa indústria não é seguida por ninguém, já que os jovens que a apreciam, mesmo não tendo se encontrado dentro de si, sabem que não é nos outros que farão isso, e aí temos a juventude resgatada, aquela que é despreocupada, inconsequente, alegre e, essencialmente jovem.
É claro que essa visão é generalizada e simplificada, aí dentro incontáveis outras tendências são encontradas e coisas muito mais complexas para se debater em textos de autores amadores também. Mas é o que eu disse, tenta-se. Abaixo eu postei um vídeo de um trabalho também de Produção de Texto, cujo tema era Texto em vídeo e o gênero escolhido por nós foi o videoclipe. Espero que gostem.

Videoclipe - Down from Paulo Henrique Paulino on Vimeo.


Ah, eu disse que os textinhos inspiradores eram ilusórios porque eles diziam que os jovens nunca foram tão voluntários e nunca se preocuparam tanto com questões como educação e saúde. Realmente devem existir esses animais em extinção. Mas fala sério, a única coisa voluntária que a maioria dos jovens faz hoje em dia é punheta e siririca. A verdade é dura.

10.9.10

FAQ (Dúvidas de português)

Alguns dizem que quando veem um erro de português dói-lhes alguma parte do corpo, o coração deve ser o órgão mais afetado, e se os exageros fossem reais, viveríamos num país de infartados. Dores já não sinto mais, mas não há como ver um erro e não pensar algo como "ai que burro, dá zero pra ele". Só que ninguém está invulnerável aos erros, e muitas vezes eles podem ser até propozitais, dependento do seu objetivo comunicativo. O ensino de português nas escolas hoje é muito deficiente, já que não se cultiva a paixão e não se transpõe o aprendido para a vida prática, por que muitas vezes, os exemplos aprendidos na escola, jamais usá-los-ei no cotidiano. Por isso deveria existir anexo à língua culta, o estudo específico do português falado ou popular, descrevendo suas características realmente a fundo, onde os alunos poderiam saber por que aprenderam na escola que o correto é dizer Quando eu te vir, se em casa ou na rua dizem Quando eu te ver. Porque os fenômenos estão aí e não dá pra ignorar. Outro problema nesse sentido são os professores, sabe, ensinar é uma arte, mas há poucos artistas nas salas de aula. O meu, por exemplo, está mais interessado em exibir sua coleção de All Stars do que em contribuir para o real aprendizado da turma, e sobre esse não basta decorar regras, a língua é muito mais do que isso, ela é sentida e vivida. Mas sou grato às minhas primeiras professoras que souberam cultivar em mim a paixão pela língua e o prazer em aprender português. Agora com esse acordo ortográfico seria bom um pouco mais de apoio, mas até que estou conseguindo me sair bem com meus estudos autônomos.
Estudos autônomos, que merda, como se eu estudasse mesmo.

1.9.10

Liberdade confundida

O presidente enviou um projeto de lei pro Congresso que criminaliza os castigos físicos. E numa conjuntura onde palavrões foram proibidos nos estádios e o humor foi proibido na política, a lei soou como uma repressão, como a supressão de um direito e criou uma polêmica sem sentido. Pra começar, o que é um direito? Bem, se eu tenho o direito de bater, e o seu direito de não apanhar? Deve-se pensar na liberdade não como um conceito individual, e sim coletivo. A lei não é de forma alguma, antidemocrática, anticostitucional, e não fere os direitos de ninguém. Ao revés, ela protege um classe que não tem voz e que está à mercê dos pais, que podem ser o protótipo bombástico do amor, a personificação do descaso ou apenas pais. Eu já apanhei e posso dizer que não aprendi nada com isso. E se a Xuxa me perguntar se eu não aprendi que devo resolver meus problemas com violência, eu digo que não, isso eu já sabia que não devia fazer mesmo quando era baixinho, crianças são espertas. Se eu aprendi algo, foi que as pessoas muitas vezes se deixam dominar pelos impulsos, esquecendo-se da sensatez e da razão.
Mas se a discussão é sobre direitos, vamos lá, todos temos o direito de optar por ter filhos ou não, de constituir uma família ou não, de planejar ou não. E se fizemos algo, mesmo que tenha sido por pura incosequência (e é aí que muitos bebês nascem, infortunadamente), temos o dever de lidar com as consequências. A lei não vai mudar muita coisa, muito menos resolver esse problema. Mas é um primeiro passo na construção de uma sociedade mais justa, educada, igual e, sobretudo, amorosa. E ao se questionar direitos, deve-se pensar primeiro nos deveres.
Abaixo, uma amostra da minha caligrafia. Eu acho que devia isso pra vocês há uns dois anos.


14.8.10

Kick Ass não é emo

Um garoto quer ser um super-herói. Compra uma roupa e se torna um. Ou pelo menos tenta.

O garoto: um nerd sem expectativas, que apanha na escola e não tem tato com meninas
O super-herói: nada muito diferente do garoto, só com uma roupa brega e uma coragem insana

Sabe, esse filme tinha tudo pra ser bom. Ele começa bom, com uma mensagem até bonitinha de que todos podem ser super-heróis e tal, mas aí estraga ao se render a temas apelativos e bobos. A única cena que realmente presta no filme é a que o personagem principal defende um cidadão de uma briga de gangues apenas com dois cacetetes nas mãos, alíás, essa é uma cena muito boa. E seria muito melhor para o filme se ele tivesse continuado nessa linha inocente na qual havia começado, mas no fim golpes exagerados, ação excessiva e cositas más estragam completamente a mensagem inicial do filme e o transaformam em outro. Muito bonito pra ele, que começa dizendo que eu ou você podemos ser super-heróis (mesmo que jamais cometamos essa babaquice), mas depois entra em contradição e tropeça nas prórpias palavras ao mostrar que isso não é possível. Enfim, cria a expectativa de que vai ser um filme diferente, mas se prova apenas mais um.
Outra coisa: ele é um filme muito macabro disfarçado de história em quadrinhos. Uma garota que mal aprendeu a ler comete chacinas ao som de musiquinhas ao estilo Scissor Sisters e com a frieza de uma profissional. Muita tortura e violência grátis e mais bum! e mais bam! e chega. Me cansei de filmes indefinidos.
Mais uma coisa: os nomes dos super-heróis têm significados demais pra não terem sido traduzidos. Engana-se quem aprendeu em qualquer escolinha de inglês barata que nome próprio não se traduz. Nomes próprios refletem culturas, logo é preciso ter cuidado ao traduzi-los, mas quando o seu significado é importante no contexto da obra sua tradução é necessária. Lembro que uma vez discuti feiamente com um cara que já esqueci o nome. Ele é dono de um site que aponta as falhas nossas de filmes. E ele tinha apontado como um erro a tradução do nome James para Tiago. Pobre tolinho, e um dos seus argumentos pra tentar dizer que estava certo foi: "já fui no Programa do Jô". Ah, francamente, em vez de ficar indo em programas decadentes ele devia se informar mais. Pelo amor de Deus, se você traduzir James no Google vai aparecer Tiago. Mas enfim, os nomes dos super-heróis mereciam traduções, mesmo que o filme tenha uma temática mais adulta que infantil. Agora vamos mudar de assunto.

Na foto: Eu não estava brincando quando disse no Twitter que ia virar emo. Foi mal pela montagem tosca, mas estou com muita vergonha de mim mesmo pra mostrar minha face nessa situação comprometedora. É a vida.

1.8.10

Ah, vida real. Como é que eu troco de canal?

Pode ser meio contraditório pra mim falar de TV, uma vez que ultimamente eu a tenho visto cada vez menos. Na verdade nas férias eu vejo bem mais, mas em média 5h semanais se muito. Mais na verdade ainda eu tenho ocupado tempo demais com nada. Alguns chamam de vagabundagem, bem, eu prefiro ócio criativo ou vida contemplativa. Mas a questão é, a TV é uma arma poderosíssima, que por um lado pode formar cidadãos informados e conscientes, mas por outro, pessoas alienadas e anestesiadas. Eu estava há pouco vendo uma entrevista com a candidata Dilma na TV Brasil e ela trata do tema dizendo que é completamente contra qualquer forma de controle de conteúdo pelo governo (palmas!), e faz até uma brincadeira: o único controle em relação a isso é o controle remoto. Pois sim! Usemos nossas pistolas de infravermelho para escolher o que é melhor, ou menos pior, para nosso tempo livre. Abaixo, uma análise das grandes e das favoritas.

A Grandes

Globo: Os únicos programas bons da Globo são o Profissão Repórter, aliás, o melhor do gênero, e Altas Horas. Essa postura voltada pra si própria tira muito prestígio da emissora, e a tradição de fazer programas sempre para um público generalizado, mais ainda. Mas uma coisa é certa, se o cinema brasileiro tivesse a qualidade nas novelas da Globo, ele seria mais badalado que Hollywood. Há muito tempo mesmo não acompanho uma novela, mas sempre que passo e vejo assim de relance, me admiro com a fotografia e com tudo de uma forma geral. A Globo se tornou a maior especialista do mundo no gênero. Tudo bem que novela não faz o meu gênero, mas esse sucesso é culturalmente importante pro Brasil e, enfim, pro mundo. Porém peca em alguns núcleos, principalmente os cômicos que se tornam até toscos e idiotas. Gosto dos temas mais humanos e sensíveis, e pra mim Mulheres Apaixonadas foi a última a conseguir isso de uma forma mais plena.

Record: Uma tosqueira sem fim a postura da Record em tentar imitar a Globo. É claramente perceptível a vontade da liderança, e pra isso, os métodos utilizados. Se quiser superar, faça igual mas faça melhor? Prefiro seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo, como já dizia o pensador. A Record se tornou uma mini-Globo piorada. Dos bons programas os internacionais Ídolos e O Aprendiz se destacam, a teledramaturgia pode melhorar, e uma dica: ninguém aguenta mais Pica-pau.

SBT: O pior do SBT é a instabilidade dos horários. Um mesmo programa muda de horário praticamente toda semana! Perde pontos também na qualidade deles. Em vez de sustentar o slogan "a TV mais feliz do Brasil", o SBT deveria trabalhar pra se tornar um canal mais sério. Chega do monopólio de Sílvio Santos, caras novas fazem bem.

Band: Os melhores programas da Band são os importados CQC, E24 e A Liga. Ou seja, se não fosse a Cuatro Cabezas a Band não mereceria grande destaque. Lembro dos bons tempos de Floribela e acho que a emissora deve continuar com programas ousados e inovadores, e sem medo de mudar.


As Favoritas

Futura: Há algum preconceito em relação ao Futura, por ser um canal educativo. Pois ele é um dos poucos que conseguem aliar entretenimento e informação. Programas como No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais (reflexões temáticas, informações e depoimentos de especialistas acerca do audiovisual, sempre com bom humor), Afinando a Língua (música, língua portuguesa e literatura com Tony Belloto), Passagem Para... (viagens pelo mundo, tratando sempre de um aspecto do país visitado em especial) e Tempos de Escola (entrevistas com celebridades sobre a época de estudante) são um claro exemplo disso.

MTV Brasil: Gosto da forma como a MTV trata os jovens, não como retardados babões, como a maioria faz, mas como uma parte importante da população que deve ser ouvida. Gosto da interatividade, como os comentários ao vivo pelo Twitter e SMS, e a possibilidade de, por vezes, decidir o que vai ao ar. Mas falta democracia no canal e há muita hipocrisia, principalmente no VMB, o tão falado prêmio que não merece muito prestígio. Democracia pois, por que não passa sertanejo, reggae e axé na MTV? Porque tão pouco samba, tão pouca MPB? Hipocrisia pois, no ano passado o Natiruts pediu que sua indicação na categoria Reggae fosse retirada, “Todo ano você faz a maior correria, grava CDs, DVDs, ensaia shows, turnês, a MTV não se interessa em cobrir nenhum e aí no fim do ano aparece como grande referência e incentivadora do reggae nacional criando uma categoria no VMB. ‘Ohhhhh!!!! Regueiros agora sim vocês são importantes. Ohhhh!!!’. E a gente está longe de precisar disso”. Faço minhas as suas palavras. Outra dica: menos reprise e mais shows.

P.S.: Para os camaradas que pediram, eu estou mais presente no Twitter. Um abraço de @caioparanhos. E não fiquem só na internet, amigos, pratiquem esporte, sim?

23.7.10

Meu nome é Shakespeare, muito prazer


I write like
William Shakespeare

I Write Like by Mémoires, Mac journal software. Analyze your writing!




Essa ferramenta tolinha e boba conseguiu me arrancar boas risadas. I Write Like (Eu escrevo como...) compara o seu estilo de escrita com o de escritores famosos. Bem, comprovadamente confiável não é. Já pensou, eu, escrevendo que nem Shakespeare? Mas pensando bem, a página é programada para analisar textos em inglês, não em português, como eu postei. Mas enfim, Ser ou não ser - eis a questão. Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte, quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa.

20.7.10

Da copa à cozinha

Depois de findo o evento esportivo mais televisionado do globo (e "da" também, porque sensacionalismo se vende, se dá e se empresta). Nós podemos refletir ou apenas pensar nos efeitos que ela, a tão falada, tão esperada e tão comentada Copa do Mundo de Futebol Masculino (porque a feminina fica pra depois) trouxe para todos. É gozado pensar que numa copa realizada na África do Sul nenhum sul-africano tenha brilhado ou se destacado de qualquer forma. Nos gramados, um alemão com um nome digno de tricadilho, com o perdão da palavra, quase igualou um recorde; no twitter, um locutor brasileiro que se viu confundido com uma ave, não calou a boca; na música, uma colombiana cantando em inglês fez o mundo dançar; e na final, uma fúria contida se transformou num título inédito.
Apesar de greves, jabulanis e um barulho infernal a nível de enxame, pode-se dizer que foi uma bela copa, e memorável por si só, com toda aquela história de legado para um continente e blá-blá-blá. Pra quem gosta e pra quem vê, um grande espetáculo. Pra quem não gosta, vá lá. Agora ela acabou, a gente pode voltar a respirar.

15.7.10

Vida de homem

No dia internacional do homem eu me pergunto: será que os machos só servem para copular? A resposta é sim, porque até agora a nossa única função nesse mundo realmente comprovada é perpetuar a espécie, isso além de destruir o planeta e coçar o saco. Porém nós, seres com utilidade mínima, somos indiscutivelmente cruciais. E os homens dominam um mundo onde mulheres são maioria e 3% mais inteligentes segundo Jane Carmen, talvez por serem mais seguros, mais orgulhosos do próprio corpo e pela própria estruturação da sociedade. Se há muita repressão em relação à mulher, há muito mais pressão em relação ao homem. Como se eles ligassem realmente pra isso, homens são desleixados, talvez por isso essa data passe tão despercebida. Mas comemorar o dia do homem é como comemorar o dia da consciência branca ou fazer uma parada hétero, apesar de ser um desperdício ela passar em branco. Vocês acham os homens estúpidos? Eu diria que não, mas uma vez me peguei tentando ensinar minha cachorra a abrir o portão. Pensem em como seria útil pra mim, se eu estivesse sozinho em casa no computador, escrevendo postagens como essa, ou fazendo outras coisas que os homens fazem na internet, ao ouvir o som da campainha ela simplesmente abriria o portão com a pata, porque só falta isso, já que ela adora receber convidados e faz questão de cumprimentar todos. Mas ela não aprende, já que além de ser um animal é uma menina. E eu um cara inútil que teve a coragem de ir pra escola depois de passar 48h sem tomar banho. Faz parte.
Tô brincando, ainda não cheguei a esse ponto. Ser homem não é sinônimo de feder, nem de ser hippie. 1bj.

9.7.10

A maníaca do pomo-de-adão

Vagando pelo mundo virtual, ou panguando como diz uma saudosa amiga, um ser estranho me adiciona e vem falar comigo. Ignoro, eles estão cada vez mais comuns, ultimamente os vindos do México são os que mais vejo, e o meu portunhol já está afiado para lidar com eles. Dessa vez é uma garota persistente e, pior do que eu poderia imaginar, muito, mas muito, obsessiva. Não é mexicana mas ganha deles na chatura e na tara também.
Achando a coisa mais natural do mundo ela já vem me questionando por que eu criei a comunidade Meu pomo-de-adão. Puta que pariu, temos uma maníaca.

maníaca diz:
Eu tenho um primo que tem um pomo-de-adão muito grande e lindo, mas eu tenho vergonha de pedir pra passar a mão.

Caio diz:
Ah, mas meu pomo nem é tão grande e notável.

maníaca diz:
Não faz mal, me mostra ele pela webcam.

Caio diz:
Ah, ta com defeito.

A doida ainda me pediu pra ser minha namorada virtual, mas eu não gosto desse tipo de namoro inútil e bobo. Tenho mais o que fazer. Depois disso ela começou a dar zoom nas minhas fotos pra ver melhor o meu pomo, o que ela não conseguia, porque as fotos ficavam com uma qualidade péssima. Ela me mandava vídeos de pessoas com veias salientes no pescoço, uma coisa que dava medo de verdade, e ainda dizia que tinha um pacto com a prima dela. Uma passava a mão no pescoço da outra. E eu pensava que eu era doido. Há pouco eu dispensei ela, dizendo que me sentia incomodado com esse assédio, ela pareceu entender e nunca mais falou comigo, o que me deu muita dó. Mas tenha dó de mim também. Mexicanos, onde estão vocês?

P.S.: Minha mangueira já está florindo, o inferno vai começar de novo.


Na foto, eu e minhas colegas na escola fantasiados de mendigo. Aceitamos esmola.

12.6.10

Os dias chegam sempre

Por que eu estava sumido? Não liguem, meu relógio biológico está uma bagunça, e acostumem-se com minha ausência, ela é justificada pela minha preguiça constante. Enquanto isso na minha cidade tivemos eleições extemporâneas, porque o nosso caríssimo prefeito foi cassado. E eu votei pela primeira vez. Devo dizer que foi algo excitante, quase orgásmico. Tudo bem que eu me atrapalhei um pouco e quase derrubei a cabina com meu pé grande em excesso, mas a primeira vez de tudo nessa vida é assim, depois a gente acostuma. Votar é algo interessante, mas na minha cidade a política é encarada de uma forma muito fanática, banalizada e pouco séria. Eu não gosto disso porque parece que qualquer coisa é motivo pra festa e as pessoas não entendem quando eu justifico minhas opções de voto. Eu não me surpreendi com o resultado. A candidata que o prefeito cassado apoiava ganhou, que coisa, não? Mas enfim, a desilusão já me atingiu de tal forma que isso já não me atinge mais. E viva a democracia.

P.S.: A morte de Saramago ontem me chocou de verdade e estou realmente sentido pela comunidade lusófona ter perdido seu único Nobel e pelo mundo ter perdido um dos seus melhores escritores. Sentirei falta de novos diálogos não pontuados.

Sossega, mulher, o meu dia ainda não chegou, Não sossego, homem, os dias chegam sempre.

P.P.S.: Ouçam Mika, música gay é ótima pra deixar momentos como esse menos característicos. Sejam eles grandes perdas ou política.

23.5.10

Seu Toba

Hoje serei breve. Vou deixar apenas uma dica de blog para aqueles que julgam meus conselhos relevantes, ou não.
Certo dia, por acaso (como sempre), encontrei um blog muito legal chamado Seu Toba. Menos sugestivo do que possa parecer Marcos Vieira apenas dá voz a Teobaldo Silva, vulgo Toba, cujo foco de seus relatos sofridos é o caótico e problemático metrô paulistano. Dono de um estilo de escrita elegante e diferente o autor do blog prova que sabe pensar e tem belas ideias, pelo menos belas de se ler. De qualquer forma, fica a dica, um abraço e até breve ,-)

12.5.10

Traficantes de órgãos, festas infantis e Rebolation

Para mim o domingo 25 de abril foi o dia de duas estreias. Pela primeira vez conheci alguém da internet pessoalmente e pela primeira vez fiz uma certa coreografia tosca.
Não perdoando o bolo que Jane Carmen me deu ano passado eu marquei com uma amiga. Quem?

Nome: Ana Luísa
Origem: Silksnak Chat
Ocupação: Tráfico de órgãos

Pode parecer assustador marcar encontros com gente que você nunca viu na vida, mas creio que dá pra sacar quando não há sinceridade. Eu podia até não saber o que é toba, mas eu não sou tão ingênuo assim.
Encontrar-me com uma amiga virtual foi levemente desilusório. Não que eu tivesse expectativas que foram decepcionadas, mas todo o mundo é diferente pela internet. Você vê, enfim, que a pessoa é palpável e existe. Mas isso não teve influências negativas no meu encontro, foi uma percepção muito pessoal.
Eu tinha visto ela pela webcam, então não seria difícil reconhecê-la. Mas ela só tinha visto algumas fotos minhas, então eu disse: "é fácil, se você vir um cara alto, bonito, forte e sensual, pode gritar que sou eu". Mas nem precisou, o shopping tava quase vazio no domingo de manhã. Eu cheguei um pouco atrasado, porque eu quase fiquei perdido. Eu não conheço BH direito, mas ela tava lá. Ficamos conversando enquanto esperávamos uma outra amiga minha, dessa vez de longa data e presencial. Quem?

Nome: Sara Miranda
Origem: Submundo
Ocupação: Invadir boates gays com identidade falsa

Sara e eu tínhamos um aniversário pra ir mais tarde. O primeiro ano do meu primo Pedro, que coincidentemente ia ser num salão de festas no mesmo bairro em que Ana Luísa morava. Destino à parte, a gente foi comer no Habibs e como comida industrializada e sem sabor enjoa fácil, sobrou muita esfirra.
-- O que faremos?
-- Desperdício não tá com nada. Vamos procurar um mendigo.
Nem foi difícil encontrar um. Logo na porta do shopping tinha um cara com uma aparência nem tão ruim que nos pediu cinquenta centavos.
-- Olha moço, a gente tem comida, serve?
Ele deu uma bela olhada na caixa do Habibs.
-- É, na verdade isso aí é lanche, comida é arroz e feijão, mas eu vou aceitar.
De nada.
Isso foi tudo por culpa de Sara, que tem um ímã para mendigos estranhos. Ela conta que uma vez estava passando na rua e viu um mendigo lendo Harry Potter e as Relíquias da Morte, isso na época do lançamento do livro. Outro dia ela viu um mendigo se masturbando e ficou horrorizada. Deve ser o aquecimento global.
Como a festinha do meu primo seria perto de sua casa, Ana nos convidou para ir até lá, e eu conheci a mãe dela, o padrasto dela, os irmãos dela, o tio chato dela e até as cachorras dela, muito simpáticas por sinal. O tio dela já tinha vindo na minha cidade e demonstrou conhecer realmente a região, a mãe dela até pediu que eu levasse o legítimo requeijão almenarense se eu voltasse lá. E comentamos sobre o medo que tínhamos de encontrar alguém desconhecido.
-- Fica tranquilo, hoje eu não com fome, o rim fica pra próxima.
E padrasto dela ainda se ofereceu pra nos levar de carro à festa. Nem precisava se incomodar.
Festa do meu primo caçula muito gracinha que me chama de Cacá e ri quando eu faço careta. Crianças são amáveis. Tanto que nós expulsamos os moleques da cama elástica e furamos a fila pra pintar a cara. Muito doce, palhaças chatas e... boate. Os pré-adolescentes se achando na pista. Só refrigerante, suco e água pra beber. Como não tem ice? Esqueci que é festa de criança, mas por que tá tocando Lady Gaga e... Rebolation? Que se exploda o isolamento acústico.
Podia parecer ruim e no início foi. Mas depois que você aprende alguns passos e se familiariza com a música a situação se ameniza, ainda mais se você tiver companhia pra dividir o mico.
Acho que agora estou pronto para as próximas micaretas.

1.5.10

Custa Coração

É tudo muito complicado. Sempre. Mas que se foda você não pode controlar nada mesmo, muito menos os outros. Pessoas são pessoas e sempre serão. Mas vamos tentar, o que custa? Custa coração. Não é tão simples assim. Nada é tão simples assim, infelizmente não é. Então o que fazer? A única coisa a fazer é encarar os fatos. E talvez tentar compreendê-los. Boa sorte. Você me dá um beijo e eu te dou um abraço. Você me diz te amo e eu fico em silêncio. E depois o culpado sou eu sendo que foi você que começou. Para, por favor. Um número: 727, o outro: 22, e um outro pode ser 15. 15 é bom, 15 tem dois significados. Mas o que significa? Não significa mais. Talvez nunca tenha significado. Quando a verdade vem, ela vem mesmo. Meu coração é pequeno demais. Mas a vida é hoje. Continua a música, por favor.

11.4.10

Meu Deus, meu professor lê meu blog!

No primeiro dia de aula, a minha professora de Inglês chegou pra mim e falou: "Eu entrei no seu blog". Mas com um olhar de "eu entrei no seu blog, hum, safadinho". Ah, bem que eu vi que nas férias alguém tinha pesquisado no Google pelo nome da minha professora de Inglês e chegou numa postagem bem antigona aqui do blog, com um top 5 das pérolas da minha turma (sei disso graças ao Extreme Tracking). Depois de um tempo, eu e meus colegas incrivelmente felizes estávamos conversando no recreio quando minha professora de Química falou, do nada: "E o blog, tá tendo novas ideias?" Tipo assim... hã? Mas não parou por aí não. Depois foi a vez do meu professor de Filosofia falar que tinha entrado no Hodierno (sempre achei esse nome muito estranho quando pronunciado), e ainda disse que ia me apresentar a um amigo dele que também era blogueiro. Tudo bem. Aí veio o de Português, mas esse não disse simplesmente que tinha entrado no meu blog, ele fez mais, pediu minha autorização para usar a postagem O vencedor está só, uma resenha que eu fiz dois posts abaixo sobre o livro de Paulo Coelho, numa prova. Eu permiti. Mas não pense que por fazer uma prova com um texto de sua autoria ela se torna mais fácil. O meu texto rendeu quatro questões, todas transcritas e comentadas a seguir:

QUESTÃO 01
Analise o grupo de vocábulos abaixo, todos extraídos do texto, e identifique aquele que, segundo as características morfológicas no contexto em que está inserido, destoa dos demais.
a) bobo
b) longas
c) interessantes
d) brasileiro
e) dificuldade

Essa questão está besta de tão fácil. Morfologia sempre foi a parte da gramática em que eu mais me dei bem. Se a questão fosse sobre sintaxe eu teria um pouco mais da alternativa e.

QUESTÃO 02
Explique o motivo pelo qual a palavra escolhida por você na QUESTÃO 01 não pode pertencer ao grupo indicado.
A palavra "dificuldade", diferentemente das demais, não é um adjetivo, e sim um substantivo.

Outra vez, facílima. Não é nada difícil justificar uma certeza.

QUESTÃO 03
Todos os trechos abaixo, extraídos do texto "O vencedor está só", são exemplos do conceito individual que o autor formula sobre o livro, EXCETO:
a) Bobo, essa é a melhor palavra para caracterizar o último livro de Paulo Coelho.
b) São 24 longas horas durante o festival de cinema de Cannes.
c) Há tanta literatura nesse livro de Paulo Coelho quanto num pôster do Simple Plan que eu tenho na minha parede.
d) Paulo Coelho se esquece de que ele também faz parte da "Superclasse", mas talvez ele se julgue imune a todo esse mal que acomete esse tipo de gente.

Não tive dúvidas quanto a essa também, apesar de ter havido discórdia na minha turma dos que consideravam a alternativa b. Pobres tolinhos, não veem que usei "longas" exatamente pra dizer que o livro é exagerado em narrar apenas 24h em 400 páginas? Além de que a questão fala de um conceito sobre o livro, e na opção d eu falo apenas sobre o autor.

QUESTÃO 04
Identifique a única frase de todo o texto em que o autor não coloca marcas de sua opinião.
Minha resposta: "Ele usou pessoas, fez promessas, se envolveu com deuses e diabos, tudo para ser um dia um escritor bem sucedido."
Resposta certa: "Na camiseta do guitarrista Sébastien Lefebvre há a frase I'm someone else ( Eu não sou eu)."

Bem, essa questão é muito relativa. Quem é ele pra dizer o que é e o que não é opinião no meu texto? O simples fato de eu optar por dizer que na camiseta do guitarrista tinha essa frase já é subjetivo o bastante pra tornar a frase opinativa. Mas eu confesso que tive preguiça de ler o texto todo outra vez e acabei nem analisando direito todas as frases. Essa foi a única questão da prova que eu errei.

E o infeliz do professor ainda colocou o endereço do meu blog errado na prova. Mas tudo bem eu relevo. O que importa é que pela primeira vez estou sendo reconhecido dentro do meu próprio ambiente. E tudo graças a uma pesquisa no Google, será mesmo? Só que teve outro professor que entrou no meu blog e veio falar pra mim, o de História. Só que ele me censurou por eu ter falado mal do cara que substituiu ele enquanto estava fora. Veja bem, eu não falei mal dele, olha só o breve comentário que eu fiz: "Nos primeiros 15 minutos de aula do meu professor substituto de História, ele falou '' 80 vezes." Agora ele vem me dizer que nunca mais pode indicar esse professor pra substituí-lo de novo. Ulalá, não sabia que eu era tão poderoso assim. Mas galera, eu nunca quis prejudicar ninguém, é que eu sempre considerei que ninguém do meu colégio lia o que eu escrevia, e como a internet é um mundo sem fronteiras eu sempre escrevi pra pessoas que moram longe, bem longe, de mim, então jamais refleti sobre o impacto que minhas palavras poderiam causar. Mas se isso ajuda, eu peço desculpas ao professor . E um beijo pros meus professores de Inglês, Química, Filosofia e Português e pra todos os outros que, por ventura, lerem o meu blog. E pro professor de História eu deixo um recadinho: foi mal por ter dormido na sua aula, mas não enche meu saco, afinal eu tirei 10 na prova. E é impressão minha ou você está mais magro? (momento "quem puxa saco se dá bem e ainda tira uma soneca")

31.3.10

Minhas comunidades incompreendidas

Tive problemas com a publicação dessa postagem, sinto pela falta de padronização.

O Orkut pra mim é quase inútil, eu nem gosto dele. Mas às vezes eu quero participar de comunidades que não existem lá, ou pelo menos não como eu quero. Então faço o que é mais óbvio e simples: crio. Mas quase sempre uma comunidade nova é inevitavelmente acompanhada pelo desprestígio. Ou pelo menos comigo é assim. Abaixo uma lista de todas as minhas comunidades, compreendidas ou não.


Aristóteles estava errado: Eu reconheço que somos produtos do meio e que os grandes pensadores da antiguidade contribuíram muito para o nosso conhecimento atual. Mas algumas coisas são completa burrice. Nessa comunidade eu citos os principais erros de Aristóteles com destaque para: "o peso do corpo influencia na velocidade da queda". Uma afirmação tão séria e comprometedora, mas que pode ser empiricamente negada de forma muito simples. E Aristóteles tinha sim meios pra isso.

Sucesso: Relativamente muito baixo com quase todos os membros ligados diretamente a mim. Tem uma garota que eu nunca vi na vida e entrou espontaneamente na comunidade.


Eu corro ao crepúsculo: Não encontrei no Orkut nenhuma comunidade específica para a corrida nessa hora do dia. Aqui eu apenas declaro a preferência pelo pôr-do-sol na hora de correr, por motivos variados.

Sucesso: Baixo mas com sinceridade da parte de muitos membros, como Lis Hermana, que foi quem me introduziu na corrida ao crepúsculo. Um membro completamente espontâneo, mas suspeito muito dele.


Sou do Jequi e não passo fome: Enfim o sucesso chegou pra mim. Com 755 membros até a publicação dessa postagem, essa comunidade reflete não só a minha indignação, mas a de todos os que moram no ou são do Vale do Jequitinhonha. Conhecido como uma das regiões mais pobres do Brasil, graças a estereótipos e generalizações indevidas da mídia tendenciosa.

Sucesso: Grande, com muitos membros espontâneos, graças, principalmente, ao esforço da coproprietária na divulgação.


O Pé de Ceriguela & Eu: Uma comunidade tão louca e específica que me supreende haver membros além de mim. E todos espontâneos, eu não divulguei a comunidade de forma direta pra nenhum membro. Criei ela por causa de uma história cabulosa que aconteceu comigo em cima de um pé de ceriguela, tão cabulosa que não pode ser contada aqui.

Sucesso: Baixo mas espontâneo.


Se mata, Breno!: Pode parecer ofensiva, mas essa comunidade é da paz. E foi aprovada pelo prórpio Breno que gostou muito da enquete Quem tem o melhor moicano? Criei ela pois considero Breno um cara excessivamente dramático e que deve praticar os exercícios do relaxamento e da despreocupação.

Sucesso: Grande, considerando que é dirigida a um público altamente específico.


Eu gosto da fruta!: Essa é a minha comunidade mais incompreendida. Foi acusada de ser gay por seu único ex-membro. Eu simplesmente usei uma expressão comum com uma conotação sexual em seu sentido literal pra dizer o quanto eu gosto de frutas. Usei uma linguagem sexual apenas para manter o raciocínio. Mas ela se refere apenas a gostos alimentícios.

Sucesso: Inexistente.


Meu pomo-de-adão: Quando eu era mais novo sempre quis ter meu próprio pomo-de-adão, e agora que tenho devo comemorar. Não sei porquê, mas gosto muito dessa parte do corpo.

Sucesso: Inexistente.


Bem, essas são as minhas comunidades. Mas o insucesso não me assusta. E com certeza criarei mais se surgirem ideias inovadoras.

21.3.10

Peidando pelo Toba ou A Pingola do Gato

As aulas de Biologia são sempre riquíssimas. O professor é um mestre a ser idolatrado. Mas eu tive sim uma decepção numa dessas aulas. O caso foi o seguinte: Um assunto sempre puxa o outro, é inevitável, e eis que o professor diz que algumas mulheres expelem gases pela vagina, falou inclusive que podem apagar uma vela se quiserem. Aí eu falei, inocente:
-- Ah que interessante, então elas peidam pelo toba. -- Não que eu use palavrões constantemente, mas eu quis ser cômico.
-- Não, elas peidam pelo picha. Todo o mundo peida pelo toba.
-- Pelo picha? Por que todo o mundo peida pelo toba? E os homens?
-- O que você pensa que é toba? Toba é a parte de trás, seu besta.
o_O Meu mundo caiu. Que decepção! Tipo, Papai Noel não existe? Eu sempre pensei que toba fosse um nome desagradável pro órgão feminino. Mas eu não ia derrubar minhas convicções assim tão facilmente.
-- Professor, o que é toba?
-- Toba...?
-- É a parte de trás ou a parte da frente?
-- De trás...
Ah, não! Mas tudo bem, não me conformei e pesquisei no Google.

Definições de toba na internet:

Ah, que merda! Mas, afinal, todos têm decepções na vida...
E pra piorar a minha colega ainda conta uma história, de que a gata dela tinha sido estuprada.
-- Como assim sua gata foi estuprada? Como uma gata pode ser estuprada?
-- Eu ouvi uns berros e corri pra ver. Quando eu cheguei tinha um gato em cima dela, e ela tava toda arranhada e sangrando. Ela era um filhotinho ainda.
Aí eu lembrei de um casal de gatinhos que eu tinha. A mãe deles morreu pouco depois do parto e eu os adotei. Eles eram horríveis e tinham uns olhos enormes, mas mesmo assim eu os amava. Mas havia uma peculiaridade no relacionamento deles. Eles sempre ficavam juntinhos e eu ouvia uns barulhos estranhos de sucção. Quando me aproximei para averiguar, vi que a fêmea estava chupando a pingola do macho. Chupando mesmo, e com vontade. E coitado do macho, caçou uma pingola pra chupar também e não achou. Aí ele viu o pescoço da irmã e começou a chupar. Isso tudo de saudade da teta da mãe. A pingola do bichinho ficou muito inchada e eu tinha muita dó de deixar os dois juntos.
Não sei se foi trauma, mas depois de adulto esse gato virou gay. É verdade, ele era homossexual. Tinha até um namorado: um gatão preto que ficava rondando a minha casa. Teve uma vez que eles até brigaram e meu gato entrou em casa correndo.
Esse comportamento é muito comum no reino animal, muito mais do que se imagina. Mas depois eu descobri que era alérgico a gatos e não pude mais tê-lo. E isso foi até bom, porque eu também percebi que odeio gatos.
E a partir de agora, odeio tobas também.
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