29.12.11

Lana Del Rey - Nascida para vender. E algo mais

Quando um artista novo e desconhecido desponta como uma erupção vulcânica, avassalando histerismos até onde sua música alcança, há que se desconfiar. Na maioria das vezes eles apenas reproduzem padrões e não inovam, partindo inclusive para o apelo. Mas a indústria não é uma grande bolha fechada com todos os seus estereótipos, pelo contrário, ela necessita de dinamismo até para sua própria sobrevivência.
Ano passado a cantora americana Lana Del Rey lançou seu primeiro álbum Born to die (é interessante pesquisar sobre ela para ver como advogados e empresários sempre influenciaram em sua carreira, até mesmo em seu nome). O sucesso foi instantâneo. Recentemente ela lançou o clipe da faixa-título do álbum, algo realmente surpreendente na linguagem audiovisual de artistas lançados. O videoclipe possui relações de significado intrincadas e não está pautado apenas por clichês do gênero (para ver clique aqui) . Nele, vê-se ela vestida de branco, com uma coroa de flores, guardada por dois tigres num trono dentro de uma igreja. Uma vez que o título da música é Nascidos para morrer, e o seu fim no vídeo é derradeiro, pode-se entender essa parte como um estado póstumo de graça e glória. Posteriormente no vídeo ela aparece andando por um corredor até chegar a uma porta, onde entra; uma alusão clara ao caminho para o paraíso. A simbologia da morte também é muito presente no clipe. O causador da morte da personagem que a cantora interpreta, seu namorado, foge do estereótipo do galã saradinho e é substituído por um drogado magro e tatuado, certamente não em vão. Nada melhor do que uma figura cadavérica e underground para representar a morte. Enquanto está em seu carro, a luz e o desfoco da câmera criam uma ilusão de sangue na roupa da garota. E inteligentes jogos de luz colocam o namorado em cena como um fantasma, sempre em posições ameaçadoras para a personagem, que na maioria das vezes parece não perceber. E as luzes, também presentes na igreja, simulam o movimento de um carro, afinal ela foi morta num acidente de trânsito.
Em seu vídeo, Lana Del Rey revive o videoclipe como o gênero audiovisual mais livre e onde mais cabem experimentações e prova que mesmo sendo uma celebridade construída é possível fazer arte por trás do glamour.

26.12.11

20.12.11

As fotos coloridas são de atores da Globo - As sátiras das aberturas [Caio Paranhos] #4

As versões que o programa Casseta & Planeta Urgente fazia das aberturas das novelas caíram no gosto popular. Com uma sátira e trocadilhos simples eles fizeram sucesso com títulos como Sem Hora pro Intestino, sua versão mais famosa e até hoje lembrada, e Baleíssima, com o humorista Bussunda. Apesar das sátiras não serem tão elaboradas; as canções-tema modificadas, o título da novela na maioria das vezes brincando com a sonoridade do original, e a estética da vinheta, merecem ser lembrados como a representação das aberturas de novela no humor.
Valores de significado são questionados ao dizer que as fotos coloridas são de atores da Globo e as preto e branco devem ser de figurantes, numa sátira de uma abertura que pretendia mostrar os personagens da novela destacados do resto das pessoas, que apareciam em preto e branco (até mesmo o autor da novela) sem muita razão aparente. Na sátira tudo costuma aparecer de uma forma mais literal, direta e opositora, como na versão de Beleza Pura, Feiúra Pura (sic), em que homens travestidos imitavam as modelos da vinheta original. Mais do que entreter, as sátiras do Casseta faziam críticas às aberturas e seus clichês. 


Referências:
XAVIER, Nilson. Almanaque da telenovela brasileira. Rio de Janeiro: Panda Books, 2007.


Postagem original no blog da disciplina Projetos A1, inclusive o título, cheio de regrinhas.

10.12.11

Ah, as cartas

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2011


Caros leitores do Hodierno,

É um prazer escrever-lhes hoje. Como vocês podem perceber pela formatação do texto, isso é uma carta. De amor? Entendam como quiserem. Mas o que eu queria hoje realmente era escrever uma carta, mesmo sabendo que ela não vai chegar à sua casa pelo correio, mas sim por um dos veículos responsáveis pela morte desse gênero. Ela não é manuscrita (com minha letra garranchosa), ela não tem envelope, não é selada, nem lambida. Isso não é ironia ou sarcasmo, é um lamento. A carta é um gênero tão charmoso, alimenta a vaidade de qualquer aspirante a literato, escritor ou afim. Mas já está há muito tempo em extinção. Ela não conseguiu competir com o telefone, com os e-mails, mensagens de texto, bate-papos, sites de relacionamento e inclusive mídias de difusão como um blog ou o twitter. Não me chamem de retrógrado, por favor, acho as tecnologias importantíssimas e todos os avanços nos meios de comunicação até hoje só deixaram nossa vida mais fácil e a troca de informações mais eficiente. Se quiserem me chamar de algo, prefiro vintage, pelo menos está na moda. Lembro-me das aulas de redação no colégio: texto epistolar - a carta. Produza uma carta para: amigo, parente, político, celebridade e amor. Tenho uma saudade doce dessa época, em que eu descobri minha paixão pelas linguagens e pelos textos. Tomara que as escolas de hoje não deixem isso morrer em seus alunos, o clássico convive muito bem com o contemporâneo. A cidade de Belo Horizonte ilustra bem isso, aqui a arquitetura de Belle Époque, da época da inauguração da cidade, convive lado a lado com o modernismo de Oscar Niemeyer ou com um prédio em forma de cubo. E, eu, como um bom estudante de comunicações e mídia, sei bem que um novo meio geralmente não mata o antigo, mas pelo menos redefine a sua posição, o seu papel e o grau de importância que tem. Foi assim com a televisão que substituiu o rádio como meio de comunicação de massa por excelência, e é o que a internet fará com a televisão num futuro não tão distante, eu presumo. O rádio acabou? Não, mas não influencia a sociedade como antes. Assim como a carta também não acabou, mas quase ninguém a usa como antes. O que é uma pena. Escrever uma carta é quase como escrever literatura, nela a gente preserva um estilo próprio e pessoal, como diria Fernando Sabino, outro mineiro do Rio de Janeiro e um dos grandes escritores brasileiros. Gosto do estilo dele, pouco pedante, quase vulgo, mas ainda assim (ou talvez por isso mesmo) belo. Perdi minha única correspondente, pois agora vivo ao lado dela. E o meu outro grande amigo à distância, meu parceiro e colega de glamour, não larga a veadagem e diz que precisa pensar e se preparar pra me passar um bendito endereço. Eu cansei de mendigar amor. Mas acho melhor parar por aqui, isso é uma postagem e não pode ter 3 ou 4 páginas como minhas cartas geralmente têm. Adequação é a palavra.
E como diria André Dahmer, num autógrafo que ele me deu, um forte abraço e um beijo na nuca.

Seu,

Caio

24.11.11

Araçuaí e a resistência cultural no Vale do Jequitinhonha

Hoje na aula de História da Cultura, a professora Adriana Romeiro, numa espécie de desabafo exaltado sobre o que realmente é e pra que serve a arte, disse que não se pode comparar uma carranca feita no Vale do Jequitinhonha com a Mona Lisa. Eu, com minha camiseta do grupo de teatro de Araçuaí, Ícaros do Vale, fiquei até encolhido. Longe de querer entrar nessa discussão, sobre o que é arte, o que é artesanato e qual o papel de cada um, eu sou apenas fascinado pelas culturas populares. Sempre lamento a distância que a Academia se encontra da sociedade, e uma disciplina que poderia explorar melhor a cultura do povo, nada mais é do que uma História da Arte sem critérios.
Recentemente estive em Araçuaí, e a camiseta é lembrança disso, no médio Vale do Jequitinhonha. Era a primeira vez que eu visitava a cidade e fiquei fascinado por ela. Não é nem de longe a cidade mais bonita do vale, infelizmente não há preocupação em se preservar o patrimônio histórico, mas é uma cidade interessantíssima, e, sem dúvida, a mais quente e com a maior movimentação cultural do vale todo.
Quando eu morava em Almenara (ano passado, han, nem tem tanto tempo), o que os jovens mais reclamavam era da falta de opção de lazer e cultura. Em Almenara realmente há essa falta, mas eu me questiono se os jovens iriam se contentar com uma expressão cultural local, ou iriam querer um Cinemark.
Araçuaí quebra todos os padrões, é um lugar onde a fomentação cultural é grande, e as pessoas valorizam isso. Não todos, lógico, a cultura de verdade ainda interessa a poucos, é mais fácil ser repetitivo, ouvir a música pop com a primeira parte, refrão e bridge, o filme com a estética padronizada, tudo o que a gente tá acostumado e viciado. Em Araçuaí existe grupo de teatro, de artesãos, cinema, trovadores e muito mais. A cultura lá acontece e á valorizada. Numa região extremamente estereotipada pela imagem do sertanejo pobre, isso é importante, inclusive pra mostrar que o lugar é muito mais do que apenas isso. A arte, seja ela uma carranca ou a Mona Lisa, é importante como expressão, elas não são apenas distração ou abstração, mas de alguma forma, modificam nossa visão das coisas e daquilo que cerca a obra. O Vale do Jequitinhonha não precisa de esmola, precisa de valorização, precisa que seu próprio povo valorize sua cultura. 
Ademais, pra quem quiser conhecer uma realidade fascinante e bucólica e curtir um sertão 35º, não há nada mais recomendável.

12.11.11

Vossa senhoria pode por favor considerar-se detido

Quando eu estudava Filosofia no ensino médio, eu pensava: "porra, Filosofia é tão legal, pena que eu preciso de uma apostila pra entender o que esses caras tão dizendo. A Filosofia fica restrita a quem tem uma carga cultural e literária grandes demais. Os filósofos deviam se preocupar mais em tornar sua mensagem acessível".
Ainda concordo comigo mais novo. Mas o problema dos intelectuais vai mais fundo que isso. Eles se sentem ou estão diferenciados do resto da população, dos ditos incultos. Como se fossem donos do conhecimento da sociedade, a cultura personificada, os semideuses das universidades.
É óbvio que eles não têm essa visão de si, até porque não são assim de verdade, mas são assim que aparecem e que o próprio sistema os coloca.
A ocupação da fefeleche mostra bem isso. Os campi universitários são tidos como lugares da fomentação intelectual, onde o pensamento floresce o tempo todo, e a expressão e o comportamento de quem é de lá não pode ser repreendido. Pelo menos não lá. Fumar maconha é algo extremamente corriqueiro e normal em ambientes assim, e principalmente em faculdades de ciências humanas. Aqui na Fafich da UFMG que equivale à FFLCH da USP, por exemplo, o cheiro de cigarro de palha está impregnado no prédio e faz parte da identidade do lugar, e é muito fácil também sentir o cheiro da cannabis nas proximidades do Diretório Acadêmico. 
A polícia no campus é vista como um vírus, não são alunos, nem professores, nem funcionários, são estranhos que não possuem nenhum vínculo com a comunidade a não ser um papel assinado chamado convênio. A universidade é uma grande comunidade e nós nos sentimos assim.
Mas a polícia, estando lá dentro, não pode tratar o campus como uma área especial onde as leis são diferentes. Se não pode fumar maconha no morro, também não pode na universidade, e se a polícia vê, tem que pegar. Já se sabe que não há prisão para usuários, más há advertência e aquelas bobagens de penas socioeducativas. A segurança normal da universidade não tem autoridade pra repreender dessa forma, ela apenas cuida da segurança de quem está lá dentro e adverte caso alguém esteja desrespeitando alguma coisa do tipo, estacionar em local indevido e tal. Isso é o ideal, e se a polícia se comportasse assim seria ótimo, mas não dá, porque ela não está a serviço do campus e sim da sociedade. Polícia é polícia, não é guarda.
Esses são os dois lados da questão, e os dois estão certos. Não dá pra ficar nessa crítica rasa de que os revoltados da USP são filhinhos de papai que se rebelam porque querem fumar maconha. A maconha simboliza toda a liberdade deles dentro do campus. E se são ricos, não têm culpa disso. A universidade é pública, entra quem se inscreve no vestibular e tem a capacidade de passar. Se apenas a elite consegue isso, é um problema estrutural da educação no país. E com todas as políticas superficiais de inclusão social nas universidades, é cada vez mais difícil pra eles entrar lá. A universidade é para o povo e não apenas pra classe C. Assim como a polícia não é polícia só pra classe C. E enquanto ela estiver no campus, deve continuar agindo como se estivesse na rua.


Nesse link um vídeo da presença catastrófica da polícia no Campus da Pampulha, apenas porque os alunos exibiram um filme sobre a maconha. E aqui, o blog e o twitter de um personagem muito comum em qualquer lugar: o pseudointelectual. (10 reais e um álbum de figurinhas do Rebelde pra quem descobrir quem é esse cara)

30.10.11

Soy Vicente

Loucura, obsessão, sexo (jura?), mentiras, vingança, bioética, identidade. Esses e outros temas chocam e são abordados de uma forma absolutamente interessante no mais novo filme de Almodóvar A pele que habito (La piel que habito, Espanha, 2011). O tema inicialmente é o desenvolvimento de um novo tipo de pele, mais dura e resistente a queimaduras e picadas de inseto por um cientista, motivado pela morte de sua mulher, queimada num acidente de carro. Depois novos temas são inseridos e o filme sai dessa questão clichê da ficção científica e passeia por temas mais humanos e muito mais maníacos também. Há uma espécie de drama exagerado ao se explorar questões do tipo mamãe, não sou seu filho, mas isso serve de conexão e se justifica na trama. 
O Brasil é tratado (mesmo que a palavra Brasil propriamente não seja mencionada, nem nenhuma das nossas cidades) como o esperado paraíso da cirurgia estética. Uma favela é mostrada, diálogos com porcas palavras em português, uma canção na nossa língua são ouvidos, e o nome da paciente principal desse médico é Vera Cruz, simbolismo aqui é mato e, aliás,  é extremamente bem explorado pelo diretor, seja através das pinturas de mulheres sempre nuas, seja através dos desenhos na parede e das esculturas da paciente principal, os desenhos tratando da identidade pessoal, e as esculturas, da pele como mero invólucro do homem. Um jovem é mostrado como um animal, sequestrado, acorrentado, obrigado a se adaptar, privado do seu próprio eu, e mais uma vez o símbolo do invólucro está presente nesse personagem e também no título, vale lembrar. E o maior êxito do diretor foi conseguir fazer com que o espectador sentisse que a coisa mais dolorosa que esse rapaz poderia dizer era o seu próprio nome. A pele que habitamos diz demais sobre nós, mais do que podemos querer.
  

26.10.11

Descrição da masturbação por José Saramago

“O corpo de Jesus deu um sinal, inchou no que tinha entre as pernas, como acontece a todos os homens e a todos os animais, o sangue correu veloz a um mesmo sítio, a ponto de se lhe secarem subitamente as feridas, Senhor, que forte é este corpo, mas Jesus não foi dali à procura da mulher, e as suas mãos repeliram as mãos da tentação violenta da carne, Não és ninguém se não te quiseres a ti mesmo, não chegas a Deus se não chegares primeiro ao teu corpo.” 
O Evangelho segundo Jesus Cristo

16.10.11

Sim, a embalagem é importante pra nós

A materialidade. Vivemos num mundo físico, logo isso é indispensável pra nós. Mesmo com discursos clichês de que o que importa são as ideias, a inteligência, e com teorias metafísicas que não cansam de criar a dualidade corpo-espírito, ela vai nos perseguir até que deixemos de ser materiais. Não que eu queira desvalorizar as ideias, nem a inteligência, longe disso, mas essas coisas, assim como todo o resto, precisam de um suporte. Todos nós precisamos nos apresentar o tempo todo, seja pela fonte do nosso texto, seja pelo corte de cabelo, pelo timbre da voz, estilo de vestir, design do nosso site. Poderíamos falar em identidade visual, mas a coisa vai mais além, porque ela também é tátil, sonora, olfativa e multissensorial. Sim, comandante, a embalagem é importante pra nós. Mais que isso, ela é fundamental pra nós. Presos estamos àquilo a que chamamos percepção. O mundo é percebido e precisa se apresentar. É possível ir mais fundo e dizer que a nossa percepção das coisas como elas se apresentam dependem das nossas capacidades cognitivas, conhecimento de mundo acumulado ao longo da vida, valores morais da sociedade onde estamos inseridos. E também a apresentação depende de tudo isso (o que é que não depende disso, hem?). E nesse jogo todo temos um papel duplo. Ao mesmo tempo somos o voyeur e o cineasta, a audiência e o Faustão, o paciente e o médico, o passivo, o ativo, o versátil e o assexuado. Por isso aconselho a usarem sempre desodorante e creme dental, mas não se preocupem, até os figurões põem o dedo no nariz. Um abraço

28.9.11

Ops! Copiei

Na minha pesquisa sobre aberturas de telenovela, pro meu projeto da faculdade, notei uma intertextualidade entre a abertura de Deus nos Acuda e o clipe You Only Live Once dos Strokes. Não faço a mínima ideia se é intencional ou não, mas que é parecido é. Se bem que há aquelas ideias que todo o mundo tem, o lugar-comum da criatividade. De qualquer forma, é interessante observar. 


Alguém abre o ralo pros Strokes?

22.9.11

Porque não dá pra subir pra baixo

O tema do dia de hoje é pleonasmo, redundância, tautologia, ou seja lá o nome que você dá ao uso enfático de expressões e termos óbvios, ditos desnecessários por muitos. Como a língua é uma das minhas paixões, além, é claro, dos livros, da internet, do pão da alegria e do sanduíche de boceta; eu gostaria de falar sobre o tema, não com a propriedade de um estudioso, nem mesmo de um estudante, mas com o interesse e a leiguice de um curioso. 
Alguns pleonasmos realmente devem ser evitados. Na verdade, o máximo que pudermos em situações cotidianas e expressões triviais, mas eu conheço um bom uso para eles, justificável o bastante pra calar qualquer pseudointelectual de merda que segue as dicas do professor Pasquale e acha que manja tudo de português: a ênfase. Sim, comandante, expressões tautológicas expressam nada mais ou menos que ênfase, autoafirmação, necessidade de salientar qualquer fato ou informação, chamar a atenção do ouvinte; muito menos que descuido com o idioma ou falta de leitura de manuais baratos de gramática.
Lembro quando eu jogava Harry Potter em português lusitano e o Rony fugindo de uma aranha, gritava: "Ela me viu a mim!", ou da expressão espanhola "a mí me gusta", totalmente correta e inclusive mais formal do que dizer apenas me gusta. Brasileiro tem mania de querer ser mais sabido do que realmente é, já vemos aí muitos com medo de dizer "risco de vida" achando que é erro, o que é, infelizmente, reforçado pelos gramáticos vernaculares da imprensa. A língua é muito mais que decorar regrinhas, galero.


Até mais, nos vemos por aí. Em cima ou embaixo.

16.9.11

o sapato é da mãe dela

sei não, sabe. ultimamente eu tô mó na dúvida. como cê tá, velho? tranquilão. tranquilão eu tô, né, por fora da casca dura da baratinha. tudo bem que eu queria muito ter sete saias de filó, mas o que mais me frustra mesmo é que eu não sou um colírio capricho. eu digo pra minha mãe que preciso de dinheiro, ela diz, pede o seu pai, eu peço o meu pai, ele diz, espera semana que vem. eu digo, mãe, agora eu sou bolsista de extensão, vou trabalhar com podcast, tipo rádio na internet, vou dar oficinas pra jovens de escolas públicas do vale do jequitinhonha, ela fica feliz, mais do que eu até. nunca fui muito bom em exteriorizar minhas emoções. ponto pra pedrinha. aí eu tô ouvindo funk no carro e recebo uma mensagem que me deixa meio lá meio cá, sei lá, algumas pessoas não tem muita noção do que escrevem, você não sabe o que aquilo quis dizer, ou talvez tenham até noção demais. demais. porra, tá tocando valesca popozuda, aumenta o volume aí. eu não quero ficar aqui não, eu quero ir pra casa. velho, você tem que conhecer o amigo da paulinha, o dan, ele é muito gente boa. ah, depois vocês me apresentam. putz, eu tava na aula viajando, escrevi umas coisas meio cabulosas em espanhol no meu corpo. tengo ganas de ser aire, y me respires para siempre. olha eu aí, tenho o estranho gosto do clichê romântico nessa língua, acho digno. tá bom o negócio aí, mas tá tarde, eu vou ter que ir, falou, galera, a gente se esbarra. é que é muito difícil mexer com essas coisas, é melhor nem procurar, sabe. acho que pelo menos um anel de formatura eu mereço. quem sabe até um sapato de fivela? tamo aí.

30.8.11

A mais-valia

Karl Marx define a mais-valia como a diferença entre o que o trabalhador produz e o quanto ele trabalha. Por exemplo, um operário passa o dia inteiro fabricando um carro, porém apenas um período dessa jornada é revertido a ele em forma de salário, ou seja, ele trabalha não só para produzir o carro, mas também para sustentar o lucro de seu patrão, que vende esse carro a um preço mais alto do que ele vale e assim consegue obter margens altas de lucro.
A mais-valia ao longo dos séculos da história capitalista tem evoluído para manter-se a mesma em sua essência, com melhorias evidentes para os trabalhadores, mas com uma diferença: a mais-valia, provavelmente, muito maior do que antes. As empresas criam artifícios de se tornarem cada vez mais absolutas e poderosas.
O que se pretende discutir é: a forma de remunerar os trabalhadores pelo tempo trabalhado é a mais correta?
Recentemente algumas empresas têm implantado um sistema inovador na relação trabalhador/trabalho/patrão. Nesse sistema, ganha-se não pelo tempo trabalhado, mas sim pelo que é produzido. E o que se tem observado são resultados positivos. Melhora-se a autoestima da pessoa e, consequentemente, sua produtividade. Isso iria acabar com a clássica divisão do dia em fatias de 8 horas feitas para o trabalho, lazer e descanso.
Esse sistema não propõe a extinção da mais-valia, até porque nas mãos dos grandes oligopólios, encontraria-se uma maneira de explorá-lo da mesma forma. Mas um sistema como esse e possíveis evoluções dele levantam uma questão de fundamental importância para toda a humanidade: nossa relação com nossa principal atividade, o trabalho, e a forma como essa relação é mediada, seja por interesses financeiros, de obrigação, prazer, enfim. De qualquer forma, reflexões como essa deixam uma mensagem: existe gente atrás das máquinas, e os interesses de cada um valem para a construção de um coletivo saudável.

26.8.11

O sexo pelo que ele é

Lucas Diniz é um estudante de Comunicação Social e fotógrafo que recentemente fez um ensaio explorando a temática do nu de uma forma mais sensual ou sexual, como ele prefere dizer. Ele acredita fortemente na relação que o nu na arte tem com os instintos mais selvagens e primordiais do homem. No bate papo que segue abaixo, ele mostra a sua visão sobre o tema e fala do seu trabalho com ele.

O Hodierno: Por que a maioria das fotos está em P&B e somente duas são coloridas? Eu notei que elas traduzem certa individualidade.
Lucas Diniz: Pois então... Eu tirei todas as fotos coloridas e depois fiz a edição para o P&B. A questão é que por se tratar de algo mais artístico (e em que mesmo nas fotos mais picantes eu tentei explorar essa questão da beleza estética, não sensual) eu quis enfatizar as formas dos corpos e os toques e a melhor forma que encontrei de enfatizar formas é colocando-as em P&B. Já que se fosse colorida, outros elementos chamariam mais atenção na foto que não as curvas e etc, porém, na hora de passar para o P&B, percebi que duas em particular expressavam mais do que simplesmente os formatos e que elas expressavam algo a mais... um sentimento, talvez. Nessas duas eu mantive a cor, só deixando mais acinzentado mesmo. Percebi que quando passei as duas fotos pra P&B, a qualidade ficou enfraquecida foi quando notei que as duas tinham algo a mais, além do nu e além do corpo em si.
OH: Por que esconder os olhos?
LD: Por 3 motivos: 1) eu queria mais impessoalidade nos modelos; 2) eles são (acredite!) muito bonitos e não quis que o rosto tirasse o foco do corpo; e o mais importante: 3) eles não queriam ser identificados, na verdade juntamos o útil ao agradável.
OH: (risos) Adoro sinceridade artística. O que você quis comunicar usando o nu no seu trabalho? Choque, transgressão, erotismo, quis ser apelativo de alguma forma?
LD: Na verdade, essa é uma questão meio polêmica. Algumas pessoas vieram me falar algo como "não achou que seu trabalho ficou muito apelativo pra algo artístico?" A minha intenção nunca foi fazer algo estritamente erótico e coisas sutis não estavam nos meus planos, o que eu queria mesmo era provocar ou adoração ou ódio, não queria que ficasse sendo "só mais um trabalho" e não é questão do erótico... Independente do tema pelo qual eu optasse, a minha intenção seria provocar algo mais forte no observador. Minha proposta era criar algo viril, o que pode ser explicitado pelas posições sexuais mais intensas e sem muito cuidado amoroso, eu queria fazer algo como "o sexo pelo que ele é", mas nesse intuito tive que acabar colocando umas fotos mais brandas como as duas coloridas e algumas da menina sozinha apesar de que acredito que mesmo algumas da menina sozinha façam alguma apelação nem que seja pela provocação do desejo.
OH: Na intenção de criar algo viril, você chegou a cogitar usar dois modelos masculinos?
LD: A minha intenção inicial era usar dois homens e duas mulheres e fazer fotos em grupo, em dupla e até algumas gays. Consegui os 4 modelos pra isso, porém por problemas técnicos de horário não pude reunir todos eles, aí fiz dois dias de ensaios, o primeiro dia com um casal e o segundo com outro. No segundo dia, os modelos me satisfizeram mais quanto ao que me propunha; no primeiro dia, nem tanto, e apenas uma foto dentre todas é deles.
OH: Seu trabalho é inspirado em alguém? Você admira ou conhece algum outro artista que explore a nudez?
LD: Na verdade, me inspirei muito em algumas fotos de alguns tumblrs que abordam muito a temática, e no fotógrafo Robert Mapplethorpe, ele tem alguns ensaios eróticos. E outros que exploram muito a beleza do corpo: http://fuckthesex.tumblr.com/; http://lovemewithoutpants.tumblr.com/ e http://fucckitup.tumblr.com/
OH: Você acha a nudez um bom recurso pra fotografia e arte em geral?
LD: Eu acho, porque a nudez acaba apostando em alguns pontos que todas as pessoas se interessam: 1) elas fazem sexo; 2) muitas passam grande parte do tempo pensando em sexo; 3)muitas passam grande parte do tempo pensando em como evitar o sexo; 4) muitas passam grande parte do tempo pregando sobre o pecado do sexo; 5) e muitas pessoas veem sexo como tabu. São muitos temas que causam muito interesse seja pra falar mal, ou pra falar bem, sem falar que sexo e nudez são temas tão vastos, ao mesmo tempo em que existe pornografia, existe arte clássica com homens gregos nus. E enquanto houver vida no mundo e a evolução da espécie, o sexo sempre será muito importante.
OH: Você não acha que a pornografia, aquela mais pornô mesmo, não perde o senso artístico? Pornografia é arte?
LD: Não acredito que pornografia seja arte porque não tem abstração nem possibilidade, de fato, pra se fazer leituras por trás da leitura principal. Mas não é porque não é arte que não é bonito.
OH: Lucas, valeu mesmo pela entrevista. Quer fazer alguma consideração final?
LD: Na verdade, não...

20.8.11

A semana

A semana? A semana foi boa, e má também. Porque tudo tem seus dois lados, ou mais. Eu tô doente, comandante. E senti na pele o quão difícil é conseguir um atendimento de urgência pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais, meu plano de saúde. Eis o espírito da coisa pública.
Nessa semana eu tenho conversado bastante com o Conrado Miguel também, um grande amigo meu, às vezes eu até posto uns textos dele aqui. É um cara legal, muito inteligente e um pouco melancólico, ele diz que gosta de aproveitar as coisas tristes e belas. Ele tem muita razão, existe bastante beleza na tristeza; a tristeza inspira mais que a alegria.
Mas a semana também foi alegre. Alegre pra família, acho que estou me sucedendo bem em reatar e fortalecer alguns laços, que são mais importantes do que parecem. Eu sempre achei que a convivência com a família é forçada, já que ninguém escolhe aquelas pessoas pra se relacionar, elas simplesmente estão ali. Mas mesmo assim elas podem ser bastante agradáveis, afinal você é muito mais parecido com sua família do que pensa.
A semana foi derradeira pra quem gosta de TV. Gilberto Braga e Ricardo Linhares nos presentearam com um final no mínimo polêmico. Não posso falar disso com propriedade, já que não sou nenhum noveleiro, mas é sempre bom acompanhar o que é sucesso popular e talvez analisar isso. Me surpreendi hoje relendo um comentário que eu fiz ontem: "A cena da morte do Leo foi um exemplo de extremo mal gosto, misturando uma espécie de sadismo bizarro com um drama mal elaborado e estranho e uma trilha sonora macabra e quase diabólica. Não se sabe se a intenção foi chocar, fazer rir ou chorar. Não importa qual seja, nenhuma foi alcançada. A cena se aproximou muito de algo cru, indefinido e mal construído, além de ser quase inverossímil."
Quando eu crescer eu quero ser igual ao Delfim! Beijo, me tuítem, fui.


16.8.11

Conversas telefônicas alheias

-- João tá acordado até agora, você acredita? Ai, menino! Beijando aqui meu braço. Oi, que negócio é esse de depois de casar? Eu ri tanto dentro do ônibus, mas eu ri tanto! Cê é bobo demais. É que eu fui no shopping trocar um vestido e o Ricardo deu uma bicicleta pro João. Por isso que eu demorei, entendeu? Não, eu não vou dormir lá fim de semana, não. Ninguém merece! Ai, João! Deitando aqui em cima da gente. Vem cá, que história é essa de cutucar a onça com vara curta? Rá rá rá, ai ai, você é bobo demais. Ele tá aqui querendo que eu beije a bochecha dele. Para, moço, eu não quero beijar você, não. Hã? Ai, você tá cutucando a onça com vara curta? Eu acho que tá, você não vai resistir, não. Será que você vai resistir quando chegar aqui? Você vai querer segurar as pontas? Não, eu quero saber, ué. Dúvidas sobre? Hã? Mas você quer resistir? Por quê? Por que você quer isso de casamento? Não vou estragar isso. Entendeu? Já que você quer tanto casar virgem, não sou eu que vou estragar isso. Você tem namorada, mas pra ela é mais fácil que pra você. Ai, João! Ai! Nossa! Pode falar, eu dou uns tapas e ele sossega. O meu problema é mais fácil de resolver do que o seu. Por que não? O meu? Por quê? Como vamos dizer, eu não gosto tanto como você gosta dela. Eu não tenho planos de casar, já você tem. Tem esse monte de... é. Sei lá, mas pode chegar uma hora que ela vai chorar e tal, você pode ficar com a consciência pesada. Tá sentindo falta dela? Arrã. Arrã. Aquela amiga sua? Entendi. Onde você encontrou sua amiga? Onde você enc... João, pode parar! Hum, entendi. Só fui no shopping trocar meu vestido, mais nada. E o namorado dela? Ela é irmã da sua namorada? Ah, tá, entendi. Entendi. Eu gostei de saber. Que hora? Que mensagem? Se o quê? Tava aqui em casa. Você falou com ela que a gente conversa? Hm. Ai, João, ai! Para! João tá chato demais. Como é que é? Quem? Você e ela? Qual praia? Suzi não vai não? Ah, é, vai pro... pro... E você ia pra praia com ela? Hmm. Só perguntou o porquê? Rá rá rá. Você ia pra praia com ela? Com sua amiga. Você ia de moto? Não gostei não, tá? Ainda bem que o namorado dela chegou, bem feito! Rum, uai, uai, uai digo eu. Manda ela ir pra praia com o namorado dela. Mas por que vocês não vão pra praia com o namorado dela? Ah... tá vendo, né? Arrã. Arrã. Hã? Vai, mas é diferente. Por que a gente vai ser só amigo? Hã? Por que a gente não vai pra praia ano que vem? Então, só tô comparando, como você dois são amigos, nós também somos. Amigos, não é isso que você falou? Eu. Ai, ai. Fiquei! Não quero mais ficar não. Não importa. Independente. Então quer dizer que no ano que vem a gente vai pra praia como... amigos? Caiu o ódio de você agora. Tô com ciúme também. Hã? Que... O que foi, João?! O que você pôs na boca? Peraí, rapidinho. Abre a boca! O que você colocou aí? Deita pra cá e vai dormir, anda logo! Abre, a boca, João, o que você engoliu? Tá machucando, você quer água, quer? Quer coca? João! Ele tá é com sono. Tô com medo dele ter engolido alguma coisa. Eu te ligo em dois minutos, vou só pegar uma água ali pra ele.

15.8.11

Ideias e imagens que perpassam no espírito de quem dorme

Depois da festa eu dormi. Enquanto dormia eu sonhei. Foi um sonho estranho como a maioria deles são. Eu sonhei com a festa, eu beijava a minha colega. Ela pulou em mim, envolveu minha cintura com suas pernas e meu pescoço com seus braços enquanto eu a segurava pelas coxas. Era um beijo violento, masculino e ardente, e tinha outra coisa, a língua dela, era áspera como a de um gato, e no sonho isso me causava estranheza, mas mesmo assim eu gostava. Era bom. Depois de um tempo ela já não era mais a minha colega e sim outra pessoa que talvez eu não faça a mínima ideia de quem seja. Já isso não me causava estranheza nenhuma, como nos sonhos sempre acontecem as coisas mais extraordinárias e tudo é tão normal, pra gente aquilo é o que existe, e ai de quem disser que aquela realidade é um sonho, soco-lhe a cara. O que aconteceu depois, ou não tem a mínima importância ou eu não me lembro bem, mas que se exploda. Eu já desisti de tentar entender esses sonhos malucos. Minha cabeça perturbada sempre me dá esses presentinhos especiais. Bolinho frito, normalmente recheado e polvilhado com açúcar. Esse é o único que vale a pena.

Conrado Miguel

9.8.11

Jorge - Um mito

Sim, eu estou tentando voltar aos poucos. Longe da escrita, eu tento ressignificá-la pra mim. Não só a escrita, mas hoje venho apenas mostrar o site que foi o meu trabalho final de design e os programas de rádio que foram meu trabalho final de som na faculdade. Meus não, do meu grupo. Para entrar no site, basta clicar aqui. Divirtam-se. (Melhor visualizado no Google Chrome, de verdade)

Bastidores Jorge - Um mito

25.7.11

Está chovendo, amor

Isso é tão ridículo e infantil, mas ele não sabia melhor maneira de se expressar. Por que ele? Não sei, pouca diferença faria se fosse ela, mas ele prefere que seja ele.
-- Como vai?
E se você tiver milhões de coisas pra fazer e não tiver vontade de fazer nada? É mais crível que se chame isso de preguiça, mas ele não sabia se era isso, apenas sentia.
Como eu vou... Eu não vou, logo não sei como. Quer não ir também? Vamos não fazer nada juntos.
-- Bem.
Que sensação terrível. De não pertencer ao mundo, de não fazer parte da ordem das pessoas, de ser algo melhor, ou infinitamente pior. Nem isso ele sabia definir. As palavras iam deixando de fazer sentido, as coisas perdiam importância. Ele lembrou de algo que uma amiga dissera, as melhores coisas da vida não são as coisas. Mas ele já não sabia o que era a vida.
Acho que a única coisa que ele sabia era a razão de sentir assim. Quanta babaquice, é por isso? No fundo a razão não importa, hem, ele sabe que é tolice, que não faz o mínimo sentido. Mas aconteceu, e então? Um disparo para o coração. Ele adora brincar com os furos do acordo ortográfico. O que é o contexto, afinal?
-- Está chovendo, amor.
-- E parece que não vai parar tão cedo.
-- Tomara que me lave.
-- Qual a alma que não precisa de um banho?
-- Tira essa roupa, vamos nos molhar.
-- Está chovendo amor.
-- Faltou uma vírgula.
-- Não faltou, não.

21.5.11

Caro diário,

Hoje eu tomei uma decisão. Eu estava tentando dormir há pouco, acho que consegui e sonhei até. Estou cansado, cheguei em casa tarde e não dormi muito, nem bem. A noite foi estupenda, não reclamo de nada. O motivo que me traz aqui é outro. A decisão que eu tomei foi a de parar de escrever no meu blog. Pelo menos por enquanto, não sei o que eu sinto direito, minha vida sofreu uma reviravolta nos últimos tempos, não reclamo outra vez, pelo contrário, mas talvez a forma como eu tenho absorvido isso e uma série de outros fatores daquela ordem clássica e diversa me levam a repensar se o meu papel lá tem sido sincero. Pois não quero representar, isso é a última coisa que eu jamais ia querer, por isso sei a hora de parar. Eu digo parar, e isso pode soar definitivo, mas saiba que não é, eu nunca vou abandonar aquilo. Eu não sei onde o meu blog vai me levar, ou até onde ele me trouxe, e é por respeito e consideração a ele eu quero que nossa relação seja a melhor e mais natural possível. Infelizmente abandoná-lo significa abandonar os blogs dos meus amigos também. Pra mim significa, eu não sei separar as coisas. Eu não ia conseguir ser apenas um leitor passivo nessa relação, ia me sentir profundamente incomodado e insatisfeito. Espero que eles compreendam. Não vai ser a primeira vez nem a última que eu faço isso. Sei que quando voltar não serei mais o mesmo. Agora mesmo já não sou, o mesmo de ontem, nem de amanhã, nem de nunca. Por via das dúvidas a caixa de e-mails vai estar sempre aberta.
Até sempre, comandante.

8.5.11

De carroça à Bahia

Eu passei o último feriado na Bahia. Eu precisava da Bahia. A Bahia é demais. E não digo só cidades costeiras e pontos turísticos, também é bom conhecer a real Bahia. Já fiz um pequeno tur pelo sertão, foi incrivelmente interessante. Dessa vez eu estava numa cidade até então desconhecida, Nova Viçosa. And what about the old one?
Costa Sul. Cidade pequena e tranquila. Um fuga das praias cheias e badaladas de Porto Seguro, a cidade mais procurada da região. Eu passava os dias na praia, e as noites na praia, vendo as estrelas cair. Uma delas se desfragmentou logo acima da minha cabeça, eu fiquei até com medo quando vi aquela bola luminosa se aproximando. Devia ser das grandes.
Aquilo pra mim era um paraíso. Sempre curti muito a tranquilidade e o bucolismo, e agora que vivo numa metrópole, curti ao cubo.
Tinha um garotinho lá, ele tinha 8 anos, se me lembro. Dizendo que não gostava da cidade. Ele morava na beira da praia, entrava no mar todo dia, e via as baleias no meio do ano.
-- Não gosta o quê, cara pálida? Você vive num paraíso.
Mas é isso, a gente tem uma tendência a supervalorizar o que não possui. A velha história da grama do vizinho ser mais verde. Eu sei bem disso, já fiz isso. Depois você desilude, tudo tem seu lado bom e ruim, é só saber aproveitar os dois.

1.5.11

Carta Recortada

Belo Horizonte, 4 e 5 de abril de 2011

Jane,

Escrevo da cantina da fafich. Calouro típico. Paciência. Necessito usar meu mapa pra andar pelo campus. Do ICB à Escola de Belas Artes, depois dei a volta passando pela Imprensa Universitária. Ou uma máquina antiga de café.
Às bibliotecas. Laboratório de computadores daqui, mas não me sinto muito à vontade. À biblioteca da Face (24h) irei quando estiver com uma insônia maior que a habitual.
Manuela Carneiro. Não sei o que fui caçar lá, só tinha estudante de antropologia. Uma mocinha da Califórnia.
Estudos sobre Nietzsche. Como um hobby.
Reuniões do ComuniCA. Vinho e cachaça de graça, por que você acha que eu estou indo?
Eu tenho medo que ele caia na minha cabeça. Ele treme, é sério. Escola de Engenharia, por favor.
-- E aí, Tamy (escreve assim?) Gretchen, como você está? E o que a mamãe achou daquele ensaio que você fez, hem?
16 quadras. Um sonho de liberdade. Orgulho e preconceito, A Viagem de Chihiro e Amélie Poulin. Última parada 174; Vermelho como o céu, Madame Bovary, Dez, Saneamento Básico - o filme. Erico Verissimo e exatamente o contrário do que acontece em Vidas Secas. O Retrato de Dorian Gray.
As minhas férias foram longas demais e tinha um agravante, eu não sabia quando iam terminar. Juiz de Fora. A cidade deve possuir a maior população fluminense fora do Rio de Janeiro. Fora que eu teria de ir pra Brasília. Se o trânsito belo-horizontino já me deprime imagina o paulistano. Uma tentativa clara de tapar o sol com a peneira.
Rubim e Almenara. Depois fui pra roça de vovó no Jeribá. Gosto muito de ir pra lá porque não tem energia elétrica. É absolutamente encantador tirar férias da civilização É, mocinha, o buraco é mais embaixo.
Parti pra Montes Claros. Aliás, a minha primeira refeição lá foi um peixe com gosto de pequi. O que está da guarita pra fora não faz parte da sua vida naquele universinho particular, e se o seu dinheiro pode pagar um lugar que mais parece um hotel pra morar, o que te importa isso afinal?
Pra casa. No caminho abra os vidros. Essa vida de cão. A gente se sentir menos especial. Eis o espírito beaguense.
Finalizar, termino. Um abraço.
Seu,
Caio

P.S.: Espero que goste do animê, o final não me agrada.

20.4.11

A massificação e a desmistificação da mídia

A espetacularização da mídia é algo que me preocupa muito, mas não quero ser radical nesse aspecto. Querendo ou não, é uma realidade inevitável numa sociedade de consumo. É assim desde o surgimento da imprensa (é claro que não como hoje) lá nos confins do início da Europa moderna. Quem escreve quer ser lido, e quem lê quer ler algo que lhe interesse, formando um ciclo e uma indústria enorme por trás disso. Eu estudo comunicação e isso me deixa num impasse terrível. Por um lado a grande mídia está totalmente imersa na sociedade do espetáculo, descrita por Guy Debord e pela escola frankfurtinana, e cria um novo gênero que é a notícia-mercadoria. Esse é um dos fatores pelo qual eu jamais me interessei pelo telejornalismo, onde o sensacionalismo manifesta-se na sua potência plena.
Agora por outro lado, a mídia alternativa é alternativa demais, e uma vez que seus meios vangloriam-se por isso, tornam-se pedantes. As reportagens da revista Piauí por exemplo (créditos: Paulo B.) são verdadeiras aulas de história; enormes e às vezes me dão a sensação de que não chegam a lugar nenhum. Não digo que são ruins, pelo contrário, são extremamente ricas, mas ao falar sobre a inflação ela prefere fazer um panorama do contexto da criação do Banco Central do que discutir o volume de importações. Esse é o verdadeiro X da questão do jornalismo. O jornalista escreve sobre o que aconteceu hoje, ao contrário de um historiador, que tem à sua disposição anos de maturação de fatos e fatores.
Eu sei que é precipitação da minha parte julgar toda uma esfera midiática a partir de apenas uma publicação (e há coisas mais alternativas que a Piauí sem dúvida), mas aí chegamos a outro X de outra questão: a mídia alternativa é pouco conhecida (e não é por isso que é alternativa?) e o pior de tudo, não exerce impacto nenhum na sociedade. Tente inverter os papéis, se o jornalismo de contracultura (que ganharia outro nome evidentemente) fosse a grande onda da vez, seria cult ser massificado?
A dominação e a manipulação da mídia não é algo exatamente claro. A revista Veja que tem tendências fortemente direitistas, já foi censurada durante a ditadura e já foi pega por mim criticando a política ocidental de petróleo no oriente. E eu ainda tenho esperanças de ficar sabendo que o Jornal Nacional terminou com uma notícia triste ou qualquer coisa mais perturbadora do que as bobagens que eles passam para amaciar os noveleiros.
É esse o meu impasse; eu não sou azul nem vermelho, sou roxo. Eu nasci para as mídias, mas as mídias não nasceram para mim. O feriado me chama. Beijo, me tuíta, fui.

P.S.: A imprensa alternativa ainda é mais interessante que a convencional, principalmente quando o assunto é cultura.

9.4.11

O papa é meu bro.

-- Você gosta da Turma da Mônica?
-- Hã? Dominar o mundo? Adoro.
Pink e o Cérebro feelings manifestando surdez matutina orgulhosamente apresenta:

Six Degrees, a teoria mais útil da sua vida

Um certo amigo meu narigudo aí, num belo dia de equinócio, presenteou os meus sofridos ouvidos com uma estranha teoria chamada Six Degrees, em inglês, seis graus numa escala fictícia que mede a nossa proximidade com a de qualquer pessoa na Terra. Ela diz o seguinte: Você está no máximo a seis pessoas de distância de qualquer outra pessoa no mundo. Você conhece alguém, que conhece outro, que por sua vez conhece outro e a sua conexão está feita. Você está a seis pessoas do papa, ou de Barack Obama, por exemplo. Na hora me pareceu curioso e tal, mas nem me passou pela cabeça estabelecer essas conexões, não conheço ninguém famoso mesmo. Depois de um tempaço uma colega minha disse despretensiosamente que sua mãe já tinha namorado o ex-governador Aécio Neves.
-- Puxa, você deve ser uma filha bastarda.
Depois de ainda mais tempo a minha lâmpada fluorescente de ideias acendeu. Bem, eu conheço a mãe da minha colega, ela conhece Aécio Neves, Aécio conhece Lula e Lula conhece o papa. Pimba! Conta aí, 1, 2, 3, estou a 3 pessoas do papa, nem gastei toda a minha cota de gente! Eu consigo chegar ao papa também por outro caminho. Aécio Neves já almoçou na casa da minha avó, infelizmente eu não estava lá, mas enfim, vovó, Aécio, Dilma e papa. A mesma coisa acontece com Obama e consequentemente com qualquer pessoa que ele conhecer. Também consigo me conectar com qualquer astro do Projac através da tia de uma outra colega que diz ser a manicure das estrelas. Óia que coisa. Depois de ver os caminhos de outros amigos descobri que Aecinho é nossa conexão com o mundo.
Agora bem, se essa teoria for realmente verdadeira ela deve funcionar pra qualquer pessoa do mundo. Eu necessariamente também devo estar a seis pessoas de uma professora primária do Camboja, por exemplo. O que, evidentemente, é mais difícil de constatar. Mas é isso aí, vocês desocupados da vida, aproveitem essa teoria útil pra cacete e descubram suas conexões, elas podem te servir de pistolão um dia. E se vocês já me conhecem, não se esqueçam, estão a 4 pessoas do papa!
Ele diz amém.

3.4.11

Diogo Mainardi diz

que não é jornalista. Evidentemente que não, percebe-se por seu senso crítico distorcido. Mas escreve humilhantemente bem e tem um dos estilos mais ímpares que eu conheço. Ponto positivo, publicações como jornais e revistas devem ser feitas com a colaboração de profissionais e especialistas diversos, algo que precisa ser resgatado na grande mídia.

Decepciono-me com ele ao vivo. Tem a voz fina.

P.S.: Criei um tumblr, nem sei direito o que é na verdade, mas estou tentando me inteirar mais nessas merdinhas sociais da internet. O nome? Rá, nem perguntem, parei de jogar Cityville. Clica aí.

30.3.11

Longe de casa, arma de caça

Como vão vocês, meus caros? Eu vou bem, obrigado, e sinto por ter estado distante nas últimas duas semanas (nossa, foi tanta mudança que parece que passou muito mais). É que eu mudei de cidade, tô fazendo Comunicação Social na UFMG e tive que vir pra BH. É muito difícil se despedir da família e da sua vida pacata pra cair só e desamparado noutro canto. Mentira, é drama meu, Belo Horizonte é uma roça bem grande, a única diferença é que você não vê vacas, mas tem muitos outros bichos, peruas, veados, gatos e gatas, e nem precisa ir muito longe para encontrá-los. Aqui na Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, onde funciona o meu curso) você vê todos esses e mais. Minha vida nem tá bagunçada, pra vocês terem uma ideia, até ontem eu não tinha guarda roupa, abri hoje minha conta no banco e (putz) ainda não tenho internet em casa. Por isso estou usando a WFafich, internet wireless de 500kb/s de graça, no meu note. Caralho, as bibliotecas daqui são orgásmicas, são 26, todas demais, se tiverem interesse, pesquisem o acervo online. Esse foi um dos motivos de eu ter preferido aqui à UFJF e seus pontos turísticos como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, sabe, essas coisinhas que são o orgulho de Juiz de Fora.
O curso de Comunicação tem a mesma base pra quem vai se habilitar em Publicidade, Jornalismo e Relações Públicas, então eu tô tendo aula de design e coisas mais voltadas pro lado da publicidade, enquanto eles estão vendo coisas mais voltadas pro jornalismo, enfim, é bem legal, qualquer dia desses eu posto as merdas que faço nessa aula, que é essencialmente prática. Mas no fundo é tudo muito interligado, esse negócio de mídia e meios de comunicação, um profissional não existe sem o outro.
Pretendo também falar alguma coisa sobre a a preparação de BH pra copa, e a recente notícia de que ela seria a sede mais adiantada (então nem quero imaginar como estão as outras). Esse tipo de coisa serve pra ilustrar o papel manipulável da mídia e o investimento de governos em propaganda. O corte da UFMG foi de R$ 9 milhões segundo fontes leigas, preciso averiguar melhor essa informação, mas quanto será que foi cortado na verba de propaganda?
Enfim, são muitas coisas. Estarei de volta a todo vapor em breve. Visitarei os amigos nas minhas próximas tardes vagas faficheiras. E, Jane Carmen, minha filha, vamo almoçar logo lá no bandejão antes que o preço suba.

P.S.: Um último apelo. A Fafich devia abrir o curso de bacharelado em tabacaria. Aqui eu fumo até maconha passivamente.

11.3.11

Carnaval de Metal

Bum bum paticumbum. A moda esse ano é top-less. ÊÊÊÊÊÊ, todo o mundo de peitinho de fora! Mas ninguém estava, só os homens travestidos, aliás. Que falta de classe! Quando me travesti (uma vez apenas) numa brincadeira na escola, tive todo o cuidado de me produzir like a diva. E esses homens ficam aí, todos descabelados, borrados, mais parecendo putas ou palhaços do que mulheres. Se não fosse o espírito da brincadeira seria uma falta de respeito. Mas homens travestidos ficam muito mais engraçados que mulheres, lembro uma vez que pra sair do lugar-comum, uma amiga pôs uma beringela na cueca, e outra se vestiu de executivo. Criatividade e empenho são os fatores que mais contam numa fantasia. Pra se destacar é o que vale.
Eu passei o carnaval conversando com um metaleiro depois de uma partida de sinuca, cujo convite foi "Bora jogar, porra". Achei melhor ir por motivos de segurança
-- Você também é trash?
Tive um belo devaneio nesse momento. Voltei ao passado, quando tinha 13 anos de idade e estava numa fase típica. Me achando mega revoltadinho, a coisa mais revoltante que eu fiz foi passar a odiar a minha professora de português. Que merda era isso. Ouvia Slipknot, Stone Sour, Korn e System of a Down. Quem diria que hoje eu fosse gostar de indie rock e samba.
-- Slipknot não é heavy metal.
-- E Marilyn Manson?
-- Marilyn Manson é veado.
-- Tá bom. Você tá aí com essa camiseta do Slayer, eu tenho uma camiseta do Fresno, que comprei pra uma brincadeira da escola, mas eu tenho vergonha de usar.
-- O que é Fresno, é bom?
Beleza, curtir um estilo só não é alienante.
-- É emo.
-- Ah...
Depois eu até ouvi algumas canções com ele, estava ajudando nas traduções. Os títulos eram coisas do tipo: Enemy of God, Pleasure to Kill, Hell Ways, e por aí vai. Esse é um assunto muito delicado, o de que os metaleiros são satanistas. Em janeiro, quando eu estava em Belo Horizonte fazendo as provas da segunda etapa da UFMG, conheci outro metaleiro que era ateu e dizia que o que há mesmo é muito preconceito contra eles, se ele era ateu, evidentemente não acreditava nem em Deus nem no diabo, e qualquer teísta era muito mais satânico que ele. Pode ser.
-- Você é ateu?
-- Po, velho, eu sou, sabe. Esse povo religioso fica perseguindo ilusão. A gente tem que fazer o que der na telha, porque a vida é só isso. Os muçulmanos acham a gente tudo doido e pecador mesmo.
É, o metaleiro de hoje tinha uma justificativa um pouco simplista pro assunto, diferente do outro, que era apaixonado por filosofia e tinha um pensamento mais embasado. Mas enfim, eles deixam de adorar Deus para venerar sua música. Porque metaleiro é fiel, rapaz.
-- A festa aí tá muito sem graça, eu não peguei ninguém. Eu fico sem querer chegar porque não gosto de tomar fora. Uma vez eu tava numa festa e pedi pra ficar com uma menina e ela disse "eu não fico com qualquer branquelo", porque ela era escura, mas era muito gata, aí eu gritei no ouvido dela "ENTÃO, FODA-SE!" e saí da festa com raiva.
Que delicadeza, tá explicado. Quase sugeri: bem, da próxima vez, vai com a sua camisa escrita Enemy Of God, e já chega na voadora. Depois puxa pelo cabelo, leva pra sua casa e mostra sua coleção de facas (sim, ele tem uma), e depois dá um tiro nela com a sua pistola de chumbinho, porque não mata, né, é só pra fazer cosquinha mesmo e deixar ela mais à vontade. Aí pronto, tá formado o clima.
Moral da história: os brutos também amam.

Não, as máscaras do Slipknot não são de carnaval

E Marilyn Manson não está fantasiado de Pierrô.

3.3.11

Lições de cinema, teatro e de vida

Sugiro que vejam o filme primeiro antes de ler o comentário, se não quiserem ter suas visões infectadas pela minha opinião. Seria bom também se pudessem ver em alta definição. Porque Paulo se orgulha ao máximo de ter "a câmera em que foi gravada o último episódio de House", e pra ver também que uma câmera fotógrafica profissional, quando bem usada, pode servir para algo além de apenas tirar fotos. E que cíume que ele tem disso. Quando estávamos filmando um videoclipe prum trabalho de Produção de Texto, era só nublar o tempo que ele já ficava todo sensibilizado. Sem mais delongas, bom curta. Se preferirem podem ler antes também, ou não ver o filme, ou nem ver nem ler, enfim, como quiserem. O meu leiaute está muito desatualizado e por falta de disposição e disponibilidade eu ainda não o renovei, enfim, a incorporação do vídeo não coube, então cliquem aqui pra vê-lo no YouTube



Eu posso ser muito suspeito por ser amigo do diretor, e por já ter trabalhado com ele e participado do seu crescimento. Mas esse filme é uma obra de arte. Ele pode parecer meio estranho e incomum, e realmente é. Ele é baseado livremente num poema, e seria possível ser mais fiel? O curta é exatamente isso, uma poesia, altamente subjetivo, com cenas em verso. E não são versos decassílabos ou qualquer outra coisa clássica, e sim contemporâneos, desprezando por exemplo o tempo cronológico e outros pormenores. Ele precisa ser interpretado e sentido. Um roteiro muito bom, fotografia quase impecável e trilha sonora adequada. Só notei um problema de verossimilhança, na cena em que a menina sai do banho e está seca demais. Quanto ao resto, pra mim, brilha. E outra, acho um efeito visual incrível mulheres bonitas fumando e sou fã de detalhismos, preciso falar mais?

E em 2011 A Cartomante completa 3 anos. Se já viu, veja de novo, se ainda não, eis a oportunidade de ver os primórdios de Paulo Henrique Paulino. Primórdios com ressalvas, porque já foi mais primórdio que isso. Obviamente quando eu vejo ele hoje, noto muitos problemas no meu roteiro adaptado, principalmente em relação à naturalidade dos diálogos. Mas como isso foi um trabalho de escola quando tínhamos 15 anos e Paulo, 17, não sei, acho que dá pra dar um desconto. O legal é que se você der uma pesquisada no You Tube, vai ver que o nosso filme é vídeo em destaque e vai encontrar alguns outros que foram claramente influenciados por ele, às vezes a coisa beira o plágio, mas dá um certo orgulho saber que somos referência no assunto. Na época a nossa professora de Literatura Brasileira e de Produção de Texto sempre nos deu muita liberdade e autonomia pra fazer os trabalhos e isso era muito bom. No ano seguinte eu tive minha primeira grande experiência no teatro amador, quando adaptei e dirigi uma peça baseada em outro conto de Machado de Assis. Eu escolhia os textos dele porque eram muito fáceis de adaptar, além de serem bons. E nossa autonomia era realmente literal, fizemos tudo sozinhos, como driblar a precariedade do anfiteatro da nossa escola por exemplo. Tivemos muita sorte. Agora que o ensino médio acabou e não vai ter mais trabalho de peça e filminho vou sentir muita saudade, porque nos divertíamos muito e aprendíamos além de tudo. A escola pra mim foi isso, a cultivação de experiência, conhecimento, e sobretudo carinho e muita amizade.

A CARTOMANTE from Paulo Henrique Paulino on Vimeo.

3º ano apresenta: A Igreja do Diabo, a redenção virá para todos

26.2.11

Ensaio sobre o suicídio

O tempo todo ouço pessoas dizendo, põe na mão de Deus, mas, Deus, eu tenho mãos.

Matar-se não deve ser visto como um ato de covardia, ele é uma faca de dois gumes. Você pode ser covarde por querer escapar dos problemas, mas precisa de extrema coragem para encarar o desconhecido. No final, o que todos queremos é o alívio. É como pôr uma simples questão de desenho animado diante de si: Renda-se agora ou prepare-se para lutar. Você escolhe lutar, para estender nosso poder às estrelas, mas acaba rendido porque as estrelas estão longe demais. Cada pessoa tem uma razão pra fazer isso. E pra nós que nunca vivemos um milésimo dos problemas do mundo é fácil sentir dó. Pessoas têm distúrbios, problemas, são emocionalmente fracas.
Você não pediu para estar aqui, então se não quiser ficar, pode sair a qualquer momento. Sartre dizia que somos reféns da nossa própria liberdade, mas se somos reféns, como podemos ser livres? Nós somos prisioneiros de nós mesmos, não da liberdade; esta está presente apenas nas coisas pequenas e aparentes, mas na minha essência quem posso ser além de mim? E se eu não sou eu, gostaria de descobrir quem sou; e nessa busca interminável talvez encontrar outra(s) pessoa(s).
Talvez seja melhor para um casal de filhos ter um pai ausente do que ver um pai agonizando e não poder fazer nada. Eu disse talvez, porque não sei nem posso saber. Seria egoísmo da parte dele querer abandonar a família, mas também seria egoísmo da família não querer abandoná-lo.
As pessoas têm medo da própria alma, e, guiadas por sua fraqueza acabam por incompreender e subjugar quem mais precisa de compreensão e quem menos precisa de julgamento. A morte não deve ser encarada como algo negativo, seja qual for a sua crença do que aconteça depois dela, mas como uma parte da vida, o ponto final da nossa viagem errante na rodovia do mundo.
Mas por um lado é bom que a vida não tenha nenhum objetivo. Se ela tivesse, nós apenas o cumpriríamos e pronto, nada teria mais graça. É melhor assim, sem rumo, sem razão, sem sentido; só vivendo e vendo morrer, e assim sucessivamente até o fim de nossas consciências. E até quanto a isso não podemos estar certos. O conhecimento pleno é algo inalcançável a nós. E assim deve ser. Seríamos mais felizes se não soubéssemos, mas espera, não sabemos.

Eu estive em contato com uma pessoa que desejava se matar. Ela estava em depressão e todos os seus rancores guardados e traumas de infância estavam à tona. Diversas vezes ela saia de casa e era encontrada horas depois, no meio do mato, chorando à beira de algum córrego ou apenas andando.
Sempre aparecem os místicos, pessoas dizendo que têm a salvação ou libertação, como dizem, naquele vocabulário que eles nem mesmo têm a capacidade de modificar.
E depois de um tempo você vê aquela pessoa, tomando remédios, mas você não é capaz de reconhecê-la, ela não está mais ali. Tem um ar cansado, menos brilho nos olhos, menos tudo. Nesses momentos você pensa em como o nosso sistema oprime, como se a vida fosse absoluta e qualquer coisa feita para interrompê-la, um mal sem precedentes. É esse o verdadeiro mal estar na "cinilização".
É, rapaz, a vida é muito mais complexa do que você pensa. E nesse emaranhado de medicamentos, fibras óticas, crucifixos, plástico e suicidas, estamos nós.

25.2.11

#decepção

Universidade Federal de Juiz de Fora
Por causa de um maldito décimo eu não entrei no primeiro semestre, reparem num tal de Igor. Tomara que a sorte copere a meu favor, porque não estou a fim de ficar quase seis meses à toa. Já recebi propostas de emprego para peão e estou profundamente tentado a aceitar.
Com licença, vou ficar alguns dias em depressão e depois me matar, volto logo.

22.2.11

Corações Cariocas




Já que o assunto é logomarcas deixe-me falar de Rio 2016. O novo símbolo não é mau, o desenho é bem versátil, moderno, tridimensionalizável, leve, dá pra ver nele a palavra Rio, um coração e o Pão de Açúcar, e soa bem aos olhos apesar de usar degradê, que não é um efeito que me agrada muito. Mas usar bonecos de mãos dadas já está bem batido e foi exatamente isso que me decepcionou. Talvez um agravante tenha sido a marca da candidatura que tem um desenho espetacular e só é negativo na tipografia, que é muito grande.
Mas estou reclamando de barriga cheia, pelo menos não temos isto:



Oh, Deus! mas temos isso T_T :

Será que dá pra eleger a pior?

16.2.11

Shakespeare Rousseff

Ser ou não ser igual, eis a questão.

Viram a nova logomarca do governo federal que os marqueteitos da presidenta deram de presente a ela? Não sei, mas na minha opinião leiga a marca é fraca, sem criatividade e o slogan é vazio e irreal. Além de salientar apenas um lado de vários problemas que o país enfrenta.
Menina, não me diga que país rico é país sem pobreza, jura? Qual vai ser a próxima, país pobre é país sem riqueza?
Tsc.

Sobre o assunto logomarcas, recomendo seriamente o blog Logoeca 2014.

15.2.11

Hosni MuBara(c)k Obama

Eu queria estar no Egito agora. Mas não como um turista estrangeiro, eu queria ser um cidadão egípcio, pra presenciar uma revolução, pra sentir uma mudança. Pra ver se muda mesmo. A liberdade é um sonho pra qualquer um, é algo pelo qual homens morrem e matam, mas na maioria das vezes morremos à toa. Eu nunca vivi sob uma ditadura, não sei o que é censura prévia, nem supressão dos direitos individuais. Mas eu estudo história, converso com pessoas e sei que não é algo que ninguém deseja. O Egito faz muito bem em se libertar, essa liberdade vale ouro. Mas até que ponto ela vai? O poder foi entregue aos militares, que não nos trazem boas lembranças, mas não vale julgar, são realidades diferentes. Militares que recebiam ajuda financeira dos EUA e vão continuar a receber, dizem que eles sempre estiveram muito próximos da ditadura. O pior que pode acontecer é instalar-se uma teocracia islâmica, e isso seria realmente muito pior. Mas o que deve-se condenar é o discurso hipócrita dos defensores-mor da liberdade. Um país que sempre diz e faz o que lhe convém, o mesmo país que apoiou as ditaduras latino-americanas e agora diz o quão importante é a democracia. A santa democracia. Mas assim como uma imagem de barro, ela é falsa. Os EUA, que condenam veemente as armas nucleares do Irã e abrem uma reunião no conselho de segurança da ONU sobre o assunto a qualquer momento; mas ninguém abre discussão alguma sobre as armas que os Estados Unidos possuem, sobre os direitos humanos que eles desrespeitam em guerras disfarçadas por pretextos nobres, mas que são movidas por razões econômicas. Mas no final é isso, manda quem pode, obedece quem tem juízo. A situação egípcia é melhor que antes, mas não será boa o suficiente.
Aqui, no Egito e em qualquer lugar, todos clamamos por liberdade, mas só o que ganhamos é ilusão.

E pra quem tem boa memória.

13.2.11

Coelhinho, se eu fosse como tu...

De féria em Montes Claros, passeando com uma tia postiça. Nos supermercados ela queria colocar cada produto numa sacola plástica diferente. Dizíamos pra ela que era antiecológico.
-- Sabe o que é ecológico?
-- ...
-- Meu cu.
É, rapaz, enquanto continuarmos achando que apenas o nosso cu é ecológico ainda vamos fazer muita merda no mundo.

8.2.11

No ponto de cru

Só queria dizer algo breve sobre a crueza. A crueza nos livros, filmes e na arte em geral. Ela pode ser boa ou ruim. Por exemplo, um documentário deve ser cru, e é essa fidelidade em mostrar a realidade que garante a sua qualidade; a edição mais contida, talvez o silêncio de uma trilha sonora, tudo isso ajuda muito se há sensibilidade. Mas num romance a crueza pode ser má, pois passa a sensação de que a obra não foi bem trabalhada, nesse caso ela é desfavorável. Mas hei de me surpreender, talvez, com um documentário bem cozido ou um romance cru, nunca se sabe, existem artistas tão fabulosos que são capazes de quebrar qualquer convenção, regrinha ou opinião. Assim espero.

Ah, se me cheirassem assim todo dia, talvez eu deixasse até passar um pouco do ponto.

16.1.11

Considerações vãs acerca da fraqueza humana

Calma, ome. Eu estava viajando e agora estou estudando pro vestibular. Quer dizer, eu não estudo pra vestibular, nem pra prova nenhuma, estudo pra mim. Se bem que eu preciso de algumas motivaçõezinhas, mas tá.
Uma coisa que eu sempre tive receio de comentar, muitas vezes com medo de ofender alguém, é a religião. Um assunto delicadamente controverso e que não adianta discutir. Tenho uma amiga adventista que guarda o sábado, não come carne de porco, dentre outros e que critica a minha avó que é testemunha de Jeová e não faz transfusão de sangue nem comemora aniversário, e que rebate que não comer porco fazia parte da lei do antigo testamento que foi abolida e ambas criticam os católicos que veneram imagens, e qualquer católico vai dizer que as imagens são meramente simbólicas. Todos eles inflexíveis. Uns dizem que tá certo, outros dizem que não. Eu não consigo fazer parte da igreja católica, que durante a sociedade feudal monopolizou o conhecimento e suprimiu toda a herança grega, colocando medo na população; e depois fez as cruzadas, para combater os muçulmanos e instalar o que julgavam ser o certo. Também não consigo ser protestante, uma doutrina que desde a sua fundação sofreu muitos desvios e já não tem mais a essência original; novas igrejas protestantes se proliferam a cada dia e são constituídas em grande parte por ex-católicos arrependidos ou pessoas que tiveram algum tipo de problema (não que todos sejam assim). Religião é uma coisa que gera uma desunião nada saudável na população, e devia ser o contrário, ela devia unir as pessoas através do amor, mas os cristãos brigam entre si, cristãos brigam com muçulmanos, que brigam com judeus. Todos defendendo o que julgam ser o certo e crentes na sua salvação. Salvação. Uma testemunha de Jeová me disse que no céu só tem vaga pra 144 mil pessoas, e o resto vai ficar na Terra, que vai ser um lugar bom. Eu acho uma coisa muito simplista a história de céu e inferno, de bem e mal, pra mim a linha entre eles é muito tênue e difícil de definir. Acho que ao invés de nos preocuparmos com a nossa suposta salvação após a morte, deveríamos nos preocupar com a nossa salvação agora, porque podemos fazer do nosso mundo um paraíso. É assim que eu interpreto o apocalipse, porque quem constrói a nossa sociedade somos nós e cabe a nós melhorá-la. O paraíso pode ser aqui na Terra, ele pode ser hoje se a gente quiser.
A religião é uma necessidade humana; a humanidade é fraca demais pra ter chegado aqui sem ela, toda sociedade tem seus deuses, e uma coisa que os homens vão aprender no futuro é a se valorizar mais. Não tenho religião porque não me adequo a nenhuma, mas tenho religiosidade. Não sei se Deus existe ou não, mas acho plenamente possível que sim. Li uma historinha num livro, infelizmente não consigo lembrar o nome, que dizia que um astronouta viajou pelos céus, visitou atros, e mesmo assim não conseguiu ver nenhum deus; e um neurocirurgião que conversava com ele e disse que já havia operado muitos cérebros e nunca tinha encontrado nenhum pensamento.
Eu já comecei a ler a bíblia, e a cada palavra que eu lia, mais fé eu perdia. Isso porque eu não consigo não ter uma visão crítica da bíblia. Dizem que não se deve questionar, mas apenas acreditar, mas eu não penso assim, não tenho Deus como uma espécie de ditador. A bíblia é muito importante, mas não creio que deva ser absoluta, não é bom nos prendermos a uma coisa só.
Essa é a minha singela visão. Não sei se estou certo, não sei se é assim, é só o que eu penso. Eu sonho com um mundo mais unido, menos individualista e menos egoísta, e sei que não agrado muita gente com o que eu disse, mas eu não trato ninguém com diferença, nós não podemos amar o pecado, mas devemos amar o pecador. E mesmo assim, viu, acho o pecado uma coisa muito subjetiva. Por que pecado se tudo o que fazemos é natural? Felizes são os animais selvagens, que apenas vivem, não têm civilização, ética, moral e não estão tão sujeitos à vontade humana como os domésticos. Seria bom se eu fosse um bicho, às vezes eu não me sinto bem por ser homem e me canso da humanidade. A realidade pra mim é irreal demais, mas tá.

8.1.11

232,7° C

Seu Toba me falou de um livro chamado Fahrenheit 451. Pois sim, eu vi o filme há uns dias e posso dizer que é bom com algumas ressalvas. É claro que ele tem uma mensagem realmente muito interessante e nos alerta sobre o nosso papel ativo/passivo em relação à sociedade e a nós mesmos, mas esse é um dos pontos. O filme que eu vi fala sobre um futuro onde os livros são proibidos e a sociedade é extremamente hipnotizada pela tevê. Então, ele me deu uma impressão um pouco leve, mas ainda forte, daquelas histórias com lição de moral, como um pai falando pro filho.
-- Olha, garoto, televisão é do capeta.
É evidente que eu não vou questionar a importância da leitura, ela foi muito importante pra mim, afinal. E também não vou defender a tevê, muito menos essa coisa alienadora e que vocês chamam de Globo e afins. Mas me digam se a leitura também não é uma atividade passiva, e se a questão é absorver conhecimento e cultura a boa televisão não pode desempenhar um papel semelhante? É um ponto delicado, como eu já disse, a inutilidade está nas pessoas e não nas coisas. Eu acho que o meu exemplo ilustra bem isso. Eu cresci numa casa muito comum de classe média. Na minha família ninguém tinha o mínimo interesse por leitura eu passava quase oito horas por dia vendo tevê. Até que eu descobri os livros, no início timidamente, mas depois eu passava a ler cada vez mais e devo agradecer por minha escola ter uma biblioteca rica. Então, em vez de passar as noites vendo novela, eu lia. E esses best-sellers que a maioria dos sábios condena foram a minha porta de entrada para outros livros, literatura de verdade, hoje eu tenho que convir. Por isso eu não gosto de condenar esses livros, nem a televisão. Agora é realmente ruim que não se descubra algo de mais qualidade nem uma tevê melhor. Pensem bem, a televisão integra o mundo com uma força enorme e é o meio de comunicação mais influente do planeta. Mas o problema é quando ela te hipnotiza demais, e por isso é bom abrir a discussão, mas não é legal ficar nessa coisa rasa de falar livro é bom, tevê é ruim. Tá parecendo Nietzsche, que não encontrou a real essência da fraqueza humana e resolveu condenar o cristianismo, olha lá, galerinha, não é assim que se chega lá.
Agora outras coisas menores que notei no filme. Primeiro duas coisas que se referem à tradução e isso é muito delicado, oh, Deus. O título. Bem, ele é a temperatura de combustão do papel dos livros, mas a escala fahrenheit não é usada no Brasil e por razões estéticas a original foi mantida, o que é uma pena porque o efeito que se quer não é atingido, e isso é realmente um impasse pra quem traduz, mas mesmo assim isso ainda me parece furado. Não existe uma padronização pra livros, eles são feitos com diversos papéis que naturalmente têm temperaturas de combustão diferentes, sem contar as capas.
O segundo ponto sobre a tradução se refere aos bombeiros, que nessa história, em vez de apagar o fogo, queimam os livros proibidos. A fala de uma personagem chamou minha atenção.
-- É verdade que, há muito tempo, os bombeiros apagavam incêndios ao invés de queimar livros?
Na língua portuguesa a palavra bombeiro está relacionada diretamente com a água, e é, inclusive, o mesmo nome daquele cara que vai à sua casa quando um cano estoura. Diferentemente do inglês, em que fireman não remete a nada além do fogo. Então o nome em português dos bombeiros nesse futuro catastrófico teria que ser outro, a não ser que essa coisa da dominação seja tão forte que questionamentos como esse aí da moça não tenham nenhum fundamento linguístico, o que é mais provável. Mesmo assim, a palavra merece uma nota no caso do livro.
Agora sobre o filme, eu tenho que dizer que eles fracassaram na tentativa de criar um futuro onde um monotrilho suspenso convive com um telefone analógico. É realmente o lado negativo de tentar prever uma coisa impossível. Numa época onde os computadores eram impopulares e nem sei se a internet já existia, não dava pra prever que se poderia ler livros no PC, muito menos num aparelho como o iPad, que é uma revolução no modo de ler. Agora só nos resta esperar pelos carros voadores enquanto assistimos a mais filmes do tipo Mãe Diná.
E o filme também poderia ter explorado melhor a questão da dependência que a televisão causava nas pessoas, poderia ter expandido mais o nosso campo de visão. Senti falta de panoramas gerais da sociedade, exemplos de outras famílias e instituições, coisas que mostrassem e enfatizassem de que forma era feita essa domesticação da civilização e de que forma a civilização reagia a isso. Ah, e quero lembrar também que só vi o filme, então não estou falando nada do livro, que aliás deve ser bem melhor. Dá pra notar que é uma adaptação difícil de fazer, e é essa incompreensão que é responsável por muitos fracassos.
Mas também tenho visto alguns filmes bons nessas férias. Ontem vi um chamado Maurice que gostei bastante, e uma versão pouco conhecida de O Morro dos Ventos Uivantes que é bem interessante. Agora estou viajando, vou me afastar literalmente da civilização e aproveitar pra estudar, ler um pouco, e passear pelo campo. Vejo vocês logo.

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